terça-feira, 12 de agosto de 2014

Salgadinhos da Festa (II)

                                            

Sabatina no Jornal Nacional

 
     A cada eleição , seguindo prática usual , os âncoras do Jornal NacionalWilliam Bonner e, agora, Patrícia Poeta – encenam arguição dos três principais candidatos – Dilma Rousseff  (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Afastado o nanico Pastor Everaldo Pereira (PSC).

     Dada a audiência do JN, os convidados participam sem discutir. São quinze minutos de tempo para cada um, escolhidos por sorteio (feito pela Globo), respondendo às perguntas dos âncoras.  

     O primeiro da série foi Aécio, que ontem respondeu às questões colocadas pelos dois locutores.  Presumo que as perguntas tenham sido elaboradas pela equipe da Globo e pretendiam, sem hostilidade, colocar tópicos delicados para o candidato.

     Com o seu traquejo político – além da habilidade oratória – Aécio não teve maior dificuldade em informar o grande público sobre questões que Bonner acreditava difíceis. Assim, a pista em Cláudio, nas cercanias da fazenda familiar, foi tratada com naturalidade e colocada nas suas reais dimensões.

     O espectador teve decerto prazer em verificar que os quesitos da Rede Globo foram respondidos com serenidade e proficiência.  Aécio, que é do ramo, não se atrapalhou, nem disse coisas estapafúrdias. Tratou de tudo sem equivocar-se e de forma natural. Disse a que veio.

     O próximo será Eduardo Campos (PSB).

     O público aguarda, igualmente, com previsível expectativa, a Presidenta Dilma. Duas dúvidas: Bonner manterá a imparcialidade diante do dílmico poder, colocando perguntas que ele acredita difíceis?  E Patrícia Poeta se recordará do tratamento que teve de Dilma, em palácio, por ousar colocar-lhe quesito pautado?

 

Previsões do Mercado

 
        São estranhos os poderes que a Grande Imprensa – no caso a Folha – atribuem ao Mercado.

         Como a mídia atribui características carnais a uma figura tão etérea – mormente se se projeta o futuro – é um exercício que desafia a imaginação, não tanto a capacidade de aferrar o presente, mas a suposta aptidão de entrever para além de quadriênio o que será do Brasil.

         Nessas condições, previsões constituem apenas projeções da realidade do entorno. É uma questão, se me perdoam a palavra, epistêmica (relativa a saber). Quem pratica o exercício só pode fazê-lo – a menos que se disponha a suposições despropositadas (wild guesses) – com base em elementos que conheça. E, em consequência, dentro da realidade gnoseológica (do conhecimento), quem projeta o futuro, na verdade, está apenas projetando (literalmente) o presente. Dai o valor que têm tais prognósticos, que, dadas as suas claríssimas limitações, tendem, como me dizia um velho mestre, para zero...   

 

Robin Williams (1951-2014)

 
          Com o seu jeitão simpático e irônico, além da natural comicidade, sempre foi difícil que o espectador não empatizasse  com esse ator e humorista americano. Como sofria de depressão, há a presunção de suicídio.

          E, sem embargo, Robin Williams talvez não tenha sabido lidar com as peripécias da condição de ator de sucesso, enquanto esse mesmo sucesso não é necessariamente duradouro.

         Tampouco as drogas e a bebida são  solução.  Robin estourou com o Good Morning,Vietnam ! (Bom dia Vietnam !) (1987),  em que a própria comicidade o tornou de imediato um sucesso e uma celebridade.  Seguiram -se o evocativo “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989) e “Uma Babá quase perfeita” (1993), que satiriza o que um pai deve fazer para se aproximar dos filhos, no caso de separação. 

        Em “Gênio Indomável” (1997)  ele colheu o seu Oscar de ator coadjuvante.

        Por fim em O Pescador de Ilusões (The Fisher King), um filme de Terry Gillian que não teve grande difusão, mostra a possibilidade de casal formado por dois estranhos personagens (misfits), com dificuldades de relacionamento, lograr  entender-se, com base na peculiaridade dos respectivos temperamentos, que os tornava feitos um para o outro.

        A própria saída de cena de Robin Williams, aos 63 anos, se refletiu de forma apropriadamente cruel pela confusão causada com o cantor britânico Robbie Williams,  a ponto de muitos colocarem mensagens de condolência em rede social para esse último.

 

 

( Fontes:  O Globo, Rede Globo, Folha de São Paulo,  The New York Times )

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