terça-feira, 10 de março de 2020

Diplomacia de Bolsonaro é de combate ?


          
       Segundo Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos de Collor  e de FHC,  afirmou ontem, nove de março, que a diplomacia do governo Bolsonaro rompe com a tradição do Itamaraty por ser  de "enfrentamento".

         "A política externa que Bolsonaro conduz é uma diplomacia de combate. A tradição do Brasil é a diplomacia de cooperação, que traduz necessidades  internas em possibilidades externas", declarou Lafer na sua aula inaugural para alunos do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP).
          " Cooperação entende-se, por exemplo, como a solução pacífica de controvérsias, a prevalência dos direitos humanos e a não-intervenção." São "princípios que embasam a tradição diplomática no Brasil e não se inserem, com elegância hermenêutica, na diplomacia de combate."

          Segundo explicou o Professor da Faculdade de Direito da USP, "em um cenário internacional complexo - com tensões nas altas esferas de poder, como a disputa entre EUA e China e os conflitos no Oriente Médio - é preciso promover o diálogo."
            Nessa linha de raciocínio, o professor Celso Lafer continuou "não tem como resolver esses  assuntos a não ser mediante um esforço de entendimento. Uma diplomacia construtiva, como o Brasil deveria fazer e é de sua tradição, seria importante para ajudar a criar um clima nesse sentido."
             Sob o mesmo ângulo, o ex-chanceler destacou ainda que ao Brasil interessa o bom funcionamento do sistema internacional e ressaltou que o País tem construído sua participação global por meio de sua vocação pacífica. Para o  Professor Lafer, a política de combate "afasta e não agrega, mais subtrai do que qualquer outra coisa".   Nesse sentido, acrescentou o professor :" o Presidente conduz sua estratégia de governo da mesma maneira como conduziu sua estratégia eleitoral: pela polarização."

             Sob tal premissa,  Lafer afirmou que é pouco provável alcançar um expressivo número de membros da comunidade internacional com tal abordagem. Nesse contexto, o professor da USP  também citou a vinculação entre Bolsonaro e Donald Trump, qualificada como "excessiva" e que "não contribui  para a maior presença do  Brasil no mundo".

              Sobre meio ambiente, Lafer indicou que a posição do Brasil afeta as negociações, como o acordo Mercosul-União Europeia. "A maneira pela qual o governo conduz a temática tende a fortalecer a resistência."
                O ex-Ministro das Relações Exteriores Celso Lafer também citou a reação dos consumidores e de fundos de investimento ao não comprarem e não investirem em companhias caso desaprovem seus padrões de sustentabilidade : "É muito significativo e traduz uma restrição de recursos para o Brasil."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )
         

Nenhum comentário: