O mistério da cantora Hanna
Desde muito,
acompanho através dos muros e das cercas de obras os recitais da cantora Hanna. Até hoje, no entanto, e
ao longo de décadas, a minha participação nos espetáculos se tem resumido à
visão dos cartazes!
O que me
surpreendia nessa publicidade era um detalhe que ao cabo se fixou na minha
memória visual. Os cartazes eram sempre
os mesmos! Não, não me refiro à eventual circunstância de que a sua diagramação
e cores fossem iguais às anteriores, mas ao fato de que Hanna não envelhecia
nunca.
Passavam os anos
– e põe ano nisso! – e o cartaz com a cantora empunhando o microfone não
variava, assim como tampouco existia qualquer diferença entre a Hanna de cinco
ou dez anos atrás!
Comecei a achar
estranho aquilo, e senti pruridos de aparecer nos tais espetáculos para
conferir. O quê desejava checar? Qual era a idade deste fenômeno que não
envelhecia!
Pois hoje, em
outra obra, esta perto de casa, vi um do Pedro
Bial, que se diz também fã de Hanna, e mais adiante, outro cartaz que me
consternou. Não é que a eterna juventude
da cantora não passava de um mito, repetido a perder de vista pela mesma
composição gráfica?
Agora, não
mais. Ao invés da foto da imutável, eternamente jovem Hanna, não é que me
aparece outra cantora, igualmente de nome Hanna,
que mostra na fisionomia o inelutável, inexorável passar do tempo?!
No seu eterno
convite, o cartaz não muda. Contudo, no
detalhe da foto está a diferença. Pois a
Hanna que aí aparece não é mais a mesma! Não é que para ela, depois de
muita resistência gráfica, também passou o deus Cronos, que em longos intervalos pode surpreender os fãs, até
aqueles que nunca atenderam ao chamado simples da cantora!
E, parodiando Drummond, como dói a quebra desse
encanto!
Liberação das Apostas no Futebol
Sem embargo,
para um extraterrestre ou mesmo para gringo não familiarizado com as
draconianas normas vigentes (que na realidade não são assim tão firmes), a jogatina
impera, desde que sob os auspícios da Caixa Econômica. Se se vai a uma
lotérica, impressiona o número de boletos, a começar pela tele-sena, que no
Natal atrai multidões na esperança de ficarem milionários (contra todas as
probabilidades matemáticas). Isso sem falar nos corretores zoológicos de que se
encontram mesinhas em cada esquina, e a que, pelo que dizem, acorrem muitos
brasileiros para fazer a fezinha, fruto de algum sonho ou visão...
Apesar de ser
jogo proibido, não tenho acompanhado muita repressão nesse sentido, desde que,
em memorável ocasião, foram declarados presos todos os chefões de uma sentada.
Se remontarmos ainda mais no passado, combate a esse tipo de jogo está no filme
policial de Jorge Ileli Amei um bicheiro (1952),
em que o personagem Passarinho, encarnado por Grande Otelo morre
intoxicado pela fumaça e a noção de um estranho dever.
Mas agora
parece que desejam promover apostas on-line
no futebol. Os leitores deste blog
sabem que sou um torcedor – apesar de padecer sob uma antes grande equipe que
hoje sofre sob a administração de Roberto
Dinamite – mas não poderia estar mais contrário a esse palpite infeliz de
trazer a jogatina também para o futebol.
Pediria que
encarecessem aos seus congressistas (quem por acaso se lembre em quem votou na
eleição passada) de não aprovarem este
projeto
nocivo para o futebol em geral. Não é através de jogos de azar que desbastaremos
o caminho para criar “fundos para
projetos de iniciação esportiva”.
Não é segredo para o que levam as
ditas apostas on-line sobre o resultado
de jogos. Em muita corrupção! Há
pouco descobrirem uma rede enorme – que teve repercussões inclusive na América
do Sul – de subverter os resultados de partidas. Não precisa ser nenhum Sherlock para atinar de onde provem o incentivo para a criminosa
prática de ‘administrar’, vale dizer subverter os resultados de partidas.
Não é por
aí que se criarão fundos reais, que financiem limpa e produtivamente a prática
do esporte bretão.
Vamos manter
o jogo o quanto possível longe do futebol. Que os cavalões apostem nos
cavalinhos, tudo bem.
Mas
no futebol, com apostas feitas em
sites, em jogos do Brasileirão, da Copa
do Brasil, dos Estaduais e o escambau, por favor NÃO !
Esqueçam
esse palpite infeliz, dado por algum paredro desempregado, porque uma coisa se
pode garantir: NÃO SERÁ PELA JOGATINA com todas as suas miríades de jogos de
azar que vamos reforçar os nossos clubes, e transformá-los em empresas.
O Congresso das Quartas-Feiras tem de se preocupar com coisas importantes
para o País.
O PANO VERDE
(e seus sucedâneos) NÃO TEM NADA A VER COM ISSO.
(Fonte: Folha de S.
Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário