A releitura das pesquisas
Segundo o colunista Ricardo Noblat o mais importante de uma pesquisa eleitoral não é
isoladamente o índice da intenção de votos de cada candidato. O que valeria
mais seriam as eventuais tendências que uma pesquisa fosse capaz de detectar.
Nessa
linha de raciocínio, o Datafolha e
outros institutos assinalam o signo da mudança. Nesse contexto, 74% dos ouvidos
pelo Datafolha responderam que o futuro
presidente deve governar diferente da maneira com que o país vem sendo
governado no último quadriênio.
Em tal
contexto, a mensagem não poderia ser mais clara: a mudança é o signo!
E quem
reúne mais preferências nesse sentido? Lula
! O ex-presidente tem 38% dos favores nesse sentido, e no PT, chega a 75%. No entanto, se Dilma
persistir, Lula da Silva não concorrerá.
De acordo
com suas declarações, Dilma não pretende ceder a vaga a Lula. No entanto, se a
sua popularidade continuar com viés de queda – e o ex-presidente a subir, a
dinâmica política tenderá a fazer-se sentir.
Além
disso, permito-me acrescentar que o fator salvação in extremis poderá precipitar as coisas. Afirmações de intransigência
voluntarista muita vez fenecem rápido, diante de quadro negativo e uma situação
manifestamente fora de controle. A perspectiva da derrota tende a afastar as
boas maneiras, e a criar situações novas, que antes não eram nem imagináveis,
nem admissíveis.
Quanto um
transatlântico ameaça afundar, não são só as ratazanas que saem dos porões na
busca de uma saída – qualquer saída.
Excesso de Lixo Nuclear
Na Europa,
a Alemanha de Angela Merkel tem sinalizado a reversão no emprego da opção
nuclear.
Não é
apenas por considerações ambientalistas estritas que tais preferências tem sido
externadas, com marcado viés anti-nuclear.
Que o
Brasil, país-continente, com toda a gama possível de opções energéticas que
existem em nosso território, já tenha construído três usinas nucleares – e pense
ainda numa quarta – é o cumulo da insensatez.
Hoje o noticiário nos diz que o “Lixo
nuclear ameaça parar usinas de Angra”. Em ulterior sinal de falta de
planejamento, se indica que os “depósitos de rejeitos radioativos estão à beira
do esgotamento”.
Que em
Pindorama se continue a pensar em usina nuclear diante dos perigos que esse
tipo de opção apresenta, e além disso de construí-las próximas de núcleos
demográficos relevantes, como as localizadas em Cubatão, foge por inteiro ao
bom senso.
A chamada indústria
limpa apresenta mais problemas do que a razão possa imaginar, como os desastres
ambientais a ela conexos mostram com sinistra e abundante cópia de pormenores.
Já se falou
que um parque de indústria eólica permanece inaproveitado por falta de conexão
com ... a rede energética. A par da
eólia, o Brasil, este país ensolarado, é milionário na energia solar, e, sem
embargo, nada se faz para que mais esse setor receba a atenção e a prioridade devidas.
E além das
malfadadas térmicas – chamadas às
carreiras – para suprir o déficit da energia hidrelétrica (que permanece uma
grande opção, malgrado os acidentes das secas, muitas delas causadas pelo bicho
homem) - há muitas outras fontes de energia, que não trazem o
malefício da nuclear.
Está realmente imperdível a crônica “Retrato Falado”, de Ferreira Gullar, na Ilustrada,
da Folha de S. Paulo, de ontem. Apenas acrescento que o dito retrato se refere
a Lula.
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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