Lula, que carecia de apoio
administrativo para governar, apresentou
Dilma Rousseff como espécie de primeiro ministro, fazendo passar as suas
funções de chefe de gabinete à conta de gerentona das diversas pastas.
Que o líder
do Partido dos Trabalhadores careceu de ajuda nesse capítulo, não é segredo
para ninguém. Hão de recordar-se que no seu discurso de despedida das funções
de Chefe da Casa Civil, José Dirceu, já ferido pelo escândalo
do Mensalão, timbrou em lembrar o
“meu Governo”, assim mesmo no possessivo, como se Lula fosse o chefe de estado
e ele, enquanto Primeiro Ministro, ‘o chefe do Governo’.
Ao cuidar da
própria sucessão, uma vez abandonada a veleidade inconstitucional de pleitear
um terceiro mandato, Lula resolveu
apresentar ao eleitorado o seu Primeiro Poste.
Malgrado
expoentes partidários hajam tentado dissuadi-lo – dos pormenores da indicação a
fonte é Ricardo Noblat – o então
presidente fez ouvidos de mercador e persistiu no respectivo propósito,
elevando na prática o trabalho de Dilma Rousseff à conta de primeira ministra, como se a sua chefa da Casa Civil fosse a
gerentona do Brasil.
Que desígnios
tinha o líder do PT em lograr que ‘a mulher do Lula’ se tornasse a primeira
presidente do Brasil – mas não a primeira chefe de Estado, que o apanágio,
embora a título interino, cabe à Princesa
Isabel – só nos resta especular. E apenas o eleitorado brasileiro
ratificaria uma tal escolha, preterindo a quem dispunha de folha corrida e
experiência política muito superior à indicação presidencial.
Os resultados
desse pistolão presidencial estão aí. A suposta ‘gerentona’ de Lula mostrou a
sua capacidade de enfrentar problemas quando, em plena crise das passeatas de
junho de 2013, ela correu para São Paulo, na busca de indicações que lhe
faltavam do Líder Máximo, para
orientar-se no que fazer, para enfrentar o desafio do generalizado
descontentamento.
Também em
termos de economia e finanças, a ficha corrida deixa a desejar e muito. Trouxe,
de forma irresponsável, a inflação de
volta, atacando, inclusive, os fundamentos do Plano Real, tratando essa
conquista nacional como se fosse obra de partido. Nesse contexto infeliz,
também se insere a investida contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Até dá para entender. Quem trata as finanças
públicas com as dúbias poções da contabilidade fiscal criativa, e quem, com as
suas erráticas iniciativas, lança a confusão no empresariado e condena a
economia, sob a gerência de medíocres, a uma sucessão de taxas que nos colocam
na área cinzenta dos prognósticos.
Dilma
pensa saber tudo e a sua falta de sentido crítico se reflete em todas as áreas
da Administração. Montando um ministério que, apesar de nulidade nos inchados
números, representa um peso inútil para o Erário, enquanto se pensa assegurar
maioria no Congresso.
Mesmo em pastas
de interesse nacional – e aqui falo de carreiras de Estado – Dilma de forma
mais do que questionável corta as dotações de ministérios como o Itamaraty – V.
denúncia de Alexandre Vidal Porto e o
meu blog Colcha de Retalhos B 33 - a ponto de lhe cortar drasticamente as
verbas até o ridículo 0,16% do Orçamento da União. Não é só pendurar contas das
missões diplomáticas, mas também afeta a participação em reuniões internacionais
de nosso interesse, além do pagamento das contribuições compulsórias das
organizações internacionais, com as da família das Nações Unidas. Ao reduzir o
Itamaraty a 0,45% do orçamento a Presidenta se transforma na coveira de nossa
política externa.
Antes da surpresa dos cartórios do
ABC paulista, e a negação do registro pelo TSE, já assessoravam Marina grandes
nomes, e não só das finanças e da economia. Os desígnios insondáveis da
Providência divina cuidaram de trazê-la de novo à primeira linha da política
nacional.
Marina
não pretende tudo saber, nem dar opinião sobre tudo. Se eleita, não postula a
reeleição. Já é um princípio saudável e ainda mais se contribuir para nos
livrar do flagelo da reeleição no Brasil que ora multiplica a corrupção em
todos os níveis da administração.
O bom
político não sabe de tudo. Deixa as intricâncias da administração e das
finanças ao parecer da gente do ramo. Porque a conhecem, e sabem do próprio
discernimento a ela acorrem pessoas com experiência nos respectivos campos, que
com a própria fé de ofício, competência e honestidade oferecem a eventual
Presidente conselhos avisados, que estão sujeitos ao crivo do discernimento da
autoridade máxima.
Não
carecemos de gerentonas e similares. Precisamos de autoridades políticas que
ouçam os pareceres de seus assessores e decidam em consequência. Sem gritos nem
improvisações, por favor.
( Fontes: Folha de S.
Paulo, O Globo )
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