Hoje é um dia que poucos brasileiros terão pensado
houvesse jogo de nossa seleção. O Hexa,
este numeral grego ordinal, vai continuar a viver na memória popular, não como
fonte de sonho inatingível, que o mundial em casa desfez, mas sim a permanecer
como luz que brilha no longínquo
horizonte de terra distante, a nortear a caminhada.
Pois tal empresa de que a mídia se
serviu à saciedade, não está perdida, mas apenas adiada. De quanto, só Deus
sabe. Todavia, sem vitimismos, nem fábulas sobre traições – em que nunca caímos
-, tratemos de conquistar a vaga em uma copa futura.
E é perspectiva que deve alentar-nos,
pois todas as cinco copas que até hoje arrebatamos o foram em terra
estrangeira, a começar pela Suécia, sob a direção de um homem como Paulo
Machado de Carvalho, que tinha experiência do mister, firmeza de caráter, e
ilibada folha de serviços. Se não há Diógenes disponíveis, a procurar pessoas
que lhe mereçam o respeito, é tempo de buscar quem nos ajude na tarefa de pôr à
frente da seleção alguém que saiba levá-la a porto seguro.
Carecemos de virar não só a página em
termos de futebol brasileiro e de seus dirigentes. Não é hora de confirmar quem
não cumpriu o que dele se esperava. E não me reporto apenas a Felipão, que
semelha empenhar-se em permanecer no cargo. Se em 2002 voltaste com o caneco –
decerto porque o plantel de então era bem superior -, em 2014, a seleção
brasileira nunca nos encheu as medidas, e nem no primeiro jogo, com a vitória
suada sobre a fraca Croácia.
O ambiente de corte e as louvações dos
bajuladores de plantão terão sido do teu agrado e por isso tentas apegar-te ao
encargo. Mas, meu caro técnico, é hora de pegar o boné e de deixar a outrem essa
nova tarefa, que será comprida e dificultosa.
Pessoa que muito prezo me assinalou um
aspecto relevante quanto à derrocada dos sete a um. Os alemães mantiveram atitude
de respeito ao adversário caído, que pugnara pelo sonho do sexto campeonato.
Enfrentava o penúltimo degrau, e foi nesta hora que caíu. O que, no entanto,
calou fundo em quem participava, como assistente, na busca desse ideal, foi
que, no intervalo entre o primeiro e o segundo tempo da semifinal, como depois relatado
pela imprensa, os jogadores da Alemanha combinaram entre si não valer-se da fraqueza
emocional do time brasileiro, e assim não calcar ainda mais a humilhação de um
ícone do futebol. Por isso, o placar não se inchou desmesuradamente no segundo
tempo.
Tiveram pena da nossa seleção. Foi
decerto atitude nobre, mas que de certo
modo expõe ainda mais o quão baixo se achava o nosso time. Carecia da piedade alheia para não sofrer
desdita ainda maior.
Por isso, é hora de virar a página. E não
me refiro, decerto, a mudanças cosméticas, nem a remendos.
Quem foi derrotado por sete a um, a maior
goleada da Copa, deve assumir a própria responsabilidade e sair de cena.
(Fontes subsidiárias: O Globo e Rede Globo)
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