sexta-feira, 10 de julho de 2020

Bolsonaro é o inimigo do Meio Ambiente ?


               
        Segundo informa o jornal O GLOBO,       o atual governo organizou ontem, 5ª feira, nove de julho, vídeo-conferência com grandes investidores estrangeiros, com a intenção de mostrar o que tem sido feito para aumentar a proteção da Amazônia.
           A preocupação se deve à estratégia do Planalto para evitar fuga de recursos devida à agressiva política ambiental do regime. No encontro, o vice Hamilton Mourão pediu aos partícipes que financiassem projetos na área de Meio Ambiente no Brasil. Os empresários, satisfeitos com o novo discurso oficial,  não deixaram de deixar claro que precisam de resultados concretos para garantir novos investimentos.

              Como é do geral conhecimento, participaram do encontro dez grandes instituições financeiras - Storebrand, BlueBay, NN investment, Robeco, KLP, SEB, AP2, Legal and General Investment Management, Nordea e Sumitomo Mitsui.
                Tais empresas fazem parte do grupo de investidores - gestores de US$ 3,75 trilhões em ativos - que encaminhara, diante do estranho papel do atual Governo na suposta defesa do meio ambiente, carta aberta para oito embaixadas brasileiras, manifestando preocupação (concern) com o aumento do desmatamento no Brasil e em especial na Amazônia.

                  Além de Mourão, o governo contou  com a presença dos ministros general Braga Neto (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura), Ernesto Araújo (Itamaraty), e o presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto. De forma insólita, o ministro titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles,também esteve presente. Compreende-se que tal presença haja causado tanto surpresa, quanto desconforto entre os investidores, que têm criticado, com sobejas razões, a "política" adotada por esse senhor à testa da Pasta ambiental.
  
                 Na lista de projetos apresentados por Mourão estavam alguns financiados pelo Fundo da Amazônia  (Floresta Mais e o Adote um Parque), pelo qual serão oferecidos mais  de cem parques  nacionais para empresas privadas manterem e conservarem tais espaços.
                     - Em nenhum momento, eles se comprometeram com alguma política dessa natureza. Eles querem ver resultados e qual é o resultado que nós podemos apresentar? É que haja efetivamente uma redução do desmatamento - afirmou o general Mourão.
                         Assinale-se que a pressão sobre o governo Bolsonaro por causa de sua política ambiental também vem de dentro do país. No início da corrente semana, um grupo de 40 empresários, além de representantes de 4 entidades setoriais encaminhou para Mourão - que preside o Conselho Nacional da Amazônia - carta encarecendo maior comprometimento do Planalto com o combate ao desmate. Nesse sentido, Jeanette Bergan, chefe de in- vestimentos responsáveis do KLP,  o maior fundo de pensão da Noruega, disse à coluna Capital que, embora seja positivo o novo discurso  do Governo brasileiro sobre a Amazônia, os gestores não estão muito interessados em narrativas - querem resultados concretos sobre a redução do desmatamento e comprometimento do Brasil com o Acordo de Paris. Mas precisamos ver resultados concretos. Quando avaliamos o risco de investimento, avaliamos fatos. Então não interessa muito o que se fala, a não ser que o discurso seja seguido de atos concretos - afirmou a executiva.
                         Durante o encontro, Mourão chegou a afirmar que 84% da Floresta Amazônica estão preservados. Ele também argumentou que o desmonte dos órgãos ambientais, outro foco de questionamentos de parte dos investidores, não é culpa da gestão Jair Bolsonaro. Nesse contexto, essa assertiva pode ser objeto de dúvidas, notadamente a presença à testa do Ministério do Meio Ambiente do senhor Ricardo Salles, cuja presença em qualquer reunião sobre a matéria é bastante para causar desconforto e mesmo surpresa entre os inversores, que tem criticado - e com sobejas razões - o arremedo de política que este senhor adota à frente da Pasta.            
                            "Nosso governo não é responsável pelo desmonte de estruturas das agências ambientais. Nós herdamos tanto o Ibama como o ICMBio com reduzido número de servidores. Com as questões orçamentárias que nós vivemos e a proibição de concursos, nós estamos buscando uma solução - disse o vice.
                                Dentro do pacote de promessas, Mourão também destacou a suspensão por 120 dias de queimadas no país. Segundo acrescentou ele:"Esse decreto deve estar pronto para firma do presidente da República na próxima semana."
  
                                 Após a reunião, os investidores divulgaram nota conjunta, assinada por Jan Erik Saugestad, da firma norueguesa Storebrand:  "Ficamos encorajados pela resposta inicial e pelo diálogo com os representantes do governo brasileiro e esperamos pela sua continuação e por resultados concretos. É somente por meio de colaboração entre governos, empresas e investidores que podemos alcançar as mudanças necessárias. Isso marca um começo." Nesse sentido, os investidores pediram redução significativa nas taxas de desmatamento que, segundo eles, demonstraria   "esforços críveis para cumprir o compromisso estabelecido na legislação brasileira para o clima."

                                   A par disso, querem a aplicação do Código Florestal; fortalecimento das agências ambientais; prevenção de queimadas na região da Amazônia, e acesso público a dados sobre o desmatamento, cobertura florestal e rastreabilidade de cadeias de suprimento de commodities.      

                                   Depois dos estrangeiros, o Governo Bolsonaro terá hoje reunião com empresários brasileiros. Os executivos nacionais querem que o Palácio do Planalto dê garantias ao setor privado  de que algumas das ações e compromissos assumidos para aumentar efetivamente o combate ao desmatamento saiam efetivamente do papel.

( Fonte: O Globo )

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