sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Dilma e o Fator Petrobrás

        
                                       
        Como paradigma de obra inacabada, Lula e Dilma promoveram visita aos trabalhos  de transposição do rio São Francisco. O óbvio propósito é de tentar passar o quadro de que tudo procede conforme programado.  A declaração de Dilma de que tais demoras são fatos correntes nos grandes empreendimentos de engenharia me fez lembrar que, na construção da nova capital, Juscelino Kubitschek, enfrentando dificuldades muito superiores às dos trabalhos de transposição do grande rio, logrou terminá-las em seu mandato.

        Por outro lado, a exposição de Lula com a Presidenta – que deve o posto, enquanto primeiro poste, a Nosso Guia – mostrou que os efeitos no público podem ser constrangedores. Foi o que ocorreu com os operários desta mega obra, eis que os aplausos ao ex-presidente e os gritos de Lula, Lula abafaram quaisquer manifestações dirigidas à sua pupila, candidata à reeleição.
        A revelação feita por O Globo – e já referida neste blog – de que Graça Foster, Presidente da Petrobrás, e o ex-diretor Nestor Cerveró doaram imóveis a filhos, no contexto do já público escândalo da compra da refinaria de Pasadena, aconselha no mínimo cautela aos ministros do Tribunal de Contas da União, se desejarem atender às palavras e a atuação dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).

        Na verdade, Dilma, no seu apoio à amiga Graça Foster, chega a defender o direito de pressionar o TCU. A vinda a público da doação de propriedades por Graça e Cerveró a filhos, se confirmada a dissimulação de bens, no ato de transferi-los a terceiros, pode levar o TCU a determinar que a Advocacia Geral da União (AGU) adote medidas judiciais para anular esse tipo de transação.
        A medida em apreço precisa fazer parte de um acórdão, por sugestão do ministro relator, de qualquer outro  Ministro ou do próprio Ministério Público junto ao TCU. Aprovada a medida, a AGU teria de recorrer à Justiça para pedir a anulação.

         Diante das revelações, é de supor-se que os ministros do TCU revejam a sua posição, e acompanhem o presidente Augusto Nardes, que considera graves os fatos vindos à luz. Também o relator, Ministro José Jorge,  prometeu colocar a questão do bloqueio de bens de Graça em votação já na próxima quarta-feira.
         Por outro lado, a Presidente Dilma Rousseff, no afã de defender a amiga Graça, tenta atacar a oposição pela suposta circunstância de usar a Petrobrás “como arma política”.

         Talvez em meio ao nevoeiro das alturas do poder,  a Presidenta não veja problema em que ministros de seu Governo tenham feito pressão sobre o Tribunal de Contas da União para evitar o bloqueio dos bens de Graça Foster.  Nesse sentido, Dilma defendeu os auxiliares: “É de todo interesse da União defender a Petrobrás”.
          A pergunta que se coloca é de como essa defesa da Petrobrás seria implementada, se Graça e Cerveró repassaram os respectivos bens aos herdeiros? É por isso que o Presidente Nardes (TCU) pediu as certidões respectivas aos cartórios, para avaliar se houve  dissimulação de patrimônio.               

           Diante disso tudo, a política continua a ser uma caixa de surpresas. Quem poderia prever que Dilma e Lula – que por ideologia e coerência políticadeveriam ser defensores do patrimônio da Petrobrás – e de sua solidez econômico-financeira – mais parecem inimigos de carteirinha do grande legado de Getúlio Vargas. Volto a dizer que me surpreende ver o tratamento dispensado por Dilma à maior empresa do patrimônio público nacional, que hoje e ontem vem sofrendo maus tratos nunca antes padecidos dos supostos  neoliberais da anterior Administração tucana...

 

( Fontes:  O  Globo,  Site do Globo )

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