A situação atual
do Brasil, a trinta dias da abertura
da Copa do Mundo, me recorda aquela
advertência de nossos maiores. Não desejes muito essa coisa, porque ela pode
acontecer!
Sob Lula
da Silva, o magnânimo, Pindorama
atravessava uma boa quadra, com límpidos céus e promissores horizontes.
Resolveu, então,
pleitear a sede de dois grandes certâmens, a Copa do Mundo em 2014, e as Olimpíadas,
no Rio de Janeiro, em 2016. Talvez a dose haja sido excessiva. O atraso na
preparação das Olimpíadas já tirou o COI, a autoridade esportiva competente, do
sério. No que tange à Copa do Mundo – que sediamos há sessenta e quatro anos –
faltam trinta dias para sua inauguração, e o cumprimento das metas
estabelecidas pela FIFA está
apenas em 41%.
Depois de
longas postergações, o que falta é feito às carreiras, muitas vezes de modo
inaceitável, com o virtual não-cumprimento mascarado por arranjos de
carregação, como puxadinhos, toldos e
outras coisas do gênero.
Segundo o
levantamento da Folha de S. Paulo,
das 167 intervenções (metas)
anunciadas, apenas 68 estão prontas,
i.e. 41%. As demais, que são 88
(53%) ainda não estão terminadas, ou
ficarão para depois da Copa. Sem falar
dos projetos abandonados, que são onze.
Não foi à toa
que o Secretário-Geral da FIFA, Jérome
Valcke, que tem sido uma espécie de fustigador-mor das autoridades
brasileiras (lembram-se do prometido pontapé no traseiro?) sublinhou a crítica situação
na mobilidade urbana (facilidades para os turistas se movimentarem nas cidades-sede (não pensem que Brasil é
Alemanha...). Se bem que a situação no Sul-maravilha não seja para grandes
arroubos, quanto mais nos afastamos do litoral, pior fica a situação. Assim, os
turistas que forem a Cuiabá não
terão o VLT (Veículo leve sobre trilhos),
que ligaria o aeroporto Marechal Rondon
(considerado por pesquisa da Anac o
pior do país) ao centro. Outrossim, as perspectivas são sombrias: a
possibilidade de a capital do Mato Grosso fazer feio tem deixado os cuiabanos
apreensivos. A cidade está convertida em canteiro de obras, muitas das quais
não estarão concluídas a tempo.
Outra das
inclusões por Lula da Silva nas sedes do mundial, Manaus, tampouco disporá de
VLT (que liga o aeroporto ao centro).
Aí jogarão as seleções de Inglaterra,
Itália, Portugal e Estados Unidos:
o ‘fogo amigo’ na imprensa desses países, que não são exatamente periféricos, tenderá
a ser pra lá de negativo, e mesmo pesado, vincando quem sabe a nossa suposta
tendência para a irresponsabilidade...
Mas voltemos
àquelas que não estão prontas, a trinta dias da Copa. Dessas 99 (se juntarmos as obras abandonadas
que são onze), 60 estão atrasadas, porém
teriam possibilidade de conclusão, e 28 ficam melancolicamente para depois
da Copa.
Nos grandes
aeroportos, os terminais melhorados de Guarulhos e Brasília atenderão aos turistas. No entanto, o novo
terminal de Guarulhos não estará em condições de atender à maior parte das
companhias aéreas. Por outro lado, Viracopos em Campinas perdeu o prazo para
ficar pronto.
Há muitas
desculpas para os atrasos, os incríveis puxadinhos e o mais do mesmo – que é o
caso do Santos Dumont, no Rio de
Janeiro, e também do Galeão. Atribui-se aos genéricos ombros da burocracia
a responsabilidade pelos vexames, conquanto as alterações de projetos e, por que
não dizer, a displicência são fatores que deveriam ser computados.
No meu
entender, faltou ao governo federal – e não foi Lula da Silva que,
demagogicamente, explodiu para doze as sedes do mundial, com a
obrigação milionária dos estádios (e arenas) respectivas ? – senso de responsabilidade
e sentido
de gestão.
Os ministérios
federais beiram os míticos quarenta de
Ali Babá. Não teria sido o caso de dona
Dilma – a quem irá boa parte da conta por um substancial fracasso na
preparação da Copa do Mundo, problema que,
aliás, foi satisfatoriamente atendido por todos os países que nos precederam
como hospedeiros desse magno certâmen da FIFA – haver criado autoridade ad hoc com responsabilidade para coordenar e implementar todas
essas metas? O único problema teria sido
designar alguém que estivesse à altura das exigências da missão. Nada a ver, é
claro e óbvio, com a atual safra de políticos da base de apoio. Neste
caso, poucos seriam os chamados e um o escolhido. Procurando bem, e sem
antolhos, não faltaria algum brasileiro
que pudesse cuidar de forma abrangente e responsável deste magno desafio. Por que será que não se pensou nisso?
(Fonte: Folha de S. Paulo)
(a continuar !)
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