Como nos relembra, na sua coluna, Ricardo Noblat, Larry Rother, na época correspondente no Brasil do New York Times, correu risco similar
de destituição, pela provocada ira do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que só teve
resultado diverso da sorte sofrida por
empregados do Banco Santander, pela intervenção do então Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Aconselhado
por uns poucos assessores – que tiveram a coragem de contrariá-lo – e o
Ministro Thomaz Bastos, Lula acabou engolindo a menção pelo repórter de seu
gosto por bebidas alcoólicas, dizendo-se generoso e obediente à lei. Desculpou
o malfeito, depois da divulgação de nota afirmando que ele, Rother, não tivera a intenção de
ofendê-lo.
Quanto ao
Banco Santander, os ‘responsáveis’ pelo alegado problema causado a Dilma Rousseff sofreram sorte bem
diversa. Transpirando a questão, Lula
dirigiu-se em reunião pública ao seu ‘dileto amigo’, presidente mundial do
Santander, cobrando a demissão da responsável. Dizendo em termos chulos que ela
não entendia nada de Brasil, acrescentando para o amigo Emílio Botin: “pode mandar ela embora e dar o bônus dela para
mim”.
Transpirou na Folha de S. Paulo que o banco Santander
demitiu não um, mas quatro funcionários, a que responsabilizou pela afronta a
Dilma. O zelo do banco espanhol, que tem numerosas agências no Brasil, causou a
demissão não só da gerente que preparara
o texto encaminhado a clientes vip (renda acima de dez mil por mês).
Segundo o
noticiário da Folha, os outros três
exonerados o foram pela suposta responsabilidade de haver deixado passar texto
que desagradaria ao governo.
Em essência,
a análise enviada aos clientes da área Select
– a exemplo das áreas especiais para clientes de maior renda, como a Estilo (do Banco do Brasil) e a Prime (do Bradesco) – passava avaliação
amplamente conhecida. Trocada em miúdos, asseverava que com eventual melhora de
Dilma nas pesquisas, os juros e o dólar subiriam, e a Bolsa cairia.
Por repassar a seus clientes avaliações que
os franceses chamariam de autoria de Monsieur de La Palisse e brasileiros, de
assertivas do Conselheiro Acácio, os ditos funcionários do Santander não
disseram nada de mais.
Por isso, a
intervenção de Lula da Silva e do atual presidente do PT, Rui Falcão, não passa
de instrumentalização política. Ao visar um grande banco, e ainda por cima
estrangeiro, faz jogada para a arquibancada.
Nesse
contexto, assim como a voz esganiçada da jovem rainha Elizabeth dava a Lord
Altricham uma dor no pescoço, que leitor não há de sentir algum desconforto diante
do zelo do banco espanhol em atender aos rosnados de poderosos locais, mandando
para a rua funcionários que tinham acreditado que a sua função precípua seria
dar informação abalizada aos respectivos correntistas ?
Agora esses
empregados lerão com mais atenção o aviso dos patrões: “não recebemos, nem
aceitaríamos, qualquer tipo de pressão externa para adotar as medidas que tomamos” (isto é, a exoneração
dos quatro funcionários)
“O
descumprimento dessa diretriz (o código de conduta interno) nos colocou no
centro de um debate político, que não nos cabe."
(declarações,
transcritas da Folha de S. Paulo, de Marcos Madureira, Vice-Presidente de
Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Banco Santander)
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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