Deterioração nas contas governamentais
No primeiro semestre do ano, o superávit do setor
público (União, estados, municípios e empresas estatais) teve uma queda de 44%
em relação ao mesmo período de 2013. É o pior resultado desde 2002.
O total geral para o semestre
foi de R$ 29,4 bilhões. Em junho e maio houve déficits primários,
respectivamente R$ 2,1 bilhões e R$ 11 bilhões.
A meta da economia para o superávit primário (R$ 99
bilhões) deste ano se tornou muito difícil de atingir. Esse superávit primário se destinaria ao
pagamento dos juros da dívida para 2014. Como no primeiro semestre, o que se
economizou para esse pagamento foi de R$ 29,4 bilhões, só um milagre – e milagres
não costumam acontecer em contas públicas – tornaria possível um total de R$
69,6 bilhões.
Os déficits primários ocorrem
quando se gasta mais de o que se arrecada. Ao invés de fazer o dever de casa, a
Fazenda pode lançar mão da chamada contabilidade
criativa, que, como no ano passado, não passam de truques fiscais. Servem
apenas para enganar o mercado por um curto período, até que a realidade
reponte.
Nesse contexto, já há
especialistas que discernem falta de sustentabilidade no controle do
endividamento. Gastar mais de o que se
arrecada resulta de uma ‘política do governo’, que não se sustenta no prazo médio.
O que não é novidade. Qual é o
destino de qualquer empresa ou núcleo familiar que gaste mais do que ganha? Problemas crescentes de crédito que tendem a
agravar-se com o efeito cumulativo.
Será que o governo peronista de Cristina Kirchner é o retrato da Administração Dilma Rousseff
se esta lograr vencer as próximas eleições ?
A grave crise enfrentada
pelos nossos vizinhos já ameaça repetir o desastre do início da primeira década
deste século.
Há muitos fatores negativos.
Baixas reservas cambiais restringem a ação do Governo. Por sua vez, o calote
provocado com a disputa judicial com os chamados ‘fundos abutres’ – por uma
decisão polêmica de juiz de New York – cria imprevistas dificuldades para o
pagamento. Mesmo na hipótese de acordo
nos próximos dias, os efeitos negativos serão bastante para acarretar alta do
dólar, aumento da inflação e queda nos investimentos.
Nesse sentido, o Produto Interno Bruto terá
uma queda de 3%. Diante da crise, e da consequente falta de recursos, as
exportações brasileiras para a Argentina tenderão a sofrer. No primeiro
semestre, caíram 20%, e as de automóveis, por não serem de primeira
necessidade, decresceram ainda mais (para 30%).
É uma sinalização lamentável
que a crise volte a bater com força na economia argentina, em um período relativamente
curto. Resta muito pouco tempo, segundo se assinala, para que a moratória de técnica se transforme em
efetiva. Em prazo curtíssimo, pode
acontecer a corrida para o dólar – que é sempre o refúgio preferido pelos
portenhos para as borrascas financeiras – o que levaria a forte desvalorização
do peso. Ter-se-á em mente que, com reservas escassas, a Argentina não dispõe
de meios para contra-arrestar um
eventual e maciço ataque ao peso argentino.
(Fonte: O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário