O Governo Dilma Rousseff, apesar de suas eventuais
declarações de bons propósitos, continua a insistir em medidas de estímulo ao
consumo.
Mal saíra a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do
Banco Central, como diz Miriam Leitão, em sua coluna hodierna, durou algumas
poucas horas ‘a ilusão da autonomia’ do B.C.
Atribui-se a origem da iniciativa
de tornar a estimular o consumo ao ex-Presidente Lula, como se depreenderia de
observação sua ao Secretário Arno Augustin: “Se a inflação não é de demanda,
por que estamos barrando o crédito?”
Sabemos que a princípio – e para
conter uma inflação proveniente do medo – o Governo Lula, com Palloci, fez o
dever de casa, e o repique da carestia foi contido. Sem embargo, com o tempo e
a saída de Palloci da Fazenda, os tempos foram mudando, as capitalizações
agradando ao presidente e, com a chegada da candidata de algibeira, o dragão
afinal voltou.
Tudo isso o leitor já sabe – e por
próprio conhecimento, porque inflação não faz diferença de classe nem de poder
monetário. Afeta, na verdade, até mais às classes menos favorecidas, eis que
esse imposto cruel, trazido de volta por dona Dilma (como se já não estivéssemos
na terra do impostômetro e de sua absurda carga) está conosco faz tempo.
Não deixa de surpreender-me que
alguém formado em economia – como é o caso da atual presidenta – tenha aberto
as cancelas para a carestia, agindo de maneira irresponsável. Semelha até que
na década dos noventa terá vivido em outro planeta, pois tomar medidas – e sobretudo
deixar de aplicar os princípios do Plano Real – que fatalmente trariam de volta
o espectro deste imposto extra, que o seu governo, por uma série de
circunstâncias, nos deixa agora como legado.
Entra mês e sai mês, e continua a
dita inflação alta – pra cima de 6% e sempre batendo e superando o respectivo
teto – enquanto temos de ouvir a velha xurumela, com a promessa de que indo além da esquina dos
próximos meses, tudo ficará sob controle.
Não há dúvida de que existem motivos sobejos para que
acenos sejam tomados pelo que são.
Apenas gestos inconclusos, com que ganham tempo, para ir empurrando com
a barriga uma situação desfavorável e pouco promissora.
Nesse amargo contexto, é bom que
não se esqueça o brasileiro de que acreditar nas promessas de Dilma e nela
votar, será garantir a permanência da
inflação. A sua guarda está confiada à autoridade financeira que, no entanto,
como o passar dos meses e dos anos têm profusamente demonstrada, está com os
seus parcos poderes amarrados pela Presidenta.
A autonomia do Banco Central –
como o episódio em tela exibe impiedosamente – é uma fábula, que logo se
desfaz, toda a vez que a Presidenta assim o determina. Como o foi no caso
presente, em que declaração da autoridade financeira teve a sua eficácia
rapidamente contestada na prática, com o novo estímulo ao consumo. Embora
esteja mais do que provado que tais estímulos não contribuem para os bons
ventos na economia, a Presidente Dilma
Rousseff é obstinada, e continua a acreditar nas medidas de estímulo ao
consumo, por mais que os fatos e a realidade a desmintam.
A autoridade monetária – o nosso
solitário guarda contra a inflação – deveria ter autonomia. Dela dispõe nos
grandes países, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, mas não no Brasil,
porque FHC não quis, e estamos até
hoje pagando o preço de seu desejo de reter também esse poder...
(Fonte subsidiária: O Globo )
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