Conforme
anunciara, Dilma Rousseff utilizou a sua alocução de Primeiro de Maio
dentro de âmbito muito mais amplo do que a praxe nos discursos do Dia do
Trabalhador. Dada a sua situação, acuada pelo ‘volta, Lula’ e sobretudo pela queda nas pesquisas, previa-se que
adotaria um tom combativo.
De acordo com
a oposição, Dilma falou como candidata, cometendo ipso facto crime eleitoral e abuso de poder. Notadamente pelo tom
eleitoreiro, a questão será colocada perante o Tribunal Superior Eleitoral.
Nesse
sentido, a presidente permeou o seu discurso com medidas que beneficiam eleitores
de todas as classes sociais, não esquecendo os ataques à oposição. Falou de
tudo um pouco, a começar pela inflação. Quem a ouviu, se desinformado, poderá
até pensar que a alça dos preços aconteceu como raio em céu sereno, e não foi
decorrência de sua política, como de fato ocorreu.
Dentro do
viés da candidata, anunciou aumento de 10% na Bolsa Família, que, como sublinhou, atende a 36 milhões de
brasileiros. Além disso, prometeu para o ano que vem corrigir a Tabela do
Imposto de Renda.
Promete,
assim, mais do mesmo, vale dizer continuar na senda do assistencialismo, do neopopulismo,
típico dos regimes chavista e peronista. Optando assim não pela via do
desenvolvimento e da criação de empregos, mas pelo caminho dos encargos
assistencialistas – e se vê o peso pelo número de beneficiários por declaração
da própria Presidenta – o Brasil continuaria por um rumo cujos resultados
deparamos na Venezuela e na Argentina.
Para Aécio Neves, o discurso “representa o
desespero de um governo acossado por denúncias de corrupção e uma presidente
fragilizada pelo boicote da sua própria base.”
Dilma, pelo
tom, não deixou dúvidas quanto à manutenção da candidatura. Pelo visto está
decidida, pois em entrevista a rádios da Bahia, disse que mesmo sem apoio de sua base, “vai tocar em frente” a candidatura.
Pelo visto, não mais referências à ‘lealdade’
de Lula e à certeza de que ele a apoiará.
Pelo teor da
fala e as suas declarações à margem, Dilma dá a impressão de que está decidida
a ir em frente, sem deter-se mais em considerações da esperada confirmação do
apoio de seu criador.
Na verdade,
tudo vai depender de eventual reação positiva quanto ao discurso, como o
estancamento da sangria nas prévias. Se o futuro a Deus pertence, como
costumava dizer um ministro anfíbio (teve alto cargo tanto na democracia,
quanto no regime militar) ela jogou suas cartas para consolidar a candidatura.
Cabe agora ao eleitorado responder, porque dessa reação depende a sobrevivência
de sua campanha pela reeleição. Com efeito, não me parece sério pensar que sem
apoio da base e do PT, a sua postulação teria alguma possibilidade efetiva de
êxito.
(Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo)
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