sexta-feira, 27 de março de 2020

Crise na Saúde: Entrevista Witzel


                                   

        Dentro do contexto das declarações do Presidente Bolsonaro, e do seu negacionismo político, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) deu entrevista ao Estado de S. Paulo. Perguntado pelo Estadão "como o senhor avalia a estratégia do presidente de combate ao coronavírus ?" -

"Desastrosa. Na medida em que o pronunciamento se dissocia dos atos administrativos já existentes, até do próprio governo, ele incide em improbidade administrativa, porque praticou desvio de finali-dade no ato convocatório em cadeia de radio e televisão, e fala absolutamente contra o que já estava estabelecido."

"Ele tem que responder juridicamente por isso?"

"Juridicamente sim. Está na recomendação do Ministério Público Federal: desvio de finalidade. Diz que o pronunciamento do presidente refutou a necessidade de isolamento social, criticando o fechamento das escolas e do comércio."

"Quais as providências?

"Ação de improbidade, no mínimo. O presidente deveria agora, em cadeia nacional, fazer novo pronunciamento e corrigir o equívoco, o que não o impede de ser responsabilizado pelo anterior. Desautorizar os governadores cria para nós uma situação de desobediência civil."

"Juridicamente teria motivo para impeachment? E politicamente, tem clima ?"

"Estamos vivendo muitas crises. Econômica, de saúde. Neste momento, o mais racional é convencer o presidente de que ele tem de fazer a coisa certa, e deixar para pensar em qualquer outra situação depois que superarmos o coronavírus. Não é hora de se falar em impeachment, que vai paralisar o Congresso."

" Qual é a saída política para o cabo de guerra entre o presidente e os governadores?"

"Está faltando ao presidente entender que é preciso buscar  o consenso na política."

"O que pesa? É a sucessão de 2022? O Sr. é percebido pelo presidente como adversário."

"Todo mundo que tem um destaque maior ele acha que vai ser candidato a presidente. O único que está pensando em eleição em 2022 é o presidente. Todos os outros estão trabalhando. E ele vê  todos os outros como adversários. As ações dele demonstram que todo mundo que faz o seu trabalho e está fazendo o certo, acertando vira inimigo para ele."

" Inclusive o ministro Mandetta?"

"O ministro Mandetta... quem mais entrou? Daqui a pouco o Guedes também entra...  Ou seja, todo mundo que está fazendo o seu trabalho e que acaba, de uma forma ou de outra, tendo protagonismo, vira adversário do presidente."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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