A incerteza na Petrobrás,
incerteza essa que decorre do desconhecimento de Dilma dos limites de sua
ingerência na maior empresa brasileira, constitui a chamada pedra no meio do
caminho para a evolução da crise.
Para Vinicius Torres Freire, Colunista
econômico da Folha, assim se resume a
questão: “Dilma Rousseff teve dez meses para pensar numa solução para a
Petrobrás. Agora, terá 48 horas. Para piorar, ainda não se sabe se a presidente
compreende o problema que tem de resolver”.
Para Miriam
Leitão, colunista de O Globo: “A
maior empresa do Brasil estava ontem completamente acéfala. Se precisasse de
alguém para tomar uma decisão relevante, não haveria. É claro que deveria ter
sido convocada uma reunião extraordinária do conselho para a nomeação de uma
nova diretoria, até porque a reunião de amanhã nem tem isso em pauta.”
E, a
propósito, conclui Miriam Leitão: “O que a presidente Dilma demonstrou neste
evento, que acabou levando à saída de
Graça Foster e de cinco diretores da empresa, foi que os novos
dirigentes não terão independência. A qualquer desgosto ou contrariedade, Dilma
pode chama-los a Brasília e desautorizá-los.”
Dilma parece
ignorar que o seu poder, mesmo em tempos normais, tem limites. Computemos agora o fator petrolão, e veremos que, com a decorrente crise, a sua suposta
força fica bastante condicionada – e, em verdade, limitada – pelas incertezas
na situação.
Poderá
delegar para Joaquim Levy a tarefa
ingrata de indicar um candidato para a presidência da Petrobrás. Não creio que
isto seja atribuição de Ministro da Fazenda. No faz-de-conta, transfere encargo que é dela, enquanto presidente da
república.
Pela
situação da Petróleo Brasileiro S.A., com os riscos de ações pela SEC[1],
assim como com as incertezas na elaboração de balanço que seja aceitável – eis uma
grande interrogação que há de atazanar muito candidato a diretor.
O segundo
mandato de Dilma já começa trôpego. Pensou que a amiga Graça cuidaria da ordem
unida dos cinco diretores restantes, quando foi defrontada com a recusa deles
em curvar-se aos seus ukases. O poder
tem limites e em mar de procela, cada um
cuida de si. Por isso, Maria das Graças
Foster ficou de mãos abanando e, com
ou sem a devida vênia, também se mandou.
As listas de
candidatos correm na imprensa, e refletem muita vez o viés da fonte. De
qualquer forma, a má hora da empresa assusta os candidatos de nomeada. A Petrobrás
carece de um grande nome, mas o momento não poderia ser pior. Há dois aspectos
que contribuem para restringir o leque, e afastar os pesos pesados.
A situação
da empresa, enfraquecida pelo petrolão, afugenta executivos de renome, como lembra
Merval Pereira. Por outro lado, o
estilo invasivo e prepotente da Presidenta, com a sua veia estalinista,
tampouco ajuda muito, em época de vacas magras e céus enfarruscados.
(Fontes: Folha de S.
Paulo e Vinicius Torres Freire; O Globo e Miriam Leitão).
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