A última Copa do Mundo, que seria para nós a do Hexa
e virou a do Nada, representa para os brasileiros um falso enigma ou realmente
é mistério que clama por ser decifrado?
Pois na Taça das Confederações, a nossa
seleção atuou com uma desenvoltura e aplicação tática, que jamais foi
entrevista na medíocre campanha deste Mundial.
No torneio anterior, havia aplicação e empenho
que não foram vistos aparecer nas pálidas atuações da Copa. A começar pela abertura com a Croácia, o
bisonho gol-contra de Marcelo já indicava outra postura, que pouco ou nada
tinha a ver com as alegres, desenvoltas jogadas do certâmen das Confederações.
No
torneio anterior, as atuações da seleção mostraram o entrelaçamento de conjunto
e individualismo. Nesta Copa, os lampejos do craque Neymar, enquanto foram
permitidos pelas covardes botinadas (sem
falar da acintosa falta do joelhaço) tiveram brilho muito menor do que os precedentes.
Então, contra o México, quem se esqueceu do drible magistral na passagem entre
dois defensores, concluído com chute tão belo, quanto indefensável?
Se os nossos plantéis das Confederações e
do Mundial não diferem muito entre si, a distinção está no espírito, no ânimo e,
sobretudo, na aplicação, que se faltaram agora, gritaram presente! no torneio de Brasília.
O que se fez do conjunto e do empenho
das Confederações, em que o nosso escrete enfrentou com êxito a campeã mundial,
a Espanha, que naquela época reinava quase invencível, nada tendo a ver com a
sua posterior e decepcionante participação nesta Copa ?
Em Brasília, a seleção mostrara empenho tático e de conjunto que sumiu no Mundial, quase a merecer cartazes clamando
pela sua volta, por desaparecido, a ela que a cada partida mais se desagregava e se
mediocrizava?
A criminosa falta de Zúñiga que um
estranho árbitro espanhol sequer viu, e tampouco dona Fifa cuidaria de punir, configurou o que se pareceria com a caricatura
de imaginária perseguição da entidade de Herr
Blatter, como se o Hexa
representasse algo a ser inviabilizado. Não sou adepto de teorias
conspiratórias, posto que o comportamento desses senhores, afastando nossos jogadores
por motivos risíveis de matches
decisivos até que alimentaria tais explicações.
E tudo viria a terminar no que
Felipão e a sua comissão técnica denominariam de apagão. Como inerme ou ultrapassado animal, a seleção permitiu a
humilhação dos sete a um. Saindo da Copa imitamos Portugal, que a começara
perdendo de quatro a zero para a Alemanha...
Tanta falta de aplicação, em que
aparecemos como equipe bisonha de roça, impotente diante de irresistível adversário,
e transformamos a própria área em linha de passe dos adversários, que marcavam
à vontade diante de atarantados defensores, e de um goleiro transformado em
caricatura do Júlio Cesar que se redimira da falha de Brasil x Holanda, na
África do Sul ?
Que tem isso a ver com as atuações
pregressas da Taça das Confederações?
O próprio Felipão, como pugilista que
trôpego se levanta depois de beijar a lona, e escapar zonzo do nocaute, não
soube infundir a seus pupilos o espírito de luta e aplicação que presidira às
partidas no torneio anterior.
Privados de Neymar, pela deslealdade do foul, o scratch não era mais a seleção que costurou cinco estrelas na malha
amarelinha. Sequer imitamos a Argélia,
que, se não tem jogadores à altura dos brasileiros, soube enfrentar com
engenho a máquina alemã, reduzida a zero a zero no tempo regulamentar, e a um
suado 2x1 na prorrogação. E qual foi a
fórmula mágica argelina: inventiva e denodo (através de seguidos ataques pelas
pontas), a par de cuidado defensivo. O que se viu: uma Alemanha esbaforida e
atrapalhada, desequilibrada pelas investidas dos modestos argelinos, e incapaz
no tempo regulamentar de marcar um solitário gol diante de defensores aplicados,
que não abriram as portas da área como se fora salão de festas.
Fala-se que a seleção canarinho tropeçou e
caíu porque não seguiu os novos preceitos que outros times neste mundial
adotaram. E, no entanto, mais do que esse sopro de técnicas e táticas mais
apuradas e avançadas, o que faltou à seleção foi sobretudo a alegre inventiva
do futebol brasileiro, que, a exemplo do funcionário relapso que se ausenta do trabalho,
deixando apenas a própria camisa pendurada (como o casaco das repartições
burocráticas), e desapareceu com o seu engenho e arte a que no passado nos
acostumara.
Sem querer, Felipão imitou Dunga, e fez prevalecer na seleção a mediocridade e
a falta de aplicação, entrosamento e originalidade. Para lograr tal reversão,
sequer careceu de mudar de jogadores. Disso, Fred pode constituir
exemplo, posto que não seja o único. Pois certamente o oportunista centroavante
das Confederações, que até deitado marcava, o que tem a ver com o apagado Fred
deste Mundial?
Além disso, em termos de escalação,
esquecemos o meio-campo, na pessoa do armador.
Ganso, depois de longa pausa, vinha mostrando atuação que já nos
indicava estar recuperando a antiga forma. Também Cacá seria deixado de
lado. Felipão decretou que, ao invés de armadores,
a seleção se serviria dos chutões dos beques e volantes – e aconteceu o
espetáculo previsível! Até mesmo a fraca equipe dos Camarões nos dificultaria
a caminhada, e a razão estava na falta de ligação entre defesa e ataque...
( Fontes subsidiárias:
O Globo, Folha de S. Paulo )
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