Segundo noticia o
Estado de S. Paulo, a principal empresa de consultoria do mundo para avaliação
de risco político, a Eurasia mudou para pior as perspectivas do Brasil.
Com efeito, até a pandemia do coronavírus chegar ao
Brasil, essa consultoria acreditava que, apesar da beligerância do presidente
Jair Bolsonaro, o Congresso progredia no sentido da aprovação de reformas que conduziriam
a maior crescimento econômico, alimentando um ciclo virtuoso, a longo prazo,
para o país."Esse ciclo se quebrou", diz Christopher Garman, diretor
da consultoria para as Américas. "E poderemos ter um ciclo vicioso."
Para Garman, por causa dos
desdobramentos da crise do coronavírus, o País pode correr, inclusive, o risco de um conflito institucional mais
sério, se o presidente Jair Bolsonaro, em reação a um enfraquecimento político,
continuar a apelar à retórica anti- política. Nesse contexto, tudo vai
depender, na sua avaliação, de como será
a reação do Palácio do Planalto, nas próximas semanas, ao aumento da propagação
da doença. Para o analista, a postura
inicial do governo foi "desastrosa", mas ainda há tempo para ele tentar se recuperar.
E acrescenta: "Os momentos
mais dramáticos, do ponto de vista econômico e social, ainda estão por vir. Os
maiores testes, também."
Perguntado sobre as perspectivas do
cenário, Garman respondeu: "Nós poderemos ter crescimento baixo; um
presidente que reage ao seu enfraquecimento, indo às suas bases e reforçando a
retórica anti-establishment contra a classe política e uma classe política
desesperada com as suas perspectivas de reeleição em 2022. Então a coalizão
reformista no Congresso também poderá se fracionar. Aquele cenário de que
aprovar reformas era do próprio interesse dos parlamentares, com um presidente
um pouco mais tranquilo da sua posição política e com um ciclo virtuoso de
reformas e crescimento econômico se auto-alimentando, esse ciclo foi quebrado.
E poderemos ter um ciclo vicioso."
Inquirido sobre se existe
possibilidade de um conflito institucional sério mais à frente, assim respondeu
o analista: "Essa hipótese, com certeza, entrou no radar. É isso que queríamos sinalizar com um downgrade a longo prazo. O cenário
político que virá depois da crise vai depender muito de o que acontecerá nos próximos dois, três meses. Os
momentos mais dramáticos, do ponto de vista econômico e social, ainda estão por
vir. Os maiores testes, também. O governo está fazendo uma mudança, mas a
avaliação de como ele passará por esses testes vai depender da agressividade
das medidas."
Por fim, perguntado sobre como
avalia as medidas tomadas até o presente, Christopher Garman respondeu: As
primeiras iniciativas foram tímidas.
Acredito que a ajuda às famílias e às empresas vai aumentar muito. A
pergunta é se o governo vai liderar esse processo ou não. Se for tímido, o
Congresso vai agir com propostas mais agressivas. Então, o risco de haver
medidas não coordenadas ou que acarretem gastos permanentes na estrutura fiscal
aumenta. O ideal é que o governo tome medidas muito agressivas, mas com uma
estrutura de gastos temporária, de modo que a dinâmica fiscal possa ser
equilibrada, quando passada a crise.
Para isso funcionar, eles precisam estruturar essas propostas e colocar
uma bala muito forte. Eles estão agindo
nessa direção, mas estão ainda atrás da curva. O perigo é que errem na dosagem.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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