É difícil conceber que as
sistemáticas invasões pela Federação Russa do território ucraniano se tenham transformado em fait divers internacional. Seria uma espécie de contravenção além
fronteiras, vista com aparente indiferença pela comunidade das nações, dada a
sua contínua e impune repetição pelo Presidente Vladimir V. Putin.
Nesse
conflito não-declarado entre dois países pertencentes à antiga União Soviética,
as fronteiras da Ucrânia são transpostas por Moscou com total menosprezo pela
soberania de Kiev, cujos limites viraram motivo de anedota.
Como
assinalam os dados da OTAN, Putin vem menoscabando a independência do
território da Ucrânia com crescente desenvoltura.
Será a
Ucrânia um país tão sem espinha e brio, que o seu Chefe de Estado, Petro O.
Poroshenko continue a encontrar-se com gospodin
Putin como se nada fora?
O avanço do
exército ucraniano e os bombardeios das duas áreas vinham aumentando a
possibilidade de que tais bolsões viessem a ser dominados e recuperados pelas
forças de Kiev.
Sem embargo,
depois de insuflar a rebelião na região oriental ucraniana, em que
predomina a fala russa, há cerca de cinco meses, o Kremlin não admite perder a face com uma eventual derrota dos
separatistas pró-Rússia, nas regiões de Donetsk, grande polo industrial da
Ucrânia, e de Luhansk, esta mais ao norte.
Nesse
sentido, Moscou, em movimentos além de suas fronteiras, tem posicionado
destacamentos dentro da terra ucraniana, para através de artilharia socorrer os
rebeldes cercados em Donetsk. A tentativa seria, nesse caso, de abrir um
corredor para a fronteira russa.
Ainda nos
combates em torno de Luhansk (norte-oriental), a artilharia russa age para
enfraquecer a investida contra essa cidade pelo exército ucraniano.
O exército
russo intervém com dois objetivos: conter o avanço ucraniano, assim como
reforçar a posição russa. Outro objetivo provável dos invasores é abrir ligação
por terra com a Crimeia, que, como se sabe, foi anexada em março pela Rússia. O
sucesso desta operação, feita à revelia do direito internacional público e do
princípio de pacta sunt servanda, além da chocha reação do
Ocidente e das Nações Unidas (inclusive em termos de sanções da U.E. e de
Washington) constituiu não-pequeno sinalizador para o Presidente Putin que a
porteira estava aberta.
Posto que
haja soldados russos feitos prisioneiro pelas forças ucranianas, a capacidade
de reação do militar de Kiev, tanto por falta de treinamento, quanto por
armamento deficiente vem igualmente facilitando a desenvoltura das ações
russas. Por outro lado, para o soldado ucraniano, uma coisa é enfrentar as
milícias rebeldes separatistas, e outra bem diferente é deparar-se com o
exército russo.
A
Chanceler Angela Merkel, da Alemanha – que mantém com o Presidente Putin
relacionamento dito cordial – telefonou para o Senhor do Kremlin para “pedir
explicações”. Seria interessante saber
como gospodin Putin terá ‘explicado’
o ingresso da coluna blindada russa no lugarejo de Amvrosiyivka, a sul de
Donetsk, assim como o envio de outra coluna blindada para a cidade costeira de
Mariupol, que dista bastante dos combates ao redor de Luhansk e Donetsk, e cujo
escopo presumível seria o de desviar forças ucranianas dos fronts de Donetsk e Luhansky para a distante Mariupol, no litoral
do Mar Negro.
( Fonte:
The New York Times )
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