O
crescimento de Marina começa a assustar esquerda e direita. É o que se vê em vários de seus corifeus, que,
para ajudar na reanimação dos próprios candidatos, correm solícitos a gavetas,
socavões e até latas de lixo, na busca de tópicos e questões que possam trazer
água ao moinho pelo qual antes nutriam tantas ardentes esperanças.
Lula, que tanto
fez para inviabilizar a candidatura de Marina, morde o pó de uma inesperada
fatalidade. Muito engenho e arte nem sempre alcançam o escopo desejado.
A sua
candidata, a que preferiu não desalojar, não tem muito o que mostrar, com a
inchação persistente da inflação, a estagnação da economia e a desordem imposta
como regra. O grande mágico pensa tudo remediar com a sua voz rouca e as
alianças com os coronéis, a que antes combatera. O atual premente perigo força a
união.
Eis que nessa
hora, em que a verdade da vontade do Povo se alevanta, ele e suas criaturas
correm como baratas tontas. E de longe e de perto se forma a consciência de que
o líder máximo, seus coronéis e prepostos são todos farinhas do mesmo saco. E
as mágicas e as maldades já não surtem efeito.
Pois se acerca
a hora da verdade e da cobrança de contas. A velha urna se alevanta como
espectro de ameaças temidas e até hoje, a custo, à distância mantidas.
O Fazedor de
postes, aquele que acredita pairar acima dos elementos e da fortuna madrasta,
contempla desfazer-se o seu castelo.
O processo é lento,
mas ganha a temida força acrescida, que vem de muitas maldades padecidas,
muitas mentiras a circularem com foros de verdade, e o espetáculo dos coronéis encimado
e manipulado por quem acreditara valer-se dos meios do entorno, sem pagar o
preço das aspirações e expectativas de um Povo ludibriado.
É nervoso, por
vezes patético, esse despertar da direita, que no doce embalo das balelas do
Líder Máximo, se acreditava a salvo dos programados encontros com o Povo
soberano.
Ele também
pensava que mal ou bem lograria inventar mais um falso combate para que dele
surgisse uma vez mais a sua hoje bem-nutrida campeã, a acenar frenética com os
novos velhos ouropéis do populismo lulista.
Pois que é
disso que se trata. Dos recursos do Povo se forjarão os mecanismos para
eternizar o predomínio do Partido. A este todas as honras serão dadas,
esquecendo-se a básica premissa: do Povo sairão os meios para enganá-lo. Em
demagógica demência se pensa eternizar um instrumento de submissão a partido, a
cujos corifeus se distribuirão os louros e para sempre.
É a velha
cantilena que terá parecido persuasiva e aliciante para o operário da política,
mas que, como todo ludibrio, traz dentro dela o germen do próprio desfazimento.
É terrível quando
soa a hora da prestação de contas. Não aquela de que se encarregam os
contadores de sempre, mas uma outra, de muito alarido, de tentativas
desordenadas e de comoventes auxílios, que caem aos pés do Líder Máximo e de
sua Criatura em comovente derradeira prestação de serviços.
Essa prestação
de contas, no entanto, difere das usuais, a que se costuma delegar aos
solícitos de sempre.
Esta é outra, e
anuncia mudanças terríveis para a grei do Líder Máximo. A eles cabe o transe
cruel de assistirem impotentes à formação de uma Situaçâo Nova.
A eles todos um
castigo se avizinha que na sua húbris coletiva não pensavam merecer: a perda do poder ! Haverá castigo pior para
quem dele se locupleta há doze anos ?
(Fontes subsidiárias:
O Globo, Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário