A coluna de Ricardo Noblat levanta
hoje a questão da responsabilidade moral do candidato. Por estranha
coincidência, nesse contexto, tanto a presidenta, quanto o seu principal adversário
têm uma pedra no caminho.
A gestora modelo, tão elogiada
por seu criador, foi isentada de responsabilidade no caso da refinaria de
Pasadena. Quando estourou a questão da transação relativa à Petrobrás, a Presidente,
em bilhete autógrafo, em resposta à consulta de repórter, asseverou que ela e
os demais conselheiros se basearam em parecer técnico e “juridicamente falho”
para aprovar a compra da refinaria.
Na época, a presidenta foi
censurada pela mídia por trazer para o Palácio do Planalto questão que não lhe
dizia respeito. Passado o calor do momento, a sua evolução demonstraria que Dilma
Rousseff não se precipitou, ao acoimar o parecer ‘falho’, mas apenas se
adiantou à questão que fatalmente bateria na sua soleira.
Como assinala Noblat na coluna hodierna, o Conselho de Administração representa
os acionistas da empresa. Nesse contexto, “a diretoria da Petrobrás não tem
autoridade para vender ou comprar algo sem o referendo dele”. Se a então Chefe
da Casa Civil (e membro do dito Conselho de Administração) considerou o aludido
parecer técnica e “juridicamente falho”,
por que foi ele aprovado sem que os
conselheiros hajam pedido mais detalhes do negócio? Foram açodados”, conclui
Noblat. E aí onde fica a fama de “gestora”
de Dilma Rousseff, que tantas loas recebera do Presidente Lula da Silva ?
Nesse contexto, Noblat diz que, “por mais absurda que soe, o TCU aceitou
a explicação de Dilma.”
Um pouco mais adiante o colunista
observa “(p)eca o TCU pela falta de rigor no exame de assuntos que envolvem
políticos importantes”.
Entrementes, a denúncia da Folha de S. Paulo quanto ao asfaltamento
da pista de aeroporto na cidade de Cláudio, em que, em 2010, no governo Aécio
Neves, o Estado de Minas gastou R$ 13,9 milhões com a pavimentação da
pista, o sistema de iluminação e outras benfeitorias (segundo a coluna de
Noblat).
As ilações do colunista se aplicam ao aspecto moral, pois a estrita
legalidade foi respeitada também nesse caso (o Ministério Público de Minas
investigou a obra no aeroporto de Cláudio e concluiu que nenhuma ilegalidade
foi cometida). Vê-se que também aqui o aspecto técnico foi respeitado.
Contudo, como dizia Vitorino
Freire, o manda-chuva no Maranhão antes da chegada de José Sarney, ‘jabuti não sobe em árvore.
Se lá está, alguém o pôs lá.’
A Folha de S. Paulo, com a revelação sobre o aeroporto em
Cláudio, deu um furo importante e terá contribuído para vibrar golpe no
flanco da candidatura Aécio Neves. Como chegou a essa revelação, só ela sabe, e
decerto não o declinará.
E a sazão pré-eleitoral é um
momento que semelha assaz favorável para esse tipo de notícia vir à tona. Às
vezes, os escândalos têm longa incubação.
Em outros casos, o processo é mais rápido.
Mais os efeitos não costumam
variar.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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