Lembram-se de Saddam Hussein? Foi transformado em bode expiatório por Dick
Cheney[1],
Don Rumsfeld[2] e George Bush[3].
Como tem sido analisado extensamente pelos observadores, sob pretexto de que o
Iraque detinha armas de destruição em massa (WMD), o ditador do Iraque se tornou a presa da vez. A par das
alegações dos neoconservadores – implantar a democracia no Médio Oriente – o
objetivo apregoado era castigar Saddam por sua suposta ligação com a Al Qaida de Osama bin Laden.
A guerra, nos planos do especialista Rumsfeld, seria rápida – como fora previsto para tantas outras no passado (e o
exemplo da desastrosa Iª Guerra Mundial logo se apresenta) – e por isso não se
cuidou nem de blindagem das tropas, nem de prever ocupação prolongada. Hoje
sabemos como terminou, com a aventura iraquiana considerada, com seus bilhões
de dólares desperdiçados, a causa de o que os analistas denominam como o início do declínio da superpotência.
No entanto, esse senhor com que se foi
mexer – e que seria depois preso, julgado e enforcado pelo estamento xiita que
o sucedeu no poder – tinha um costume. Não gostava de mensageiros que lhe
trouxessem más notícias.
Embora se tenha ridiculizado esta sua
veneta – que tinha trágicas consequências para os seus portadores - forçoso será reconhecer que, sem chegar aos
extremos do ditador, a irritação com o vetor da novidade é característica comum
a muitos governantes.
A análise do Santander, segundo
assinala oportunamente Alexandre Schwartsman, “nada trouxe de controverso”. A
própria Folha notou que “as ações de
empresas estatais dispararam na BM&FBovespa e impulsionaram o principal
índice da Bolsa brasileira nesta sexta-feira (18), após pesquisa Datafolha ter apresentado empate técnico
entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB)”. (...)
“Desde que começaram a ser divulgadas pesquisas apontando perda de espaço da
presidente (...) o mercado de ações
nacional, que caía e acentuava queda(...) mudou de tendência.”
Schwartsman sublinha a respeito que “o
tal mercado pode ter as preferências ideológicas que quiser, mas, na hora de
comprar ou vender uma ação, o que menos interessa é a ideologia; é sempre a
perspectiva de lucro que move esses agentes. Posto de outra forma, ninguém
rasga dinheiro em nome de suas convicções políticas.”
E para completar o que embasa a
comunicação, o colunista observa: “Bancos têm um dever fiduciário com seus
clientes: não podem omitir ou distorcer informações relevantes para sua tomada
de decisão.”
Por sua vez, O Globo dá à questão a
sua manchete principal, e o que estampa me parece revelador sobre o caráter um
tanto abjeto da atitude do Banco, assim como da prepotência do Planalto:
“Depois do Santander – BANCOS FARÃO ANÁLISES MAIS CONSERVADORAS – Instituições Financeiras já temem sofrer
represálias do Planalto – Funcionária foi demitida após ser
responsabilizada pelo envio, a 40 mil correntistas, de documento que associava
a subida
de Dilma nas pesquisas à queda da Bolsa”.
A esse respeito, “O
economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira Vale, chamou a reação
do PT de ‘postura bolivariana’ ”.
A atitude do governo de dona
Dilma, além das características acima referidas, sublinha desconforto com a notícia e as suas
implicações. A exemplo do primarismo de Saddam – que confundia o pobre
mensageiro com a sua missão de transmitir a notícia - o poder petista no caso
briga com a informação. Se o que se transmite corresponda à verdade, isso não
interessa! O que vem ao caso – para ela e sua corte – é o emprego da censura, ou
de procedimentos similares, dentro do princípio dos regimes autoritários:
Se os fatos são negativos, com
a breca os fatos!
(Fontes: Alexandre Schwartsman, Folha de S. Paulo, O
Globo)
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