Mais uma vez, o Governo Dilma
Rousseff promete uma coisa e faz outra. A partir de dezembro de 2006 até março
de 2014, o total dos empréstimos do Tesouro ao BNDES saltou de R$ 9,9
bilhões (0,4% do PIB) para R$ 414
bilhões (8,4% do PIB). Nesta semana, o governo pediu ao Congresso a liberação
de R$ 30 bilhões. Esses falsos empréstimos são manobra para enganar a
contabilidade da dívida líquida. Pois
salta aos olhos que o BNDES jamais pagará isso ao Tesouro. Esses supostos
empréstimos ao Banco na verdade configuram criação de dinheiro.
Ora, dinheiro
público carece de uma base fiscal (v.g.,
corresponder a fundos oriundos de tributos) para que não seja inflacionário.
‘Criar’ dinheiro para atender às respectivas despesas é voltar ao tempo das
emissões sem lastro fiscal. De novo a chamada contabilidade ‘criativa’, que não
engana a ninguém e muito menos ao dragão.
Com relação a
esse governo – que gasta muito além de seus fundos orçamentários – não é
possível logicamente acreditar na possibilidade que estaria reformado, vale
dizer, disposto a respeitar os compromissos de administrações ortodoxas,
aquelas que fazem o dever de casa.
O ‘discurso da
austeridade’ não durou três meses. A esse respeito, semelha muito relevante o
testemunho do economista Felipe Salto, da ‘Tendências Consultoria’, que é
citado na coluna de Miriam Leitão: ‘Quando houve o anúncio do
contingenciamento, demos um voto de confiança. O governo parecia ir pelo
caminho de mais austeridade e controle de gastos porque havia o risco de
rebaixamento da nota de crédito. Erramos nessa análise, porque o compromisso
não durou três meses.’
Infelizmente,
acreditar nas promessas de Dilma Rousseff e de seu Ministro Guido Mantega, como
os seguidos desmentidos factuais apontam de forma incontornável, não é mais dar
prova de credulidade e sim de falta de um mínimo de razão prática.
Toda a atuação
desse governo indica claramente que as suas mudanças de rumo tem compasso e
tempo certos. Quem acredita nessa administração e nas suas promessas, e assim
continua se pautando pelos suaves discursos da esperança e da reencontrada
retidão, dá embaraçosa prova de irresistível inclinação a ser iludido. É como
diz o personagem: ‘me engana que eu gosto’.
(Fonte: O Globo)
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