Como paradigma de obra inacabada, Lula e Dilma promoveram visita aos trabalhos de transposição do rio São Francisco. O óbvio propósito é de tentar passar o quadro de que tudo procede conforme programado. A declaração de Dilma de que tais demoras são fatos correntes nos grandes empreendimentos de engenharia me fez lembrar que, na construção da nova capital, Juscelino Kubitschek, enfrentando dificuldades muito superiores às dos trabalhos de transposição do grande rio, logrou terminá-las em seu mandato.
Por outro
lado, a exposição de Lula com a Presidenta – que deve o posto, enquanto
primeiro poste, a Nosso Guia –
mostrou que os efeitos no público podem ser constrangedores. Foi o que ocorreu
com os operários desta mega obra, eis que os aplausos ao ex-presidente e os
gritos de Lula, Lula abafaram quaisquer manifestações dirigidas à sua pupila, candidata
à reeleição.
A revelação
feita por O Globo – e já referida
neste blog – de que Graça Foster, Presidente da Petrobrás, e
o ex-diretor Nestor Cerveró doaram
imóveis a filhos, no contexto do já público escândalo da compra da refinaria de
Pasadena, aconselha no mínimo cautela aos ministros do Tribunal de Contas da
União, se desejarem atender às palavras e a atuação dos ministros José Eduardo
Cardozo (Justiça) e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).
Na verdade,
Dilma, no seu apoio à amiga Graça Foster, chega
a defender o direito de pressionar o
TCU. A vinda a público da doação de propriedades por Graça e Cerveró a
filhos, se confirmada a dissimulação de bens, no ato de transferi-los a
terceiros, pode levar o TCU a
determinar que a Advocacia Geral da União (AGU)
adote medidas judiciais para anular esse tipo de transação.
A medida em
apreço precisa fazer parte de um acórdão, por sugestão do ministro relator, de
qualquer outro Ministro ou do próprio
Ministério Público junto ao TCU. Aprovada a medida, a AGU teria de recorrer à
Justiça para pedir a anulação.
Diante das
revelações, é de supor-se que os ministros do TCU revejam a sua posição, e
acompanhem o presidente Augusto Nardes, que considera
graves os fatos vindos à luz. Também o relator, Ministro José Jorge,
prometeu colocar a questão do bloqueio de bens de Graça em votação já na
próxima quarta-feira.
Por outro
lado, a Presidente Dilma Rousseff, no afã de defender a amiga Graça, tenta
atacar a oposição pela suposta circunstância de usar a Petrobrás “como arma
política”.
Talvez em
meio ao nevoeiro das alturas do poder, a
Presidenta não veja problema em que ministros de seu Governo tenham feito
pressão sobre o Tribunal de Contas da União para evitar o bloqueio dos bens de
Graça Foster. Nesse sentido, Dilma defendeu
os auxiliares: “É de todo interesse da União defender a Petrobrás”.
A pergunta
que se coloca é de como essa defesa da Petrobrás seria implementada, se Graça e
Cerveró repassaram os respectivos bens aos herdeiros? É por isso que o
Presidente Nardes (TCU) pediu as certidões respectivas aos cartórios, para
avaliar se houve dissimulação de
patrimônio.
Diante disso tudo, a política continua a ser uma caixa
de surpresas. Quem poderia prever que
Dilma e Lula – que por ideologia e coerência política – deveriam ser defensores do patrimônio da
Petrobrás – e de sua solidez econômico-financeira – mais parecem inimigos de
carteirinha do grande legado de Getúlio Vargas. Volto a dizer que me
surpreende ver o tratamento dispensado por Dilma à maior empresa do patrimônio
público nacional, que hoje e ontem vem sofrendo maus tratos nunca antes padecidos
dos supostos neoliberais da anterior Administração tucana...
( Fontes: O
Globo, Site do Globo )
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