sábado, 12 de julho de 2014

Correio da Copa (XXIII)

                                        

        Hoje é um dia que poucos brasileiros terão pensado houvesse jogo de nossa seleção.   O Hexa, este numeral grego ordinal, vai continuar a viver na memória popular, não como fonte de sonho inatingível, que o mundial em casa desfez, mas sim a permanecer como  luz que brilha no longínquo horizonte de terra distante, a nortear a caminhada.

         Pois tal empresa de que a mídia se serviu à saciedade, não está perdida, mas apenas adiada. De quanto, só Deus sabe. Todavia, sem vitimismos, nem fábulas sobre traições – em que nunca caímos -, tratemos de conquistar a vaga em uma copa futura.

        E é perspectiva que deve alentar-nos, pois todas as cinco copas que até hoje arrebatamos o foram em terra estrangeira, a começar pela Suécia, sob a direção de um homem como Paulo Machado de Carvalho, que tinha experiência do mister, firmeza de caráter, e ilibada folha de serviços. Se não há Diógenes disponíveis, a procurar pessoas que lhe mereçam o respeito, é tempo de buscar quem nos ajude na tarefa de pôr à frente da seleção alguém que saiba levá-la a porto seguro.

       Carecemos de virar não só a página em termos de futebol brasileiro e de seus dirigentes. Não é hora de confirmar quem não cumpriu o que dele se esperava. E não me reporto apenas a Felipão, que semelha empenhar-se em permanecer no cargo. Se em 2002 voltaste com o caneco – decerto porque o plantel de então era bem superior -, em 2014, a seleção brasileira nunca nos encheu as medidas, e nem no primeiro jogo, com a vitória suada sobre a fraca Croácia.

       O ambiente de corte e as louvações dos bajuladores de plantão terão sido do teu agrado e por isso tentas apegar-te ao encargo. Mas, meu caro técnico, é hora de pegar o boné e de deixar a outrem essa nova tarefa, que será comprida e dificultosa.

       Pessoa que muito prezo me assinalou um aspecto relevante quanto à derrocada dos sete a um. Os alemães mantiveram atitude de respeito ao adversário caído, que pugnara pelo sonho do sexto campeonato. Enfrentava o penúltimo degrau, e foi nesta hora que caíu. O que, no entanto, calou fundo em quem participava, como assistente, na busca desse ideal, foi que, no intervalo entre o primeiro e o segundo tempo da semifinal, como depois relatado pela imprensa, os jogadores da Alemanha combinaram entre si não valer-se da fraqueza emocional do time brasileiro, e assim não calcar ainda mais a humilhação de um ícone do futebol. Por isso, o placar não se inchou desmesuradamente no segundo tempo.

        Tiveram pena da nossa seleção. Foi decerto atitude nobre, mas que de  certo modo expõe ainda mais o quão baixo se achava o nosso time.  Carecia da piedade alheia para não sofrer desdita ainda maior.

       Por isso, é hora de virar a página. E não me refiro, decerto, a mudanças cosméticas, nem a remendos.

       Quem foi derrotado por sete a um, a maior goleada da Copa, deve assumir a própria responsabilidade e sair de cena.

 

(Fontes subsidiárias: O Globo e Rede Globo)

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