O primeiro ministro
húngaro, Viktor Orbán, rasgou o que lhe restava de máscara, enquanto à
colocação da Hungria entre as democracias - que até o presente ainda podia
tentar valer-se de sua presença na União Europeia como uma espécie de
álibi, como se fora país em que não só a
Lei, mas também o pensamento se respeita - e, sem embargo, foi arrastada pelo
seu Primeiro Ministro para a governança
autoritária, em que qualquer veleitária fachada democrática é sumariamente
abandonada.
Que esse pequeno monstrengo
autoritário possa conviver na sociedade do organismo de Bruxelas, por um lado
espanta e exaspera, na medida em que se admita continue nesta assembleia criada
por democratas para que se constituísse uma sociedade de peso, em que a Lei e o
Bem Comum fossem promovidos sob a condição mínima do respeito à Democracia, eis
que qualquer regime em que a Liberdade não prevaleça representa a antítese do Projeto
dos Pais da União Europeia, como Konrad Adenauer, De Gasperi e Charles de
Gaulle.
Não creio seja o caso de
aprofundar o exame da tragédia húngara. Nas ditaduras, sobretudo naquelas que
ao invés do tacão das botas, se fantasiam sob leis que oprimem e sufocam a
democracia, supostas formalidades podem estar sendo alegadamente observadas, mas
que não se enganem as suas vítimas porque a Lei aprovada pelas torpes maiorias
do absolutismo são arremedos de uma outra triste realidade, que é a da
hipocrisia. Nenhuma Ditadura, qualquer que seja a respectiva roupagem, há de
conferir ao próprio líder outra aparência que a de um tirano, que pensa
encontrar no terror que inspira aos próprios cidadãos respeito e obediência,
quando na verdade tais infelizes são apenas vis servos da Hipocrisia, como
princípio e do Medo, como realidade .
Muitas palmas então ao pequeno
Tirano de uma Hungria que se sente ficou menor,
sob o manto da régia mediocridade que é o adereço dos pobres de espírito
!
(
Fonte: Folha de S.Paulo )
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