quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Partido que demite trabalhadores ?

                                     

        Como nos relembra, na sua coluna, Ricardo Noblat, Larry Rother, na época correspondente no Brasil do New York Times, correu risco similar de destituição, pela provocada ira do Presidente  Luiz Inácio Lula da Silva, que só teve resultado diverso  da sorte sofrida por empregados do Banco Santander, pela intervenção do então Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

        Aconselhado por uns poucos assessores – que tiveram a coragem de contrariá-lo – e o Ministro Thomaz Bastos, Lula acabou engolindo a menção pelo repórter de seu gosto por bebidas alcoólicas, dizendo-se generoso e obediente à lei. Desculpou o malfeito, depois da divulgação de nota afirmando que ele, Rother, não tivera a intenção de ofendê-lo.

         Quanto ao Banco Santander, os ‘responsáveis’ pelo alegado problema causado a Dilma Rousseff sofreram sorte bem diversa. Transpirando  a questão, Lula dirigiu-se em reunião pública ao seu ‘dileto amigo’, presidente mundial do Santander, cobrando a demissão da responsável. Dizendo em termos chulos que ela não entendia nada de Brasil, acrescentando para o amigo Emílio Botin: “pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim”.

        Transpirou na Folha de S. Paulo que o banco Santander demitiu não um, mas quatro funcionários, a que responsabilizou pela afronta a Dilma. O zelo do banco espanhol, que tem numerosas agências no Brasil, causou a demissão  não só da gerente que preparara o texto encaminhado a clientes vip (renda acima de dez mil por mês).

        Segundo o noticiário da Folha, os outros três exonerados o foram pela suposta responsabilidade de haver deixado passar texto que desagradaria ao governo.

         Em essência, a análise enviada aos clientes da área Select – a exemplo das áreas especiais para clientes de maior renda, como a Estilo (do Banco do Brasil) e a Prime (do Bradesco) – passava avaliação amplamente conhecida. Trocada em miúdos, asseverava que com eventual melhora de Dilma nas pesquisas, os juros e o dólar subiriam, e a Bolsa cairia.

         Por repassar a seus clientes avaliações que os franceses chamariam de autoria de Monsieur de La Palisse e brasileiros, de assertivas do Conselheiro Acácio, os ditos funcionários do Santander não disseram nada de mais.

         Por isso, a intervenção de Lula da Silva e do atual presidente do PT, Rui Falcão, não passa de instrumentalização política. Ao visar um grande banco, e ainda por cima estrangeiro, faz jogada para a arquibancada.

        Nesse contexto, assim como a voz esganiçada da jovem rainha Elizabeth dava a Lord Altricham uma dor no pescoço, que leitor não há de sentir algum desconforto diante do zelo do banco espanhol em atender aos rosnados de poderosos locais, mandando para a rua funcionários que tinham acreditado que a sua função precípua seria dar informação abalizada aos respectivos correntistas ?

        Agora esses empregados lerão com mais atenção o aviso dos patrões: “não recebemos, nem aceitaríamos, qualquer tipo de pressão externa para adotar  as medidas que tomamos” (isto é, a exoneração dos quatro funcionários)

        “O descumprimento dessa diretriz (o código de conduta interno) nos colocou no centro de um debate político, que não nos cabe."  

         (declarações, transcritas da Folha de S. Paulo, de Marcos Madureira, Vice-Presidente de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do  Banco Santander)

  

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

 

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