quinta-feira, 10 de abril de 2014

Diário da Mídia (XIII)


                       
Inflação de D. Dilma

 
       Quem semeia ventos, colhe tempestades.  Montado em um esquema clientelista e disfuncional, com planos desenvolvimentistas que goraram, o dílmico governo enfrenta  inflação desembestada. Só no Rio de Janeiro, em março ela chegou a 7,87%, com a dúbia honra de estar bem acima da média nacional.

       Segundo a colunista Miriam Leitão, a inflação estará acima do teto perto da eleição. De acordo com a economista Monica de Bolle – citada por Miriam – até  o meio do ano a inflação superará o teto da meta.

      A alça da carestia é um fenômeno sistêmico: “a inflação tem se mantido alta por muito tempo e quando isso acontece qualquer choque eleva a taxa e ela sai dos trilhos” (Monica de Bolle, apud Miriam Leitão).

 

Ataque à Lei da Responsabilidade Fiscal

 
       Em outro passo irresponsável, o Congresso ontem (recorde-se leitor que quarta-feira é o dia em que os parlamentares trabalham) aprovou texto em duas comissões (Assuntos econômicos; e Constituição, Justiça e Cidadania, ambas do Senado) para mudar os indexadores dos contratos de dívidas de estados e municípios com a União.

      Como se há de recordar, a investida contra a Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF) começara com os agrados para o prefeito Haddad, companheiro petista, ora na Prefeitura de São Paulo (que tem enorme dívida com a União).

      Pegando jacaré com a proposta de modificação dos indexadores encaminhada pelo Governo, o projeto prevê que as dívidas de estados e municípios passem a ser corrigidas pela taxa Selic, ou pelo IPCA mais 4% a.a., o que for menor. No esquema concessivo, o texto da proposta permite ainda a revisão retroativa dos estoques até o fim de 2012.

     Como esse projeto, pela sua irresponsabilidade e afronta aos princípios da LRF, justamente em momento em que as contas públicas passam por crise de credibilidade (dados os malabarismos fiscais do Tesouro, que já se tornaram notórios), tal proposta aprovada nas comissões do Senado foi duramente criticada pelo mercado, dada a afronta que constitui à Lei da Responsabilidade Fiscal.

     E, vejam só, depois de iniciar o processo – cujas implicações conhece bem – o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, retirou o apoio à referida emenda e disse que ela não é mais uma prioridade para o Governo. Sem embargo, essa barretada vem de quem acionara a máquina infernal da desestruturação da LRF. E como seria de esperar, em ano eleitoral, o Congresso faz com que a emenda à Lei da Responsabilidade Fiscal siga em frente,  eis que supostamente ajuda a reduzir o endividamento de estados e municípios.

     Entretanto, não é com estórias da carochinha que se põe jeito nas finanças dos Estados e Municípios. No melhor dos casos, o truque fiscal repassaria o débito para as finanças da União, com as presumíveis consequências.

     Este episódio relativo à Lei da Responsabilidade Fiscal frisa muito bem o papel ambivalente do Governo Dilma. De forma leviana e pouco responsável, põe em funcionamento mecanismo que só pode trazer mal para a LRF. O escopo primeiro seria beneficiar a Prefeitura da S. Paulo – ora sob comando petista – ‘recompensada’ pelo fato de até hoje não haver cuidado de atender ao pagamento da própria dívida. Não adianta agora, como faz o Ministro Mantega, mandar vir a bacia para lavar as mãos, e afirmar que a dita proposta deixa de ser responsabilidade do governo... Uma vez a máquina posta em funcionamento, se se trata de agrados e benesses em ano eleitoral, fica complicado dissociar-se dos respectivos efeitos...

 

CPI ampliada é  remédio para quê?

 
      Sob a batuta do Senador Romero Jucá, a maioria governista conseguiu aguar a CPI mista para a Petrobrás.  No seu intento de diminuir o eventual impacto do exame dos escândalos na Petrobrás, aprovou-se a inclusão – ainda que de todo desconexos com a questão acima -  do cartel no Metrô de São Paulo e atividades no porto de Suape (Pe).

      A manobra, além de ser dilatória, é diversionista, eis que inclui tópicos de que têm suposta responsabilidade os governos do PSDB (SP), e do PSB (PE).  A maioria petista busca assim jogar na arena  os pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). 

      A par disso, o PT e os demais partidos aliados se empenham em adiar ao máximo o início do processo, consoante a determinação do condestável Lula da Silva, a quem seria anátema ressuscitar uma comissão tipo Mensalão.

      Com esta amorfa maioria que o PT vem conseguindo manipular, o mais provável é que a futura CPI, se sair de seus cueiros, vá obedecer à velha prescrição de Orestes Quércia,  que tinha uma queda por pizzas...

 

(Fontes: O  Globo, Folha de S. Paulo)  

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