sábado, 26 de julho de 2014

A Autonomia do Banco Central

                               
 

            O Governo Dilma Rousseff, apesar de suas eventuais declarações de bons propósitos, continua a insistir em medidas de estímulo ao consumo.

             Mal saíra a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, como diz Miriam Leitão, em sua coluna hodierna, durou algumas poucas horas ‘a ilusão da autonomia’ do B.C.

             Atribui-se a origem da iniciativa de tornar a estimular o consumo ao ex-Presidente Lula, como se depreenderia de observação sua ao Secretário Arno Augustin: “Se a inflação não é de demanda, por que estamos barrando o crédito?”  

             Sabemos que a princípio – e para conter uma inflação proveniente do medo – o Governo Lula, com Palloci, fez o dever de casa, e o repique da carestia foi contido. Sem embargo, com o tempo e a saída de Palloci da Fazenda, os tempos foram mudando, as capitalizações agradando ao presidente e, com a chegada da candidata de algibeira, o dragão afinal voltou.

            Tudo isso o leitor já sabe – e por próprio conhecimento, porque inflação não faz diferença de classe nem de poder monetário. Afeta, na verdade, até mais às classes menos favorecidas, eis que esse imposto cruel, trazido de volta por dona Dilma (como se já não estivéssemos na terra do impostômetro e de sua absurda carga) está conosco faz tempo.

            Não deixa de surpreender-me que alguém formado em economia – como é o caso da atual presidenta – tenha aberto as cancelas para a carestia, agindo de maneira irresponsável. Semelha até que na década dos noventa terá vivido em outro planeta, pois tomar medidas – e sobretudo deixar de aplicar os princípios do Plano Real – que fatalmente trariam de volta o espectro deste imposto extra, que o seu governo, por uma série de circunstâncias, nos deixa agora como legado.

           Entra mês e sai mês, e continua a dita inflação alta – pra cima de 6% e sempre batendo e superando o respectivo teto – enquanto temos de ouvir a velha xurumela,  com a promessa de que indo além da esquina dos próximos meses, tudo ficará sob controle.

           Não há dúvida  de que existem motivos sobejos para que acenos sejam tomados pelo que são.  Apenas gestos inconclusos, com que ganham tempo, para ir empurrando com a barriga uma situação desfavorável e pouco promissora.

             Nesse amargo contexto, é bom que não se esqueça o brasileiro de que acreditar nas promessas de Dilma e nela votar,  será garantir a permanência da inflação. A sua guarda está confiada à autoridade financeira que, no entanto, como o passar dos meses e dos anos têm profusamente demonstrada, está com os seus parcos poderes amarrados pela Presidenta.

             A autonomia do Banco Central – como o episódio em tela exibe impiedosamente – é uma fábula, que logo se desfaz, toda a vez que a Presidenta assim o determina. Como o foi no caso presente, em que  declaração da autoridade financeira teve a sua eficácia rapidamente contestada na prática, com o novo estímulo ao consumo. Embora esteja mais do que provado que tais estímulos não contribuem para os bons ventos na economia,  a Presidente Dilma Rousseff é obstinada, e continua a acreditar nas medidas de estímulo ao consumo, por mais que os fatos e a realidade a desmintam.

             A autoridade monetária – o nosso solitário guarda contra a inflação – deveria ter autonomia. Dela dispõe nos grandes países, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, mas não no Brasil, porque FHC não quis, e estamos até hoje pagando o preço de seu desejo de reter também esse poder...











(Fonte subsidiária:   O  Globo )

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