O primeiro debate dos presidenciáveis foi
realizado ontem à noite pela Rede Bandeirantes.
Sete candidatos participaram. Além dos três principais – Marina,
Dilma e Aécio – quatro dos chamados nanicos: Luciana Genro (PSOL), Pastor
Everaldo (PSC), Eduardo Jorge
(PV) e Levy Fidelis (PRTB) também
foram chamados. Dentre esses quatro, o que deu a melhor impressão – e de longe –
foi Eduardo Jorge.
Para um
telespectador ignaro das últimas pesquisas Ibope,
ter-se-ía a impressão de que tudo continuava na mesma. No entanto, o quadro se
alterou drasticamente depois da morte de Eduardo Campos e sua substituição por
Marina. No primeiro turno, ela tem 29%
das intenções de voto contra 34% de Dilma e 19 % de Aécio. Já no segundo turno, a candidata do PSB venceria com facilidade à Presidenta (45% a 36%).
Como se previa,
o candidato do PSDB é o que mais sofre com o ingresso de Marina.
Esse
crescimento da candidata do PSB/Rede Sustentabilidade já tem provocado análises
contrárias e críticas de parte de colunistas simpáticos, seja à Dilma, seja ao
candidato tucano.
O analista
eleitoral Merval Pereira aponta a
verdadeira ‘limpa’ feita por Marina nas intenções de voto. No seu entender,
sobrou até para o nanico Pastor Everaldo,
entre 3% e 4% . Com o fenômeno Marina, Everaldo perdeu muito de seu pequeno
cacife. Nas perdas e danos dos dois candidatos dianteiros, Dilma e Aécio
perderam quatro pontos cada. Também os nulos ou em branco caíram seis pontos; e
os indecisos, mais três.
No debate de
ontem, no entanto, se Aécio dirigiu críticas à candidata do PSB, ainda não se
observou o intuito de singularizar ataques
à concorrente, em função de seu avanço nas pesquisas.
Dentre os nanicos, Luciana Genro aproveitou para atacar a trinca da frente: se disse
expulsa do PT pela “turma do
ex-ministro José Dirceu”, e quanto a
Marina , que se vende como terceira via, mas tem banqueira tradicional na sua
campanha (Neca Setúbal).
Nos próximos
debates das redes de tevê, tanto Dilma, quanto Aécio deverão tentar
desconstrui-la. Como aponta Merval, Dilma montara “toda sua campanha eleitoral
no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos doze anos de
governos petistas. Por sua vez, Aécio
Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma”. Visava apresentar-se
como o meio seguro para pôr fim ao poder do PT.
Como se sabe,
a decisão do TSE – com o único voto
contrário do Ministro Gilmar Mendes – denegara à Marina autorização para a Rede
Sustentabilidade. O futuro, que a Deus pertence, iria, no entanto, alterar de
forma imprevisível a constelação de forças.
Dessarte, de
novo, na curva do caminho, apareceu Marina, desfazendo o cenário que seria o
preferido do líder máximo da constelação petista, Lula da Silva. Para Merval
Pereira a marca do novo, que traz Marina, seria “fantasiosa”, pois está na
política há muito tempo (vereadora, senadora, ministra de Estado) e ‘prepara
sua Rede para mais adiante’.
Para o
analista Merval, desconstruir Marina será tarefa árdua para Dilma e Aécio. Tal
se deve à circunstância de que se manteve fiel a seus princípios éticos na
política, a ponto de transmitir a impressão a seus seguidores de que ela nunca
esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Antevê, por isso, que seria difícil para eles
(Dilma e Aécio) desconstruir-lhe a imagem.
Merval
Pereira, portanto, - e decerto outros analistas, interessados ou não – não semelha
descartar a priori a possibilidade de
que tal empresa, posto que árdua, seja acaso impossível.
O
observador político não poderá excluir tal possibilidade. Não há muito tempo,
no entanto, para uma dramática reviravolta. Ela se choca, decerto, com as
qualidades oratórias de Marina e a sua experiência. No debate de ontem, foi a
que melhor impressionou, cometendo apenas um deslize (no que tange a Aecio
Neves ela se referiu de forma crítica às condições da área de Jequitinhona, que
é, por assim dizer, o Nordeste em Minas).
Não é
prudente contestar a um ex-governador de Minas particulares que devem ser de
seu amplo conhecimento. De qualquer forma, como tornou a mostrar ontem à
satisfação, Marina discorre de hábito nessas justas políticas com facilidade,
clareza e segurança. Dos três para valer, foi quem melhor impressionou como
oradora. Aécio Neves não lhe fica muito atrás. Quanto à Presidenta vem, dentro
do possível, melhorando. Para Marina, o
episódio de ontem – no percalço acima referido, decerto menor – toca uma
campaínha. É melhor não embarafustar-se em mata alheia, se não a conhece bem.
(Fontes: Rede
Bandeirantes, O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário