Caos climático anunciado
O que deveria
ser causa de união incentiva o dissídio. Julgando que o desafio é problema
geral, muitos se encolhem, e outros falam, mas não agem. Em lógica insana,
pensam que se a questão é geral, na verdade não seria de ninguém, na medida em
que a falência isolada lhes parece mais facilmente escamoteável. Quando a união
é mais do que necessária, eles crêem contorná-la com falsos questionamentos,
que, em verdade, a nada conduzem em termos positivos.
É difícil
classificar essa atitude dos políticos das primeiras décadas do século XXI.
Fortes no discurso, mas fracos, indigentes na práxis. Nesse campo, há dois tipos de negacionistas: os de má-fé, que encontramos no setor
petroleiro, entre outros, que se recusam a encarar o evidente, sendo capazes
inclusive de engajar falsos (ou desonestos) cientistas para emprestar enganosos fundamentos para as
suas teses, que poderiam ser descritas ‘estou me lixando do desastre mais-além,
desde que não seja para a minha geração’; e os mais que antes se denominava de burros dinâmicos, que têm o fraco de
descrer das evidências e de acreditar nas lorotas que lhes servem.
Quanto aos mais
preparados, muitos são fortes no discurso e nas avaliações do momento. Mas
infelizmente, por miopia ou oportunismo, preferem cortejar aqueles que pensam
poder ir levando, sem tomar providências com o peso que a situação exige, mas
borrifando as crises com frases de efeito, que parecem desvelar um empenho e
continuidade que os meses seguintes desmentirão.
Os cientistas –
quiçá o diga o futuro – semelham cassandras que com textos concisos e objetivos
apontam para verdades do amanhã, sem que quem lhes ouve ou lê empreste maior
tento e ameaça para a situação que desenham.
Essas
observações me vieram ao ler notícia no
New York Times acerca de relatório de cientistas que acaba de ser divulgado:
As mudanças
climáticas induzidas pelo homem estão sendo sentidas em todos os cantos dos
Estados Unidos, assevera o relatório.
A água escasseia
nas regiões áridas, as chuvas torrenciais aumentam nas úmidas. As ondas de
calor ficam mais prováveis e mais rigorosas.
Por outro lado,
os incêndios florestais pioram e as florestas vão desaparecendo sob o ataque de
insetos que gostam do calor (heat-loving).
Tais mudanças
foram causadas por aquecimento de menos de dois graus Fahrenheit (pouco mais de
um grau Celsius) em quase todas as áreas dos Estados Unidos no século passado
(sec.XX). Se os gases estufa como dióxido de carbono e metano
continuarem a avançar rapidamente, o aquecimento poderá exceder a dez
graus Fahrenheit no fim do corrente século XXI.
Como conclusão os
cientistas estadunidenses afirmam: ‘A mudança climática, antes considerada uma
questão para o futuro distante, adentra firmemente no presente’.
Será que tal
advertência vai ser levada a sério? Se levarmos em conta o passado, os
prognósticos não são bons.
Mas como a esperança
é a última que morre, pode ser que desta vez...
( Fontes: Carlos Drummond de Andrade,
‘The New York Times’ )
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