quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Pinga Fogo


                                                  

‘Entrevista’ da Candidata Marina

 
        Os dois apresentadores do Jornal Nacional têm marcado as suas ‘entrevistas’ com os candidatos à presidência – até o Pastor Everaldo (PSC) foi incluído – com carregadas doses de ‘pro-ativismo’.  As entrevistas passaram para arguições, como se William Bonner e Patrícia Poeta vestissem a negra indumentária dos promotores públicos.

        É importante, decerto, que o público tome ciência dos diversos tópicos de interesse, mas a entrevista não pode virar pretexto para dar um outro viés às perguntas dos jornalistas. Se a informação é importante, as questões devem ser formuladas no respeito ao candidato ou candidata. Ele está ali para responder sobre assuntos do interesse geral. A entrevista deve ser equilibrada, e não dedicada a uma série de acusações ou insinuações  quem se apresenta na postulação do mais alto cargo da República.  O respeito aos fatos mas também ao interlocutor deve presidir à solicitação de informações e comentários.

         Desde a sessão com o saudoso Eduardo Campos se inseriu na entrevista um tom que privilegiava, por vezes, a inquisição. Essa postura não se modificou nas sessões seguintes,  que se caracterizaram por doses elevadas de censuras embutidas, como se o(a) candidato(a) deve-se mais explicar-se de supostos erros, do que apresentar as suas propostas de campanha.

         Nesse contexto, a apresentação da candidata Marina Silva (PSB) foi submetida a muitas perguntas em que se duvidava de seus propósitos, ou em que se insinuava uma tendência à contradição. Nesse sentido, Marina deu respostas firmes, negando haver contradição com a sua candidatura a circunstância de que o seu vice Beto Albuquerque tenha sido apoiado por fabricantes de armas. Considerou, outrossim, uma lenda dizer que é contra transgênicos.

          Marina respondeu de forma firme aos quesitos. A informação para o telespectador é decerto relevante, mas não se deve assumir um viés acusatório e até mesmo irônico, como se a tendência o ocultar fosse a característica marcante do(a) convidado(a).  Posturas inquisitórias, carregadas de insinuações acusatórias, deveriam ser evitadas.  Todos os três principais candidatos fazem jus a respeito. Ninguém chega a esse patamar por acaso.

           Seria interessante que os apresentadores do JN assistissem a entrevistas feitas pelos locutores da PBS, a tevê pública americana. Nenhum detalhe que deva ser do conhecimento é omitido,  mas preside às perguntas o indispensável respeito a candidato ou candidata.

 

Estranho Almoço

 

          A Candidata Dilma Rousseff apareceu ontem em um restaurante popular que serve os almoços a um real, marca registrada do candidato Garotinho. Segundo O Globo, quatro fiscais do TRE acompanharam a visita ao restaurante, que durou cerca de quarenta minutos. Eles filmaram o encontro, enquanto Dilma e Garotinho almoçavam.

           O candidato Garotinho (PR) lidera as pesquisas com 28% das intenções de voto, Pezão (PMDB) segue com 18%, Crivella (PRB) com 16%, e Lindbergh (PT) com 12%. Apesar de que este último tenha o apoio de Lula, Dilma comparece ao restaurante de Garotinho. A Presidenta parece estar muito precisada de sufrágios, para ir a um restaurante popular de Garotinho, o que levanta a questão do apoio da mandatária a quem se apresenta como o principal adversário de Pezão – que é o único candidato a defender de forma clara a continuação das UPPs.

           Com o seu jeito meio discutível de governar, Garotinho e suas práticas populistas não dá nenhuma indicação de que continuará a prestigiar a filosofia do Secretário de Segurança José Mariano Beltrame em favor das UPPs. Um retrocesso nesta política traria de volta a cidade partida de Zuenir Ventura. Já se vê um recrudescimento do tráfico e da milícia, inclusive com exigências a candidatos para adentrarem áreas que ainda estariam sob o seu domínio.

            Dona Dilma terá tido isto presente ao comparecer ao demagógico restaurante popular de Garotinho? Ou será que está chegando a hora da onça beber água, quando vaca desconhece até bezerro ?  

 

( Fontes:  O  Globo, Rede Globo )          

Um comentário:

Mauro disse...

Temos de ser justos. Marina não respondeu a nenhuma das perguntas. Parecia ofendida de ter de explicar o jato ou porque o Acre não vota nela. Até tentou intimidar os entrevistadores, ensaiando o velho "sabe com quem está falando?". Lamentável mas não surpreendente. Como dizia B. Russell, a tragédia do mundo é que os tolos e fanáticos têm todas as certezas, enquanto que os sábios só têm dúvidas. Será mais um passo atrás para o Brasil caso eleita.