Com que plataforma pretende a Presidenta pleitear um
segundo mandato? Apesar do volta Lula,
seu criador parece ter tirado o corpo fora, temendo assombrações do passado, ou
interrogações da idade. O nervosismo nas hostes petistas também semelha haver diminuído
um tanto, embalado pelas cantigas de ninar das últimas prévias, com tímidas
indicações de que, se bem sacudida, a candidatura à reeleição continuaria com
os sinais vitais preservados.
A suposta gerentona – conforme insinuava a
propaganda lulista – não mostrou a decantada competência para administrar a
República. Na verdade, a confusão, se proposital ou não, tomava alhos por
bugalhos. Uma coisa é ser chefe de gabinete, e cuidar da rotina administrativa,
que o nosso apedeuta tem dificuldade em tratar. Outra, é sobraçar as questões
do Brasil, com a capacidade de saber privilegiar os grandes temas, reservando
os mergulhos nas minúcias para momentos excepcionais, que só os grandes líderes
logram empregar.
Nesse contexto, já mencionei as
reservas sobre uma presidência de Dilma – aludidas na coluna de R. Noblat - que
personalidades maiores repassaram a Lula da Silva, calcando nas dúvidas sobre
as alegadas grandes virtudes de sua criatura. Por motivos não suficientemente
esmiuçados, o projeto seguiu em frente.
O domínio do Partido dos Trabalhadores
no Brasil, com doze anos, cada vez mais se assemelha àquele dito interminável
do Partido Revolucionário Institucional (PRI) do México. E os sinais estão muito
menos para Lázaro Cárdenas, que com sua integridade e visão de estadista
livrara o México do maximato de Plutarco Elias Calles. Na verdade, esses
indícios estão muito mais para os seus distantes sucessores no final do século
vinte, com o seu artificialismo nato da fraude pandêmica e com a corrupção de regime carcomido pelo poder.
Deixemos os Estados Unidos Mexicanos,
voltemos para nossa Pindorama. No seu último ano de mandato, tem dito mais ao
que não
veio, do que propriamente terão esperado os seus eleitores.
Em primeiro lugar, ela nos deixa um legado que o povo do Brasil não merecia.
O seu antecessor Lula da Silva, para conseguir quebrar a série de malogros
eleitorais, viera a público prometer que respeitaria as conquistas do Plano
Real. Como o povão acreditou, foi eleito. E, a bem da verdade, no
primeiro mandato e em parte do segundo, respeitou o compromisso.
A reunião dos Estados Gerais no Reino de
França era precedida pelo chamado Cahier
de Doléances (Caderno de
queixas). Não, prezado Leitor, não quero trazer esse arcaísmo para o Brasil.
Mas seria altamente previsível que se coletássemos os lamentos e os pedidos do
Povo brasileiro, dona Inflação compareceria em primeiríssimo lugar.
Dilma Rousseff, com seu desenvolvimentismo
descabelado, voltou no tempo, e não para aquela mítica época perseguida, no
filme de René Clair, pelo ator-personagem Michel Simon, sempre almejando voltar aos
bons velhos tempos. Pois não é que por sua receita acabamos regressando aos
pródromos da distopia (falsa utopia) inflacionária ?
O seu próprio Ministro da Fazenda, o
patético Guido Mantega, em sua última entrevista culpa a inflação pela
estagnação do PIB (este subir tão só 0,2% no trimestre ) !
Na realidade, Mantega esquece de
mencionar que a inflação está aí pela política fiscal irresponsável de Dilma e
seu governo. A têmpera não é o forte de Guido Mantega. Já nos últimos anos de
Lula da Silva, colaborara com muitas, demasiadas capitalizações – empréstimos fajutos
do BNDES ao Tesouro para criar fundos inexistentes (do prisma fiscal, porque
não proporcionados por tributos coletados pelo Estado). É uma brincadeira
inflacionária, que só se coaduna com a ficção contábil de Dilma.
Ao tratar da inflação, nada resolve considerá-la
– como o faz, sem pestanejar, o Ministro da Fazenda – como se ela fosse fruto
de geração espontânea. Na verdade, esse
elefante - o dragão melhor dizendo – está na sala de estar dos lares
brasileiros (e na cozinha e na vida cotidiana de todos nós) por causa de uma dílmica
desorientação destrambelhada (ddd), que como no velho provérbio semeia ventos, para
colher tempestades.
Além dos vexames da contabilidade
fiscal ficcional – que nos aproximam da Argentina, e nos fazem passar vergonhas
no FMI ao ter questionada a dívida líquida, como base de avaliação – esse desgoverno
econômico e financeiro passa por muitos encruzilhadas indo até à Lei da
Responsabilidade Fiscal. Compreende-se
que uma administração fiscalmente irresponsável (na prática, quer reintroduzir
os abusos banidos pela LRF) queira adulterar essa conquista da legislação
financeira, autêntica chave da cumieira da construção do Plano Real.
Assim, vou ficando ora por aqui. As realizações da governança de Dilma não se
limitam a trazer a inflação de volta. Ela está em toda parte, mesmo na boca
daqueles que deveriam combate-la e não lamentar-se como se fosse por geração
espontânea, um autêntico fenômeno da natureza...
Um comentário:
É uma situação difícil de avaliar onde a inflação é apenas um dos indicadores e, na minha opinião, não é suficiente para o julgamento de uma gestão governamental. Não há dúvida que, mesmo sem um candidato diferenciado, isento de corrupções e comprometimentos políticos, é necessário mudar. O PT já teve o espaço dele, e mesmo no meio das distorções de seus ideais primeiros, deixa mudanças que não podem ser esquecidas: diminuição do desemprego; a migração de um contingente da população para a classe C, um maior acesso ao ensino universitário. Porém estas modificações não foram suficientes: a violência aumentou, o custo de vida está descontrolado e, A INICIATIVA PRIVADA COMANDA OS DESTINOS DA NAÇÃO, COMO SEMPRE OCORREU,E,NO CENÁRIO POLITICO ATUAL, NÃO VISLUMBRO NENHUMA ALTERNATIVA CAPAZ DE MODIFICAR ESTE QUADRO.
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