quinta-feira, 1 de maio de 2014

Para Dilma Primeiro de Maio já é campanha


                              
        Conforme anunciara, Dilma Rousseff utilizou a sua alocução de Primeiro de Maio dentro de âmbito muito mais amplo do que a praxe nos discursos do Dia do Trabalhador. Dada a sua situação, acuada pelo ‘volta, Lula’ e sobretudo pela queda nas pesquisas, previa-se que adotaria um tom combativo.
         De acordo com a oposição, Dilma falou como candidata, cometendo ipso facto crime eleitoral e abuso de poder. Notadamente pelo tom eleitoreiro, a questão será colocada perante o Tribunal Superior Eleitoral.

         Nesse sentido, a presidente permeou o seu discurso com medidas que beneficiam eleitores de todas as classes sociais, não esquecendo os ataques à oposição. Falou de tudo um pouco, a começar pela inflação. Quem a ouviu, se desinformado, poderá até pensar que a alça dos preços aconteceu como raio em céu sereno, e não foi decorrência de sua política, como de fato ocorreu.

         Dentro do viés da candidata, anunciou aumento de 10% na Bolsa Família, que, como sublinhou, atende a 36 milhões de brasileiros. Além disso, prometeu para o ano que vem corrigir a Tabela do Imposto de Renda.

         Promete, assim, mais do mesmo, vale dizer continuar na senda do assistencialismo, do neopopulismo, típico dos regimes chavista e peronista. Optando assim não pela via do desenvolvimento e da criação de empregos, mas pelo caminho dos encargos assistencialistas – e se vê o peso pelo número de beneficiários por declaração da própria Presidenta – o Brasil continuaria por um rumo cujos resultados deparamos na Venezuela e na Argentina.

        Para Aécio Neves, o discurso “representa o desespero de um governo acossado por denúncias de corrupção e uma presidente fragilizada pelo boicote da sua própria base.”

       Dilma, pelo tom, não deixou dúvidas quanto à manutenção da candidatura. Pelo visto está decidida, pois em entrevista a rádios da Bahia, disse que mesmo sem apoio  de sua base, “vai tocar em frente” a candidatura.  Pelo visto, não mais referências à ‘lealdade’ de Lula e à certeza de que ele a apoiará.

       Pelo teor da fala e as suas declarações à margem, Dilma dá a impressão de que está decidida a ir em frente, sem deter-se mais em considerações da esperada confirmação do apoio de seu criador.

       Na verdade, tudo vai depender de eventual reação positiva quanto ao discurso, como o estancamento da sangria nas prévias. Se o futuro a Deus pertence, como costumava dizer um ministro anfíbio (teve alto cargo tanto na democracia, quanto no regime militar) ela jogou suas cartas para consolidar a candidatura. Cabe agora ao eleitorado responder, porque dessa reação depende a sobrevivência de sua campanha pela reeleição. Com efeito, não me parece sério pensar que sem apoio da base e do PT, a sua postulação teria alguma possibilidade efetiva de êxito.

 

(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo)       

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