Dentro do contexto das declarações do
Presidente Bolsonaro, e do seu negacionismo político, o governador do Rio de
Janeiro, Wilson Witzel (PSC) deu entrevista ao Estado de S. Paulo. Perguntado
pelo Estadão "como o senhor avalia a estratégia do presidente de combate ao coronavírus
?" -
"Desastrosa. Na
medida em que o pronunciamento se dissocia dos atos administrativos já
existentes, até do próprio governo, ele incide em improbidade administrativa,
porque praticou desvio de finali-dade no ato convocatório em cadeia de radio e
televisão, e fala absolutamente contra o que já estava estabelecido."
"Ele tem que responder juridicamente por
isso?"
"Juridicamente
sim. Está na recomendação do Ministério Público Federal: desvio de finalidade. Diz
que o pronunciamento do presidente refutou a necessidade de isolamento social,
criticando o fechamento das escolas e do comércio."
"Quais as providências?"
"Ação
de improbidade, no mínimo. O presidente deveria agora, em cadeia nacional,
fazer novo pronunciamento e corrigir o equívoco, o que não o impede de ser
responsabilizado pelo anterior. Desautorizar os governadores cria para nós uma
situação de desobediência civil."
"Juridicamente teria motivo para impeachment? E politicamente, tem clima
?"
"Estamos vivendo
muitas crises. Econômica, de saúde. Neste momento, o mais racional é convencer
o presidente de que ele tem de fazer a coisa certa, e deixar para pensar em
qualquer outra situação depois que superarmos o coronavírus. Não é hora de se
falar em impeachment, que vai
paralisar o Congresso."
"
Qual é a saída política para o cabo de guerra entre o presidente e os
governadores?"
"Está faltando ao
presidente entender que é preciso buscar
o consenso na política."
"O que pesa? É a sucessão de 2022? O Sr. é
percebido pelo presidente como adversário."
"Todo mundo que
tem um destaque maior ele acha que vai ser candidato a presidente. O único que
está pensando em eleição em 2022 é o presidente. Todos os outros estão
trabalhando. E ele vê todos os outros
como adversários. As ações dele demonstram que todo mundo que faz o seu
trabalho e está fazendo o certo, acertando vira inimigo para ele."
"
Inclusive o ministro Mandetta?"
"O ministro
Mandetta... quem mais entrou? Daqui a pouco o Guedes também entra... Ou seja, todo mundo que está fazendo o seu
trabalho e que acaba, de uma forma ou de outra, tendo protagonismo, vira
adversário do presidente."
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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