Nesse grevismo que vem assinalando as semanas que
antecedem a Copa do Mundo, a que se depara a cidadania no Brasil? Quando o presidente Lula da Silva teceu a
estratégia para viabilizar a Copa do Mundo no Brasil em 2014, assim como, secundado
pelo Governador Sérgio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes, levou avante o projeto
de sediar as Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, cabe perguntar como via ele
este grande desafio para a nacionalidade brasileira?
Era decerto momento diferente do
atual. Havia um sentido de realização e de progressão, que se refletia no
avanço do PIB, nas perspectivas dos BRICs e na projeção de uma maior presença
de nossa terra, a qual se explicitava na superação pelo Brasil da economia do
Reino Unido.
Mais do que o incremento de um dígito
na informal classificação mundial, nos animava a consciência do movimento de
progresso, com a abertura de novas e risonhas perspectivas. Vivíamos a fase de
otimismo, e era com acrescida confiança que encarávamos esses eventos, vistos como etapas em nossa progressão. Nesse
sentido, Copa do Mundo e Olimpíadas não se sucediam por acaso, mas constituíam
verdadeiras construções na caminhada do Povo brasileiro na senda do
desenvolvimento e da realização plena diante das demais grandes nações.
Em outras palavras, com passadas
seguras deixaríamos para trás a sovada imagem do pays de là-bas e galgaríamos, com serena firmeza, ao plano
superior, ao andar de cima, dentro de selecionado grupo de países realizados e
afirmados.
Não havia nada de ingênuo nesse
plano, que para muitos corresponderia à consequência natural do projeto
nacional. A sua organicidade se encaixaria em fluxo natural, como se
estivéssemos visualizando a própria ascensão em grande e metafórica escala.
Não obstante o referido acima, se
alguém hoje se animasse a expor como se tal fora um plano em via de realização,
seria difícil não sopitar o riso.
A atmosfera circundante mudou, e de
forma radical. A confiança e, mesmo, a convicção de antes, as soprou para longe
o vento do descrédito. Mal comparando, talvez estivéssemos diante daquelas
bruscas transformações atmosféricas, em que a intempérie e até a borrasca
enxotam as remanescentes lembranças de tempos mais felizes e de visões mais
gratificantes.
Com elas veio o pessimismo e
outras projeções, em que se encaram os eventos dentro de perspectiva de
ponta-cabeça.
Nessa escadaria, ao invés de
subir, nos descobrimos a descambar para o aproveitamento imediatista destas
grandes ocasiões. Desse modo, as coisas não têm mais valor por si só, nem
refletem a elevação natural da sociedade, mas passam a ser encaradas como
oportunidades adjetivas de lucro e benefício.
Esse ganho, no entanto, não é
geral, nem é a consequência da realização bem-sucedida do evento, mas constitui
proveito adjetivo e setorial, que cada ramo da sociedade se propõe conseguir,
não em movimento conjunto que seria a decorrência de grande e abrangente obra.
O que se vê é o auge do
oportunismo particularista, que busca auferir vantagens através da extorsão
junto às direções de governo em todos os seus níveis. Não é jogo de adição, mas sim de subtração, que
manda à breca, por conta de benefícios oportunistas, qualquer consideração de
organicidade e de atendimento ao bem comum.
O cinismo constitui a norma de
ação, e a pilhagem, distribuída consoante a capacidade dos grupos sociais
envolvidos, o eficaz instrumento da ação motivada pelo grande certâmen.
E como dizia a velha canção: e
que tudo mais vá para o inferno!
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