terça-feira, 13 de maio de 2014

Que País é este ?

                                   

      A situação atual do Brasil, a trinta dias da abertura da Copa do Mundo, me recorda aquela advertência de nossos maiores. Não desejes muito essa coisa, porque ela pode acontecer!
      Sob Lula da Silva, o magnânimo, Pindorama atravessava uma boa quadra, com límpidos céus e promissores horizontes.

      Resolveu, então, pleitear a sede de dois grandes certâmens, a Copa do Mundo em 2014, e as Olimpíadas, no Rio de Janeiro, em 2016. Talvez a dose haja sido excessiva. O atraso na preparação das Olimpíadas já tirou o COI, a autoridade esportiva competente, do sério. No que tange à Copa do Mundo – que sediamos há sessenta e quatro anos – faltam trinta dias para sua inauguração, e o cumprimento das metas estabelecidas pela FIFA está apenas em 41%.
       Depois de longas postergações, o que falta é feito às carreiras, muitas vezes de modo inaceitável, com o virtual não-cumprimento mascarado por arranjos de carregação, como puxadinhos, toldos e outras coisas do gênero.

      Segundo o levantamento da Folha de S. Paulo, das 167 intervenções (metas) anunciadas, apenas 68 estão prontas, i.e. 41%. As demais, que são 88 (53%) ainda não estão terminadas, ou ficarão para depois da Copa.  Sem falar dos projetos abandonados, que são onze.
       Não foi à toa que o Secretário-Geral da FIFA, Jérome Valcke, que tem sido uma espécie de fustigador-mor das autoridades brasileiras (lembram-se do prometido pontapé no traseiro?) sublinhou a crítica situação na mobilidade urbana (facilidades para os turistas se movimentarem  nas cidades-sede (não pensem que Brasil é Alemanha...). Se bem que a situação no Sul-maravilha não seja para grandes arroubos, quanto mais nos afastamos do litoral, pior fica a situação. Assim, os turistas que forem a Cuiabá não terão o VLT (Veículo leve sobre trilhos), que ligaria o aeroporto Marechal Rondon (considerado por pesquisa da Anac o pior do país) ao centro. Outrossim, as perspectivas são sombrias: a possibilidade de a capital do Mato Grosso fazer feio tem deixado os cuiabanos apreensivos. A cidade está convertida em canteiro de obras, muitas das quais não estarão concluídas a tempo.

       Outra das inclusões por Lula da Silva nas sedes do mundial, Manaus, tampouco disporá de VLT (que liga o aeroporto ao centro). Aí jogarão as seleções de Inglaterra, Itália, Portugal e Estados Unidos: o ‘fogo amigo’ na imprensa desses países, que não são exatamente periféricos, tenderá a ser pra lá de negativo, e mesmo pesado, vincando quem sabe a nossa suposta tendência para a irresponsabilidade...

       Mas voltemos àquelas que não estão prontas, a trinta dias da Copa. Dessas 99 (se juntarmos as obras abandonadas que são onze), 60 estão atrasadas, porém teriam possibilidade de conclusão, e  28 ficam melancolicamente para depois da Copa.

       Nos grandes aeroportos, os terminais melhorados de Guarulhos e Brasília  atenderão aos turistas. No entanto, o novo terminal de Guarulhos não estará em condições de atender à maior parte das companhias aéreas. Por outro lado,  Viracopos em Campinas perdeu o prazo para ficar pronto.

         Há muitas desculpas para os atrasos, os incríveis puxadinhos e o mais do mesmo – que é o caso do Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e também do Galeão.  Atribui-se aos genéricos ombros da burocracia a responsabilidade pelos vexames, conquanto as alterações de projetos e, por que não dizer, a displicência são fatores que deveriam ser computados.

        No meu entender, faltou ao governo federal – e não foi Lula da Silva que, demagogicamente, explodiu para doze as sedes do mundial, com a obrigação milionária dos estádios (e arenas) respectivas ? – senso de responsabilidade e sentido de gestão.

        Os ministérios federais beiram os míticos quarenta  de Ali Babá. Não teria sido o caso de dona Dilma – a quem irá boa parte da conta por um substancial fracasso na preparação da Copa do Mundo, problema que, aliás, foi satisfatoriamente atendido por todos os países que nos precederam como hospedeiros desse magno certâmen da FIFA – haver criado  autoridade ad hoc com responsabilidade para coordenar e implementar todas essas metas?  O único problema teria sido designar alguém que estivesse à altura das exigências da missão. Nada a ver, é claro e óbvio, com a atual safra de políticos da base de apoio.   Neste caso, poucos seriam os chamados e um o escolhido. Procurando bem, e sem antolhos,  não faltaria algum brasileiro que pudesse cuidar de forma abrangente e responsável deste magno desafio.  Por que será que não se pensou nisso?

 

(Fonte:  Folha de S. Paulo)                                              

                                                                                             (a continuar !)

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