sábado, 3 de maio de 2014

Diário da Mídia (XVI)

                                     

         A banana no campo

 
          Não é que Pelé tem alguma razão? Não temendo entrar na contracorrente, ainda mais em questão de preconceito racial, disse o maior jogador de futebol de todos os tempos: ‘ não dá para pegar uma coisa tão banal e fazer do limão uma limonada’.
          Com efeito, é um acontecimento corriqueiro, porque o preconceito na Europa contra o negro é lamentavelmente muito espalhado. Recordo-me que o mesmo fenômeno ocorria amiúde na Itália, e os torcedores em geral não lhe davam muita importância.

          Talvez a maior atenção sobre o fato terá sido gerada pela reação de Daniel, que mostrou a desimportância que dava ao gesto.
         A profusão com que a matéria tem sido repetida confere muito maior peso ao fato de o que ele efetivamente tem, e nesse sentido o preconceito racial teria repercussão maior de que esse ato tão ignóbil e reles faria por merecer.

         E talvez a revista Veja complete a baixaria do quadro, pondo na capa o jogador fazendo o gesto da banana. Com Pelé, acho que é descer ao nível do adversário orquestrar toda esta resposta a um gesto preconceituoso e desprezível a que, de resto, Dani Alves já dera contestação original e definitiva.

 
        Situação na Ucrânia

 
        O exército ucraniano avança na região leste, com o objetivo de quebrar o domínio por separatistas pró-Russia de vários centros importantes, como Donetz.

        Entrementes, o Kremlin declara a necessidade de negociar novo acordo sobre a Ucrânia, eis que o firmado em Genebra fracassou. Quanto a tal malogro, não há qualquer dúvida, e nesse aspecto se deve concordar com o governo russo.

       Mas há um detalhe importante que explica o fracasso de mais este acordo de Genebra.  A coisa não está funcionando por uma simples e singela razão: a Federação Russa, apesar de assiná-lo através do Ministro Sergei Lavrov, nunca teve a intenção de implementá-lo. Muito pelo contrário. Através de seus ‘voluntários’ e os milicianos separatistas, trabalhou ativamente para boicotá-lo, recusando-se a cumprir o que fora acordado nos salões do Palácio das Nações.

         Nesse contexto, a desfaçatez russa não tem limites. Ela se arrima no menosprezo do adversário, a que se empenha em desestabilizar e desmoralizar por todos os meios a seu alcance.

 
         Os observadores da OSCE são libertos

 
          Depois do tratamento desrespeitoso, inconveniente e mesmo moleque que permitira fosse dado pelos milicianos ‘voluntários’ pró-Rússia ao grupo de observadores da Organização da Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) – de que a Federação Russa é membro! - Moscou agora anuncia que o grupo – cuja organização coubera à Alemanha – está sendo liberado, livre enfim de confinamento de todo irregular.

         Não se sabe o que terá levado o Kremlin a afinal concordar com a liberação, a qual deveria ter sido prontamente determinada aos irregulares sob cujo domínio os observadores estavam confinados, ao arrepio das disposições internacionais.

         Mas não é assim que gospodin Vladimir Putin trabalha. Como na antiga KGB, a medida forte se sobreporá ao enfoque legal, enquanto tal atitude aproveitar ao interesse russo em desestabilizar Kiev.

         Por outro lado, será interessante saber no futuro como agiu a Chanceler Angela Merkel. Ostensivamente, nada fez. Tal, no entanto, dada a sua personalidade, discrição e, por último, mas não por menos (last but not least), como o referido grupo de observadores fora enviado à Ucrânia sob iniciativa alemã, seria estranhável que a reação germânica haja sido tão paciente e branda quanto filtrou na imprensa.

 
          A Direção do PT formaliza Dilma Rousseff

 
           Para tentar deter o movimento ‘Volta, Lula’, o presidente do partido Rui Falcão conseguiu que o 14º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores servisse para mostrar  unidade que os bastidores não têm confirmado.

           Assim, o Encontro em São Paulo foi empregado para formalizar a pré-candidatura da Presidenta e tentar mostrar uma unidade que os fatos não vem confirmando, sobretudo por força de declarações filtradas do ex-presidente (em que a solidez de tal apoio é discutível), assim como do desconforto dos partidos da base (aquela chusma de partidos a que aterroriza a perspectiva de um tropeço da Presidente e a consequente perda da cornucópia dos trinta e nove ministérios).

           Recordando, assim, o esquema de apoios em outras instituições – em que o fato de elevar o braço da candidata-presidente não necessariamente reflete empenho na efetivação de que o gesto se propõe visualmente implicar – o ex-presidente Lula da Silva levantou o braço de quem seria a sua candidata para o vindouro e magno prélio de três de outubro.

            Com isso, em aparência, desejam exorcizar o Volta, Lula.  Na verdade, o que decidirá da candidatura petista serão as prévias. Se Dilma continuar a despencar, malgrado todos os votos e lágrimas em contrário, não há santo que impeça a reconstituição da sagrada aliança, com Lula da Silva como cabeça de chapa.

            Se o escopo será para ganhar ou não, é outra estória. Assim como Dilma, Lula tem sofrido desgastes inesperados, como o descalabro da Petrobrás e, em especial, o escândalo da aquisição da refinaria de Pasadena. Mas ainda é cedo para dizer quem será o(a) candidato(a) petista. A meu ver, a decisão está mais com o Datafolha e o Ibope do que com o senhor Rui Falcão...

 
Discrepância entre candidatos

            
           Há concordância entre os candidatos do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos, no exercício de maior responsabilidade fiscal, ao invés de Dilma, que no seu controverso discurso do dia 1º de Maio mostrara a velha irresponsabilidade aumentando os gastos fiscais do Estado.

          Por outro lado, também na reeleição Aécio e Campos estão de acordo na necessidade de por-lhe termo (para cargos executivos), estendendo o mandato para cinco anos no caso de Presidente da República. Aécio não vê problema em que a reeleição tenha sido de iniciativa do tucano Fernando Henrique.

          Essa convergência dos dois candidatos – Aécio e Campos – pôs Marina Silva nervosa. Com efeito, veio a público para frisar que são profundas as diferenças dos programas dos dois candidatos de oposição...

 

(Fontes: O Globo on-line; O Globo; Veja)

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