sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A Assustada Direita Esquerdista

                                        

         O  crescimento de Marina começa a assustar esquerda e direita.  É o que se vê em vários de seus corifeus, que, para ajudar na reanimação dos próprios candidatos, correm solícitos a gavetas, socavões e até latas de lixo, na busca de tópicos e questões que possam trazer água ao moinho pelo qual antes nutriam tantas ardentes esperanças.

         Lula, que tanto fez para inviabilizar a candidatura de Marina, morde o pó de uma inesperada fatalidade. Muito engenho e arte nem sempre alcançam o escopo desejado.

         A sua candidata, a que preferiu não desalojar, não tem muito o que mostrar, com a inchação persistente da inflação, a estagnação da economia e a desordem imposta como regra. O grande mágico pensa tudo remediar com a sua voz rouca e as alianças com os coronéis, a que antes combatera. O atual premente perigo força a união.

         Eis que nessa hora, em que a verdade da vontade do Povo se alevanta, ele e suas criaturas correm como baratas tontas. E de longe e de perto se forma a consciência de que o líder máximo, seus coronéis e prepostos são todos farinhas do mesmo saco. E as mágicas e as maldades já não surtem efeito.

         Pois se acerca a hora da verdade e da cobrança de contas. A velha urna se alevanta como espectro de ameaças temidas e até hoje, a custo, à distância mantidas.

         Fazedor de postes, aquele que acredita pairar acima dos elementos e da fortuna madrasta, contempla desfazer-se o seu castelo.

         O processo é lento, mas ganha a temida força acrescida, que vem de muitas maldades padecidas, muitas mentiras a circularem com foros de verdade, e o espetáculo dos coronéis encimado e manipulado por quem acreditara valer-se dos meios do entorno, sem pagar o preço das aspirações e expectativas de um Povo ludibriado.

        É nervoso, por vezes patético, esse despertar da direita, que no doce embalo das balelas do Líder Máximo, se acreditava a salvo dos programados encontros com o Povo soberano.

        Ele também pensava que mal ou bem lograria inventar mais um falso combate para que dele surgisse uma vez mais a sua hoje bem-nutrida campeã, a acenar frenética com os novos velhos ouropéis do populismo lulista.

        Pois que é disso que se trata. Dos recursos do Povo se forjarão os mecanismos para eternizar o predomínio do Partido. A este todas as honras serão dadas, esquecendo-se a básica premissa: do Povo sairão os meios para enganá-lo. Em demagógica demência se pensa eternizar um instrumento de submissão a partido, a cujos corifeus se distribuirão os louros e para sempre.

        É a velha cantilena que terá parecido persuasiva e aliciante para o operário da política, mas que, como todo ludibrio, traz dentro dela o germen do próprio desfazimento.

        É terrível quando soa a hora da prestação de contas. Não aquela de que se encarregam os contadores de sempre, mas uma outra, de muito alarido, de tentativas desordenadas e de comoventes auxílios, que caem aos pés do Líder Máximo e de sua Criatura em comovente derradeira prestação de serviços.

       Essa prestação de contas, no entanto, difere das usuais, a que se costuma delegar aos solícitos de sempre.

       Esta é outra, e anuncia mudanças terríveis para a grei do Líder Máximo. A eles cabe o transe cruel de assistirem impotentes à formação de uma Situaçâo Nova.

        A eles todos um castigo se avizinha que na sua húbris coletiva não pensavam merecer:    a  perda do poder ! Haverá castigo pior para quem dele se locupleta há doze anos ?      

 

(Fontes  subsidiárias:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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