quinta-feira, 2 de abril de 2015

Variações no Front da Propina


                                 

        Dentro do mapa da corrupção, a utilização da propina cresce nos mais variados setores de atividade.

        Depois que a propina foi institucionalizada pelo flamante governo do PT, com a assunção de Lula da Silva em janeiro de 2003, a Lava-Jato expõe, através de nova delação, mais um escândalo, ora no setor de transportes.

        Desde Dilma I pesam muitos indícios de corrupção nessa área, que é administrada pelo P.R. Havendo, a seu tempo, o Ministro sido afastado, dentro da operação faxina – que apesar do estardalhaço pouco durou – agora, o presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, confessou o pagamento de propina para executar obras na Ferrovia Norte-Sul.

        Segundo asseverou Dalton – que abraçou igualmente a delação premiada – o ‘modelo’ praticado no dito pagamento é similar ao que foi utilizado para os desvios na Petrobrás, nele incluída, portanto, a formação de cartel. Tal esquema é similar ao “Clube das Empreiteiras”, que determinava, como outrora nos pactos dos rackets americanos, quais empreiteiras venceriam as licitações na Petrobrás. Mutatis mutandis, o esquemão desse banditismo organizado onerava, às custas da União, a fatura a ser paga aos serviços prestados.

        Na Norte-Sul, a empreiteira assinara em 2010 contratos de R$ 1 bilhão com a Valec, estatal que administra as ferrovias brasileiras.  Essa Valec, sobre cujos encarregados já pesaram suspeitas de superfaturamento, disse não ter sido notificada sobre o conteúdo da delação.

        Dentro do arquipélago de chagas da corrução, os investigadores ora desejam saber se as regras desse cartel no setor ferroviário seriam idênticas ao esquema coordenado pelo presidente da UTC, Ricardo Pessoa, no que respeita à Petróleo Brasileiro S.A.  Releva notar que, como sói acontecer nos negócios da corrupção, a modalidade seria igualmente praticada entre empresas envolvidas na Lava-Jato, i.e., Constran (ligada à UTC), Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.

        A propina, esse não tão novo instrumento dentro do turvo mar da corrupção, seria empregada e de forma pró-ativa por Fernando Reis, delegado-titular da Delegacia do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro.

        Ele e mais nove policiais, seus cúmplices, são acusados de achacar e sequestrar empresários, exigindo até R$ 1 milhão em resgates. Já se sabia do dúbio emprego das multas seletivas, supostamente para preservar a floresta amazônica, cuja destruição é maior no Pará e no Mato Grosso.

        Por outro lado, dentro da onda de corrupção, a baixada fluminense é a vítima da vez de prefeitos ultra-corruptos, como o de Itaguaí, Luciano Mota (PSDB) . Este no ataque às verbas do município, até helicóptero comprou, e três carros de alto luxo, incluída uma Ferrari.   

        O vice-prefeito Weslei Pereira (PT) – que teve a iniciativa da denúncia -  solicitou revisão patrimonial na prefeitura, nas secretarias e demais imóveis da municipalidade.  Ele já pediu, outrossim, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE)  vistoria extraordinária nas contas do município. Weslei afirmou  que irá contratar empresa de auditoria privada para levantar o rombo no cofre da prefeitura.

         O novo prefeito já demitiu dez secretários ligados ao antecessor, entre eles a secretária da saúde, Andréia Lima, que é... fotógrafa.  Ela vem a ser irmã de Amaro Ferreira Gagliardi, assessor de assuntos extraordinários, e um dos indiciados na investigação da Polícia Federal. Além dos Secretários, foram igualmente afastados dois policiais militares – Márcio Soares de Oliveira e Sílvio Siqueira Silva, que atuavam na segurança pessoal do prefeito.

         Dentro do sistema de depredação da Prefeitura, existe rede formada de pelo menos quinze empresas, algumas de fachada, que estão em nome de laranjas, e que firmaram contratos em regime de emergência, com dispensa de licitação. Essas ‘empresas’ recebiam até R$ 50 milhões anuais da Prefeitura de Itaguaí.

         Luciano Mota, o prefeito destituído, é suspeito de chefiar esquema de até R$ 30 milhões por mês – um terço da receita mensal do município, que tem pouco mais de cem mil habitantes.  A origem para o assalto organizado dessas receitas vinha dos recursos dos royalties do petróleo e do Sistema Único de Saúde (SUS), que são repassados pelo governo federal.

         Dado o pandemônio criado pelo prefeito Luciano Mota, há greves no funcionalismo sobretudo nas áreas da saúde e educação. Também pela profusão de bens públicos roubados, aguarda-se levantamento no setor de patrimônio sobre bens desaparecidos (aparelhos de ar condicionado no hospital municipal, televisões, etc.)

 

( Fonte:  O  Globo )

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