A repressão na Venezuela se torna
cada vez mais truculenta. Na prisão do prefeito Antonio Ledezma, sem
qualquer ordem judicial, por brutamontes armados até os dentes de um dito serviço
bolivariano – o que não é novidade, porque quase tudo lá se carimba como bolivariano, o que dadas as
características do regime, não parece ser epíteto que enalteça o Libertador da
América hispânica – carregaram à força o ‘conspirador’, não sem antes aplicar-lhe
socos e pontapés.
Quase em
seguida, Ledezma seria transportado para a prisão militar de Ramo Verde onde já
se encontra Leopoldo López (aí trancafiado há um ano). Por sua vez, o
tradicional partido Copei aderiu ao
“Acordo para a Transição Democrática”, o que motivou a invasão de doze de seus
escritórios...
Além disso,
o deputado Júlio Borges – acusado pelo chavismo de estar na mesma ‘conspiração’
que motivara a prisão ilegal de Ledezma e outros opositores – mereceu de seus
‘colegas’ do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) denúncia para a Procuradoria-Geral a fim de que se abra
processo contra Borges como ‘conspirador’, o que deverá incluí-lo em breve nos
mais de sessenta presos políticos.
Nesse
contexto tumultuado, Maduro procura superar a crise oriunda da própria inépcia
administrativa assim como de sua incapacidade de reverter processos de longo
termo, como o sucateamento da empresa estatal petrolífera da Venezuela, a par
do agravamento da situação econômico-financeira pela vertiginosa queda na
cotação internacional do barril de petróleo, a quase híperinflação e o
generalizado desabastecimento.
A resposta
de Nicolás Maduro se cinge à responsabilização da oposição, assim como ao
fabrico de ‘conspiratas’ que seriam urdidas pelos políticos, estudantes e
ativistas democráticos.
Dado o
caráter boçal de Maduro e de grande parte do estamento que o apóia, não
surpreende que a Venezuela se torne o revés de uma oficina de direitos humanos.
Em um país no qual a justiça está a serviço do poder – não há sentenças da Corte
Suprema contrárias ao Governo
chavista – a falta de isenção judicial é arma de dois gumes. São fechadas
as opções judiciais para povo, estudantes e partidos de oposição. Se o aparelhamento
do Estado chega a tal ponto – em que a
justiça jamais está cega e constitui
um braço do poder e da repressão – de certo modo será questão de tempo para
a queda das estruturas chavistas ora implantadas.
A própria
corajosa deputada Maria Corina Machado – que foi ‘cassada’ no grito por gerarca
chavista, Diosdado Cabello – não hesita em afirmar que ‘o governo Maduro sabe que está em fase terminal’.
Nicolás
Maduro, o caminhonista indicado pelo moribundo Hugo Chávez Frías para
sucedê-lo, é mais outra prova histórica da incapacidade dos sucessores dos
ditadores para manter-se no mando. Na Inglaterra, o herdeiro do Lord
Protetor Oliver Cromwell
(1599-1658), seu filho Richard logrou
manter-se no poder por menos de cinco meses (renunciou em 25 de maio de 1659).
Ficou
em breve muito claro que Maduro não tem condições intelectuais e
administrativas de presidir a um governo com a complexidade da situação na
Venezuela. A sua incapacidade em lidar com os problemas da sociedade
venezuelana o levaram a acentuar a confrontação, em uma espécie de fuga para frente diante de situações que só tenderam a
agravar-se pela sua falta de condições de lidar com elas de forma construtiva.
Em
declarações ao jornal Estado de S. Paulo,
a deputada
Maria Corina asseverou: “A crise não é de alimentação. O que o mundo vê
são os venezuelanos fazendo fila por horas para conseguir leite, remédio e
farinha. Mas a situação é muito
pior. Há o risco de crise humanitária na
saúde e da imobilização do aparelho produtivo do país. Há uma falta de
governabilidade cada vez maior. (...) Denúncias contra funcionários de alto
escalão do governo que estariam ligados
à máfia internacional e ao crime organizado. Tudo isso leva a Venezuela a situação
altamente instável e o regime sabe que perdeu o respaldo popular.”
Sobre o Brasil e Dilma Rousseff. “Vocês brasileiros viveram uma ditadura.
Vocês sabem o que significa quando o
mundo e os irmãos latino-americanos dão as costas. A Venezuela sempre foi solidária com o povo
sul-americano que era alvo de
ditaduras. Hoje, pedimos ao povo brasileiro
que saia em defesa dos direitos humanos e da democracia em nosso país. Neste
momento, mostrem a seu governo que é urgente a convocação de uma reunião de
emergência dos chanceleres da OEA
para avaliar a situação na Venezuela.”
Perguntada sobre o silêncio do governo brasileiro acerca dos
acontecimentos na Venezuela, Maria Corina Machado disse: “Entendo que nos
últimos anos os governantes tiveram razões
de ordem ideológica, geopolítica e econômica. Isso poderia inibir em alguns casos e acabar
em uma posição de cruel indiferença. O
silêncio do Brasil é um silêncio
cúmplice. Maduro cruzou a linha vermelha e diante disso, toda a indiferença
é cumplicidade. Neste momento, nós venezuelanos acreditamos no diálogo e transição
para a democracia incluindo toda a sociedade.
Mas como requisito indispensável é preciso haver a libertação dos presos
políticos. Não vamos permitir a estabilização da ditadura.”
No
passado, por causa de sua posição de
neutralidade diante das questões internas de países latino-americanos em crise
política, a diplomacia do Brasil adquiria condições de diálogo com os
principais setores da sociedade. Quando do desfecho das crises, como não
havíamos apoiado a repressão, a nossa posição se firmava no respeito colhido pela
atitude aberta e democrática.
Na
torpe diplomacia de partido de Dilma Rousseff isso não lhes parece possível. Os
nossos representantes perdem credibilidade para o diálogo com as sociedades
respectivas. Não é afirmando que as tropelias do regime de Maduro, com as suas
prisões e violências, “são uma questão interna da Venezuela”, que a posição
diplomática do Brasil se reforça e merecerá respeito no futuro.
Ao contrário de Lula, a diplomacia da Presidenta é um desastre para o
Brasil. O último exemplo está no tratamento lamentável dado ao embaixador da
Indonésia, Toto Riyanto, que foi tirado da fila à ultimíssima hora por ato impensado e grosseiro de Dilma. Essa nota zero
em diplomacia agrava a crise com a Indonésia, eis que o Vice-Presidente Jusef
Kalla declarou que Jacarta pode reconsiderar a aquisição de 16 aviões de
combate Super-tucano, assim como lança-mísseis de fabricação brasileira
(Embraer).
É de
esperar-se que se possa contornar a questão, porque um tal tropeço prejudicaria
a nossa empresa de construção aeronáutica de forma cruel e despropositada. A
Embraer não tem vida fácil no meio aeronáutico e a sua progressão e vendas são
resultado de trabalho constante, em mercado que se assinala por grande
concorrência. Perder operação dessa amplitude não seria justo, porque
penalizaria quem nada tem a ver com os despautérios e maus humores tão pouco
diplomáticos da Presidente Dilma Rousseff.
( Fontes: O Estado de S. Paulo, O Globo, Folha de S. Paulo (site)).
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