segunda-feira, 28 de julho de 2014

Escândalos Eleitorais

                                                            
 
                                      

              A coluna de Ricardo Noblat levanta hoje a questão da responsabilidade moral do candidato. Por estranha coincidência, nesse contexto, tanto a presidenta, quanto o seu principal adversário têm uma pedra no caminho.

              A gestora modelo, tão elogiada por seu criador, foi isentada de responsabilidade no caso da refinaria de Pasadena. Quando estourou a questão da transação relativa à Petrobrás, a Presidente, em bilhete autógrafo, em resposta à consulta de repórter, asseverou que ela e os demais conselheiros se basearam em parecer técnico e “juridicamente falho” para aprovar a compra da refinaria.

             Na época, a presidenta foi censurada pela mídia por trazer para o Palácio do Planalto questão que não lhe dizia respeito. Passado o calor do momento, a sua evolução demonstraria que Dilma Rousseff não se precipitou, ao acoimar o parecer ‘falho’, mas apenas se adiantou à questão que fatalmente bateria na sua soleira.

             Como assinala Noblat na coluna hodierna, o Conselho de Administração representa os acionistas da empresa. Nesse contexto, “a diretoria da Petrobrás não tem autoridade para vender ou comprar algo sem o referendo dele”. Se a então Chefe da Casa Civil (e membro do dito Conselho de Administração) considerou o aludido parecer técnica e “juridicamente falho”, por que foi ele  aprovado sem que os conselheiros hajam pedido mais detalhes do negócio? Foram açodados”, conclui Noblat.  E aí onde fica a fama de “gestora” de Dilma Rousseff, que tantas loas recebera do Presidente Lula da Silva ?  Nesse contexto, Noblat diz que, “por mais absurda que soe, o TCU aceitou a explicação de Dilma.”

              Um pouco mais adiante o colunista observa “(p)eca o TCU pela falta de rigor no exame de assuntos que envolvem políticos importantes”.

              Entrementes, a denúncia da Folha de S. Paulo quanto ao asfaltamento da pista de aeroporto na cidade de Cláudio, em que, em 2010, no governo Aécio Neves, o Estado de Minas gastou R$ 13,9 milhões com a pavimentação da pista, o sistema de iluminação e outras benfeitorias (segundo a coluna de Noblat).

              As ilações do colunista  se aplicam ao aspecto moral, pois a estrita legalidade foi respeitada também nesse caso (o Ministério Público de Minas investigou a obra no aeroporto de Cláudio e concluiu que nenhuma ilegalidade foi cometida). Vê-se que também aqui o aspecto técnico foi respeitado.

                Contudo, como dizia Vitorino Freire, o manda-chuva no Maranhão antes da chegada de José Sarney, ‘jabuti não sobe em árvore. Se lá está, alguém o pôs lá.’

                A Folha de S. Paulo, com a revelação sobre o aeroporto em Cláudio, deu um furo importante e terá contribuído para vibrar golpe no flanco da candidatura Aécio Neves. Como chegou a essa revelação, só ela sabe, e decerto não o declinará.

                E a sazão pré-eleitoral é um momento que semelha assaz favorável para esse tipo de notícia vir à tona. Às vezes, os escândalos têm longa incubação.  Em outros casos, o processo é mais rápido.

                Mais os efeitos não costumam variar.

 

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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