‘Entrevista’ da Candidata Marina
Os dois
apresentadores do Jornal Nacional têm marcado as suas ‘entrevistas’ com os
candidatos à presidência – até o Pastor Everaldo (PSC) foi incluído – com carregadas
doses de ‘pro-ativismo’. As entrevistas
passaram para arguições, como se William Bonner e Patrícia Poeta vestissem a
negra indumentária dos promotores públicos.
É importante,
decerto, que o público tome ciência dos diversos tópicos de interesse, mas a
entrevista não pode virar pretexto para dar um outro viés às perguntas dos
jornalistas. Se a informação é importante, as questões devem ser formuladas no
respeito ao candidato ou candidata. Ele está ali para responder sobre assuntos
do interesse geral. A entrevista deve ser equilibrada, e não dedicada a uma
série de acusações ou insinuações quem
se apresenta na postulação do mais alto cargo da República. O respeito aos fatos mas também ao interlocutor
deve presidir à solicitação de informações e comentários.
Desde a
sessão com o saudoso Eduardo Campos se inseriu na entrevista um tom que
privilegiava, por vezes, a inquisição. Essa postura não se modificou nas
sessões seguintes, que se caracterizaram
por doses elevadas de censuras embutidas, como se o(a) candidato(a) deve-se
mais explicar-se de supostos erros, do que apresentar as suas propostas de
campanha.
Nesse
contexto, a apresentação da candidata Marina Silva (PSB) foi submetida a muitas
perguntas em que se duvidava de seus propósitos, ou em que se insinuava uma
tendência à contradição. Nesse sentido, Marina deu respostas firmes, negando
haver contradição com a sua candidatura a circunstância de que o seu vice Beto
Albuquerque tenha sido apoiado por fabricantes de armas. Considerou, outrossim,
uma lenda dizer que é contra transgênicos.
Marina
respondeu de forma firme aos quesitos. A informação para o telespectador é
decerto relevante, mas não se deve assumir um viés acusatório e até mesmo
irônico, como se a tendência o ocultar fosse a característica marcante do(a)
convidado(a). Posturas inquisitórias,
carregadas de insinuações acusatórias, deveriam ser evitadas. Todos os três principais candidatos fazem jus
a respeito. Ninguém chega a esse patamar por acaso.
Seria
interessante que os apresentadores do JN assistissem a entrevistas feitas pelos
locutores da PBS, a tevê pública americana. Nenhum detalhe que deva ser do
conhecimento é omitido, mas preside às
perguntas o indispensável respeito a candidato ou candidata.
Estranho Almoço
A Candidata Dilma
Rousseff apareceu ontem em um restaurante popular que serve os almoços
a um real, marca registrada do candidato Garotinho. Segundo O Globo, quatro
fiscais do TRE acompanharam a visita ao restaurante, que durou cerca de
quarenta minutos. Eles filmaram o encontro, enquanto Dilma e Garotinho
almoçavam.
O candidato
Garotinho (PR) lidera as pesquisas com 28% das intenções de voto, Pezão
(PMDB) segue com 18%, Crivella (PRB) com 16%, e Lindbergh (PT) com 12%. Apesar de que este último tenha o apoio
de Lula,
Dilma comparece ao restaurante de Garotinho. A Presidenta parece estar muito
precisada de sufrágios, para ir a um restaurante popular de Garotinho, o que
levanta a questão do apoio da mandatária a quem se apresenta como o principal
adversário de Pezão – que é o único candidato a defender de forma clara a
continuação das UPPs.
Com o seu jeito
meio discutível de governar, Garotinho e suas práticas populistas não dá
nenhuma indicação de que continuará a prestigiar a filosofia do Secretário de
Segurança José Mariano Beltrame em favor das UPPs. Um retrocesso nesta política traria de volta a cidade partida de Zuenir Ventura. Já se
vê um recrudescimento do tráfico e da milícia, inclusive com exigências a
candidatos para adentrarem áreas que ainda estariam sob o seu domínio.
Dona Dilma
terá tido isto presente ao comparecer ao demagógico restaurante popular de
Garotinho? Ou será que está chegando a hora da onça beber água, quando vaca
desconhece até bezerro ?
( Fontes: O
Globo, Rede Globo )
Um comentário:
Temos de ser justos. Marina não respondeu a nenhuma das perguntas. Parecia ofendida de ter de explicar o jato ou porque o Acre não vota nela. Até tentou intimidar os entrevistadores, ensaiando o velho "sabe com quem está falando?". Lamentável mas não surpreendente. Como dizia B. Russell, a tragédia do mundo é que os tolos e fanáticos têm todas as certezas, enquanto que os sábios só têm dúvidas. Será mais um passo atrás para o Brasil caso eleita.
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