quinta-feira, 16 de abril de 2015

Em mares nunca dantes navegados

                      

        A prisão do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, é mais um elo que se completa na Lava-Jato. Não é o primeiro tesoureiro desse partido que é preso.  Delúbio Soares fora condenado na Ação Penal 470 (Mensalão), mas a sua pena foi reduzida, em função de alterações na composição do Supremo, o que fez cair a inclusão de formação de quadrilha.

       Na oportunidade, o relator da Ação, o Ministro Joaquim Barbosa lamentara o enfraquecimento da pena. A saída, por limite de idade, de ministros  do Supremo (Cezar Peluso, em 2012; e Carlos Ayres Britto (março a novembro de 2012) afetou a maioria no Tribunal, que até então julgara os réus desse processo célebre. As posteriores indicações, feita pela Presidente Dilma Rousseff, tenderam a tornar menos severas as condenações, que chegaram ao ponto de não ver formação de quadrilha na tipificação dos delitos.

        A prisão de Vaccari Neto, que acabara de prestar um inconclusivo depoimento em sessão da CPI do Congresso, realizada em ambiente circense (foram lançados camundongos e hamsters na sala da Comissão), que, como é usança, nada adiantara para os trabalhos parlamentares,  completa agora a sua esperada progressão.

        A determinação do juiz Sérgio Moro visa a preservar a coleta de informações no processo, que a liberdade de Vaccari Neto poderia prejudicar.  Determinada a sua detenção – já se acha na prisão de Curitiba – o PT apressou-se em anunciar-lhe o afastamento do cargo, ainda que haja reafirmado acreditar na sua inocência.

        Quando as coisas andam mal, o desentendimento grassa.  Nesse contexto, o Palácio do Planalto  lamentou que o PT não tenha afastado Vaccari Neto antes de decretada a prisão. Nessa visão, para o PT no governo teria sido melhor que Vaccari não fosse destituído ainda no pleno exercício das respectivas funções, cujo âmbito nessa hora de tormenta se terá reduzido deveras.

         Mas o antes jacobino Partido dos Trabalhadores hesitaria na fatal disjuntiva: afastá-lo antes da prisão, e por conseguinte admitir-lhe a suspeição; ou aferrar-se à alegada inocência, e em consequência incorrer no ônus de ter o próprio tesoureiro em funções plenas mandado para a cadeia.

          Outro desenvolvimento que turva ainda mais as águas palacianas è a aprovação, por unanimidade, pelo Tribunal de Contas da União do voto do ministro José Múcio Monteiro, que considerou ilegais as manobras da equipe econômica do Dilma I, as chamadas ‘pedaladas fiscais’ de 2013 e 2014. Segundo estabelecido, o Tesouro atrasou repasses de recursos a bancos públicos, ferindo a Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF). Múcio vai ouvir dezessete depoimentos, entre os quais o do  ex-Ministro Guido Mantega, do titular do BC, Alexandre Tombini, e do então presidente do Banco do Brasil e atual da Petrobrás, Aldemir Bendine.

          O magno-escândalo do Petrolão continua, pois, a pleno vapor. Na velha fórmula de que muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos – e no caso em tela a suposta preferência não implica em benefício mas em provável dano – esse problemaço da República, que, ao parecer, marcha célere para transformar-se em causa célebre, já terá lançado sua ominosa e maligna sombra por cima de muitos personagens da República, mas tais efeitos ainda poupam uma restante e ora solitária personalidade.

         Valendo-se da licença cômica que desde tempos imemoriais foi assegurada nas cortes e é hoje repassada aos cartunistas da imprensa, Chico Caruso nos tem regalado com incursões que se antecipam ao sentir da sociedade. Dentro da sua excelência, as chamadas impressões digitais de um especial companheiro vem recebendo, em série digna de nota, uma atenção crescente, começada com o quadro primevo nos barris da então presidente da Petrobrás, Graça Foster.  

            Essa inserção é tanto mais válida, quanto complementa silêncio digno de especial nota, e que ainda perdura, posto que não se saiba por quanto tempo. De toda forma, qual segredo de Polichinelo, ele repontou em blocos de carnaval, com a desigual dupla encenada por parecenças populares.

            A sensação para alguns é de que nova irrupção do  Vesúvio seja de esperar, embora, consoante fontes, umas críveis, outras não, o futuro a Deus pertença...

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

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