quinta-feira, 22 de maio de 2014

Grevismo e autoridade

                                          

      Estamos preparados para a Copa do Mundo?  Diante do festim das greves e da impotência das autoridades, nem a Velhinha de Taubaté se animaria a responder pela afirmativa.

      No Rio e em São Paulo, fazendo o que bem entendem, sem ouvir sequer a voz dos sindicatos autorizados, grupelhos e grupões soltam os mastins das greves selvagens, depredam os ônibus ou deles se servem como instrumentos para agravar os problemas da circulação.

      Aqueles que carecem de condução para ir ao trabalho, estão abandonados à própria sorte, diante da arrogância dos grevistas e seus cabecilhas. São estes que ditam a lei da selva para os poucos motoristas que ousem circular com os próprios coletivos, pois a lei e a ordem não se vê nesses logradouros.

        Assim, os papéis se invertem. E os que cumprem com suas obrigações no transporte público, devem, de cabeça baixa, interrompê-las, a mando de qualquer desconhecido, respaldado este pela força dos grevistas sem lei. A autoridade e seus representantes está recolhida aos próprios palácios e  quarteis, pois sendo tempo de murici, cada um cuide de si.

        A esse respeito, pesquisa de Datafolha entre os paulistanos mostra que o humor da população mudou na terra na qual surgiram as passeatas do passe-livre de junho. Se naquele mês de 2013, o percentual dos entrevistados que via negativamente essas manifestações era de  36%, hoje são contra 44% (52% a favor).  Também agora, a percepção de 73% é de que os atos geram mais prejuízos  do que benefícios para a sociedade.

         A desorganização na preparação para a Copa, as obras inacabadas, as suspeitas de corrupção, tudo isso pesa na avaliação dos paulistas. Em função disso, a conveniência de realizar no Brasil a Copa do Mundo, antes virtual unanimidade, encontra a sociedade dividida: 45% a favor, 43% contra, um empate técnico.  E como enorme cumulo-nimbo, alimentado pelo atraso, bagunça e gritantes indícios de corrupção, 76% dos paulistanos afirmam que os atos de protesto vão ganhar força até o Mundial, enquanto 90% deles acredita existir corrupção na organização do evento.

         Partindo da demagogia de Lula da Silva (12 sedes para a Copa!), as falhas clamorosas na lenta, tarda preparação dos estádios e dos aeroportos (padrão-Fifa!),  as análises do Tribunal de  Contas da União traçam um incrível quadro, em que se apresenta um anti-retrato para o mundo de como não deva ser a preparação do evento.

        É tempo de apertar o cinto, porque aí vem turbulência!

        E não se esqueçam das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, pois pode sobrar também para elas.  Já não falaram de que se sonda até a possibilidade de mudar a sede?

  

(Fonte: Folha de S. Paulo)

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