Como seria de esperar, as seções eleitorais nas
regiões ocidentais, de fala ucraniana, registram uma forte presença dos
eleitores. Já no oriente, o afluxo
dependerá de quem controle os distritos.
Na área de Donetsk, muitas seções estão fechadas, por determinação dos
separatistas pró-russos. Alguns
eleitores que tentam votar manifestam o seu descontentamento com tal atitude.
Em uma dessas seções trancadas, os erros na mensagem deixada na porta indicam a proveniência pró-separatista, que procede na
sua maior parte das classes mais humildes.
As pesquisas apontam folgada liderança
nos sufrágios de Petro Poroshenko, de 48 anos, que é um grande empresário (o
homem do chocolate) e que seria pró-ocidental. A segunda colocada é a conhecida prisioneira
de Viktor Yanukovych, Yulia Timoshenko.
Poroshenko já apoiara o presidente Yanukovych
(foi seu ministro do Comércio e Desenvolvimento Econômico), como tinha sido
ministro do Exterior, do antecessor Viktor Yushchenko. De Yanukovych, o
oligarca Poroshenko se afastara bem antes de sua fatídica escolha pela União
Aduaneira de Putin, em detrimento da proposta da União Europeia (o que
precipitaria o levante da praça Maidan e a subsequente fuga de Yanukovych).
Segundo os observadores, os votantes na região
oriental (a de fala russa) acorreriam em maior número às urnas eleitorais, se a
presença dos ‘manifestantes’ pró-Rússia não os dissuadisse ou mesmo
impossibilitasse o exercício desse direito pelo fechamento das seções. Sem
embargo, a região do Leste, máxime nas
áreas da antiga república de Donetsk, isto é, aquelas no entorno da linha férrea que vem de
Belgorod na Rússia (onde estão acantonadas as tropas de quarenta mil do
exército russo) e se estende até Luhansk no extremo leste e Mariupol, às
margens do Mar de Azov, a votação deverá
ser baixa, com muitas abstenções forçadas. No restante das províncias do Leste
deverá ficar claro o que realmente significa esse desejo de secessão de regiões
da Ucrânia. É um movimento minoritário, exacerbado do exterior (leia-se a
campanha da mídia e os elementos de uniformes descaracterizados de gospodin
Putin), e que só prevalece através da força bruta e da intimidação
Por motivos não esclarecidos, a
principal contendora de Poroshenko, Yulia Timoshenko (que perdera apertado para
Yanukovych no pleito anterior) não ameaçaria a liderança do ex-Ministro de
Yanukovych.
O que restaria determinar é se
haverá ou não segundo turno, pois não se exclui a possibilidade de que Petro
Poroshenko obtenha a maioria absoluta.
Governo Dilma
Em geral, os jornalões
deixam as estatísticas para a edição de domingo. Desta feita, na sexta a Folha inovou, publicando, com chamada de
primeira página, um quadro com cálculos de despesas do Governo federal, dando
realce às despesas totais com a Copa do Mundo.
Os gastos de União, Estados e Municípios
para o evento somam R$ 25,8 bilhões. Dada a necessidade de atualização desses
dados – eles começaram a sete anos, tendo sido concentrados nos últimos três –
é provável que se aproximem dos R$ 30 bilhões da usina de Belo Monte, no Pará.
Chama a atenção que um ano de Bolsa Família (R$ 24,7 bilhões) está
muito próximo do dispendido com a Copa do Mundo. Nesse caso específico, o
dispêndio com a bolsa família, sendo assistencialista, é feito a fundo perdido,
Nesse quadro dos encargos do Governo
federal, a estatística não sinaliza a despesa adicional provocada desde o
Governo Lula, com o aparelhamento pelo PT
mediante a contratação a título estável de novos funcionários. O incremento dos gastos correntes, mantido de
forma sustentada através de interminável série de concursos para a
Administração Federal, importou em inchação considerável dos quadros da União.
Com isso o Estado fica desprovido de maior elasticidade de gestão e de melhor
emprego dos fundos públicos. Através do burocratismo, sobrecarrega-se a União e
se criam verdadeiras castas dentro da Administração, com maior peso de encargos
para a União, sem correspondente ganho em efetivo aumento na qualidade do
serviço.
Seria interessante que em cálculo no
futuro do gasto federal anual se obtivesse a parcela relativa à inchação do
funcionalismo, por força dessa política de aparelhamento do Estado, que vem
sendo realizada de forma tão persistente pelas administrações petistas de Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Vitória de Nuri al Maliki no Iraque
Supostamente a guerra de Bush júnior contra o Iraque de Saddam Hussein seria para castigá-lo pelo suposto apoio dado ao ataque
terrorista contra as Torres Gêmeas do World
Trade Center em onze de setembro de 2011. Também alegadamente pesaram para
o conflito – que seria breve como o desejava o Secretário da Defesa Donald
Rumsfeld – as armas de destruição em massa (WMD) na abreviatura brandida pelos neo-cons[1],
de que o ditador de Bagdá dispunha e que precisavam ser destruídas. Por cima de
tudo, se estabeleceria um regime democrático no Oriente Médio !
Nunca uma guerra teve tão falsas
motivações: Saddam não ajudara Osama bin-Laden,
as armas de destruição em massa não existiam, e nem o resultado do ‘breve
conflito’ levou ao estabelecimento de autêntica democracia... Ao invés, Bush
Jr. obedecendo aos ditames de Dick Cheney,
Rumsfeld e a caterva dos neo-cons provocaria enormes déficits orçamentários para
Tio Sam e encetaria o famoso declínio
estadunidense, que se espraia pelo interior americano, com o desemprego e o
fechamento de indústrias.
Depois de sacrificar tanta gente –
americana e iraquiana – a guerra de Bush jr. legou para o presente um governo
xiita – o de Nuri Al Maliki – que é próximo aliado do Irã! Os métodos de
governo do premier al Maliki, com a
sua mão pesada, tem aumentado o dissenso no interior do país.
O magro
triunfo de al Maliki – obteve mais
uma vez a vantagem relativa, mas não tem maioria absoluta na Assembleia – não
impede que ele logre continuar no poder, ao compartilhá-lo com coalizões xiitas
rivais.
No entanto, continua o enfrentamento
entre as duas maiores seitas religiosas no Iraque: o xiita contra o sunita. E
essa luta não reveste apenas as características parlamentares, mas também o
enfrentamento armado. Por isso, os métodos autoritários são os preferidos de al
Maliki. Não fomentam o clima de paz,
necessário para o desenvolvimento do Estado, mas pelo menos, no seu entender,
são instrumentais para a sua permanência no mando.
Pelo visto, a República
Popular da China tem pressa. As suas operações cibernéticas parecem provir de
país que não respeite a legalidade e o fair
play nas relações comerciais.
A atual superpotência não
é decerto infensa a servir-se de meios extralegais para penetrar nas
comunicações políticas, pessoais e até econômicas de indivíduos e dirigentes
políticos. Para tanto, ela se prevalece de seu avanço tecnológico na velha arte
da espionagem, e se não fossem pelo contratado da National Security Agency, Edward Snowden, a maior parte das pessoas
e instituições visadas estaria até hoje nas trevas da ignorância quanto à sua
condições de vítimas da vez. E não é, como o demonstrou Snowden, que a NSA tenha muitos cuidados quanto à
extensão de sua maciça indiscrição.
Nesse sentido, a reação de nossa
Presidente Dilma Rousseff encontrou largo e compreensível apoio. Discordo
apenas da maneira de enfrentar tal desafio. O costume latino-americano de
querer proteger-se com as cortinas do respeito formal à soberania é no meu
entender atitude irrealista e de escassa serventia. Para proteger as próprias
comunicações, devemos criptá-las de maneira eficiente, investindo meios e
estudos com vistas a protegê-las, não através de posturas, palavras e até
documentos de circunstância, mas por instrumentos tecnológicos que nos
proporcionem o manto não da retórica, mas de trabalho bem-feito e aturado, que
nos garanta preservar a confidencialidade por mecanismos e sistemas que honrem
a inventiva de nosso Povo e a sua capacidade de arrostar desafios. Para tanto,
o único caminho seguro está no trabalho dedicado e na inversão dos meios
indispensáveis, tanto em dotações quanto em desenvolvimento nacional de
técnicas e aparelhos consentâneos.
Mas voltemos ao comportamento
cibernético da RPC. Um país que não
só aspira, mas caminha para tornar-se a principal potência internacional, não
poderia eticamente admitir servir-se de métodos do crime organizado para obter
informações de segredos industriais e comerciais de seus concorrentes dos
Estados Unidos.
As empresas americanas espionadas,
todas elas de grande porte e que negociavam com firmas chinesas, ou tinham
relações com empresas estatais da RPC, as quais recorreram ao auxílio de
sofisticada espionagem, para obter informações privilegiadas ou danificar um
computador protegido.
Assim, a Westinghouse Electric Co. (eletricidade
e energia nuclear), ao negociar a construção de usinas nucleares com empresa
estatal chinesa, teve roubadas informações secretas no design de tubulações. Por
sua vez, a SolarWorld, especializada
em energia solar, foi roubada em informações de custos e preços. Por isso, a
empresa perdeu mercado para concorrentes chineses. Outras empresas que foram
fraudadas pelos hackers chineses: a USSteel
(aço), a US Steel Workers Union (aço), Allegheny Technologies Inc. (metais) e a Alcoa, a maior empresa de
alumínio.
O FBI (Bureau Federal de Investigações) distribuíu retratos e notas
informativas sobre os principais hackers
chineses empenhados nessa particular modalidade de atacar, invadir, gerenciar e
controlar os computadores das vítimas empresariais.
Esse controle dos computadores das
vítimas empresariais tende a ser feito por e-mails,
em aparência inocentes, mas que trazem vírus no seu bojo, que permitirá ao hacker invadir, gerenciar e controlar o
computador da vítima designada. Como se fosse uma galeria de anúncios em
delegacia do Velho Oeste, o FBI
distribuíu retratos e as principais habilidades criminosas de cinco chineses,
todos na faixa entre os vinte e os trinta, e dois têm uniformes militares: Huang Zhenyu, programador; Wen Xinyu,
talvez o mais jovem do quinteto, hacker
controlador de computadores; Sun Kailiang,
com uniforme militar, mandava e-mails
com vírus; Gu Chunhui, disputa a
mocidade com Wen, e porta igualmente uniforme, hacker encarregado de testar e-mails com vírus; e por fim, o
intelectual do grupo – tem cara de Dr. No e de supervisor, Wang Dong.
Apenas uma pergunta mais: nesse
mundo cibernético, o PT, que busca
tudo aparelhar para apossar-se do instrumental do Estado e assim aumentar o
respectivo poder, terá pensado e realizado algo quanto à necessidade de defesa
cibernética de nossas grandes empresas, com a Petrobrás à frente?
Declarações do craque Ronaldo
De minha parte, aplaudo a coragem
de Ronaldo em afirmar o que todos estão deparando. Uma coisa é o burocrata da
Fifa, Jérome Valcke, tentar dar aos responsáveis por toda essa desorganização e
tardança puxões de orelha, outra muito diferente e de maior peso é a vinda de
Ronaldo para dizer que o rei (ou a rainha) está nu, e que mais deveria ter sido
feito, dado todo o tempo de preparação e os incontáveis reais destinados à
preparação.
Vir agora a público para
censurar quem tem coragem de afirmar a verdade factual – e entre as
personalidades está a própria Presidenta Dilma Rousseff e o seu Ministro dos
Esportes Aldo Rebello – me parece tentativa de negar o que está na cara de
todos.
Não será vestindo-se com o
pavilhão nacional, nem valendo-se da citação, fora de contexto, de Nelson
Rodrigues “complexo de vira-lata” que jogou com desrespeitosa brutalidade contra o
craque que nos deu o penta, que se mistificará a opinião pública, como se os
atrasos fossem invencionices.
Mais uma tentativa de um
governo ineficiente e incompetente para tentar empurrar esse elefantino atraso
para baixo do tapete...
(Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo, O Globo on-line, The New York
Times, The New York Review)
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