domingo, 24 de agosto de 2014

Colcha de Retalhos B 33

                                  

O Rebaixamento do Itamaraty

       
           Concordo com muitas das assertivas e avaliações de Alexandre Vidal Porto. O tratamento dado por Dilma Rousseff ao Itamaraty explica inúmeras coisas. Quem subestima o nosso Ministério das Relações Exteriores assina declaração de escassa compreensão de o que o Itamaraty representa.

           Dilma não está, contudo, sozinha neste juízo equivocado. Ao dividir, na prática, a competência da Casa de Rio Branco com auxiliares partidários como Marco Aurélio Garcia, a quem Lula confiara a América Latina e, em especial, dentro daquela diplomacia de partido que é a antítese da visão de uma Secretaria de Estado, ‘Nosso Guia’ abriu o caminho para os despautérios de Dilma.

          Quem ler este blog, bem conhece o meu conceito sobre vários aspectos da participação dos militares no quadro político nacional e o que deveria ser feito para que o Brasil siga o exemplo dos estados do cone sul, em termos de comissão da verdade, justiça militar, etc. Mas em um aspecto é forçoso reconhecer que o estamento castrense, sob os presidentes militares respeitou o Itamaraty e não se intrometeu em política externa.

          No desgoverno de Dilma, com as sandices na economia, o enfraquecimento do Plano Real e de seus principais instrumentos, o tratamento que vem dando ao Itamaraty é um autêntico tiro no pé do Estado brasileiro. Rebaixar a parcela do Itamaraty no orçamento da União a 0,16% seria inacreditável, se esse despautério não nos desse um retrato sem retoques da absoluta falta de critério do Governo Dilma.  

 

A Faixa de Gaza e Israel.

 

                A questão médio-oriental só poderá ser resolvida com a implementação das diversas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algumas com mais de quarenta anos. Elas restabelecem o direito do povo palestino à margem ocidental do Jordão. Se a implantação da Paz permitiria que Israel e Autoridade Palestina convivessem como dois países soberanos, é imprescindível o respeito das resoluções do CSNU.

                Para tanto, a relação entre a superpotência e a entidade clientelar deve mudar radicalmente, voltando ao que era até antes da Presidência Nixon, com Henry Kissinger como Secretário de Estado.

                 O desvirtuamento dessa relação por uma conjunção de fatores – controle político pelo estado-cliente de sua relação com a potência que deveria ser tutelar – só se explica pela não-assunção, por contingências de política interna americana, de suas obrigações de fazer aplicar a lei internacional (consubstanciada nas Resoluções competentes do Conselho de Segurança) de parte da presidência americana e do próprio Estado americano.

                    Enquanto não forem aplicadas tais resoluções e o poder presidencial americano não assumir a própria e inalienável responsabilidade, a questão médio-oriental só continuará a apodrecer, pela desídia da autoridade presidencial em que o disposto pelo Conselho de Segurança seja aplicado.

                   O desfiguramento e a apropriação indébita dos direitos palestinos pelo Estado de Israel só cessará quando forem aplicadas as resoluções que estão em vigor.

                   Enquanto tal realidade não for atendida, continuará a desordem institucional, com os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza, e o estado de guerra mantido pelo Hamas com lançamentos de foguetes. Os assassínios realizados pelo Hamas revestem características de que as tropelias do exército israelense, com bombardeios de áreas civis de Gaza, não diferem na essência, embora queiram parecer ações de represália às incursões do Hamas.   

 

( Fontes: Folha de S. Paulo,  O  Globo )   

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