A caricatura de Chico em O Globo de hoje mostra Cristina Kirchner e Dilma Rousseff, sentadas
em carteiras escolares, repreendidas por Christine Lagarde, do FMI, por não
terem feito a lição de casa.
Posto que as situações financeiras de
Argentina e Brasil sejam diversas, será mister reconhecer que Dilma tem
contribuído bastante para aproximá-las.
A nossa economia está em categoria acima
da platina, segundo as agências de classificação de risco, mas não faz muito o
Brasil foi rebaixado. A situação platina é ainda pior, pois já está em categoria
de risco, e deverá descer rumo ao inferno dos investidores em mais um degrau,
por mais esse calote que se anuncia.
Como diz Miriam Leitão a ‘Argentina é
vítima e culpada de seu próprio drama’.
A situação de suas reservas cambiais –
tem hoje US$ 27 bilhões – contrasta com julho de 2011, quando tinha US$ 52
bilhões, portanto um pouco menos do dobro de o que tem hoje.
As nossas reservas são bem maiores, mas
quem dirá que Dilma Rousseff e seus prepostos têm feito o dever de casa? Por
outro lado, a situação do Brasil e de nossas contas tanto internas quanto
externas, não são motivo de festejo. Assim, ao invés de superávit primário, se
fala de déficit primário, e em termos de exterior, a despeito dos ganhos com a
Copa – nunca se viram tantos turistas por aqui – os déficits se multiplicam,
tanto no balanço comercial, em geral superavitário, e ainda mais grave no de
contas correntes.
Depois do acabrunhante episódio em que
uma funcionária de banco foi abjetamente despedida pela direção do banco
respectivo, cujos temores terão sido quiçá acrescidos pelos altos decibéis de
toda a hierarquia petista, pergunto-me se cala bem com o Partido dos
Trabalhadores que force a exoneração como bode expiatório – e propiciatório
– de servidora de escalão inferior, que apenas fazia o seu trabalho de informar
os correntistas.
No passado, quando se desejava desfazer do conceito de alguém, se
costumava dizer que fulano ou sicrana não é a esquadra inglesa. Hoje, não mais
se ousaria tal comparação, porque a esquadra de Sua Majestade não é mais a
rainha dos mares, embora por vezes um que outro trânsfuga a empregue.
Em termos de economia, faz tempo que
a equipe de dona Dilma descura do dever de casa. Por isso, calam fundo as
reações dos investidores no que tange à situação da presidenta em termos de
pesquisas eleitorais. Se cai no Datafolha ou no Ibope, a bolsa sobe.
Não há nada de faccioso nisso. Muito
pelo contrário. O instinto de conservação será sempre no ser humano o mais
forte, e tal se estende, de certa forma, às previsões financeiras. Como Dilma
trouxe a inflação de volta, e entra mês sai mês, a carestia continua a bater no
teto dos prognósticos, não há de estranhar ninguém que os investidores, ao
entreverem uma luz de esperança no fundo do túnel, engrossem o campo de seu
adversário maior.
O economista Lula cobra de um segundo do
ministério da Fazenda – em que Dilma gosta de dar palpites - porque não se privilegia o consumo, eis que no Brasil não há inflação de
demanda. Não sei se a lição é encomendada ou não, pois desconheço que nosso
guia tenha feito algum curso nesse campo.
De qualquer forma, neste governo
todos parecem ter opiniões fortes sobre a economia. Sabemos o quanto as administrações
petistas prezam os gastos correntes, que envolvem a inchação das contas
públicas com despesas em mais funcionários públicos.
Além disso, introduziram uma série de
malabarismos fiscais – inclusive a ressurreição da conta movimento dos tempos
da inflação – que malgrado a inventiva, quebram a confiança do mercado, e
aprofundam a crise nas contas.
Por isso, é de esperar-se que a
caricatura de Chico Caruso não seja pressaga.
Desejo muito que a Argentina escape das garras dos abutres, mas desejo um pouco mais que o Brasil volte a crescer, e
sem inflação. Será pedir demasiado?
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo)
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