Na data em que completa um mês o primeiro diagnóstico de paciente com a Covid-19 no Brasil, o país registra o maior número de novos casos (482) e de mortes (20), segundo boletim do Ministério da Saúde atualizado ontem, dia 26 de março.
Nesse contexto, até ontem, dia 26, o total das pessoas infectadas chega a 2.915, e o de mortos, a 77, o que equivale a 2,6% dos casos confirmados.
O Governo Bolsonaro espera uma escalada de contágio por Sars-CoV-2 nos próximos trinta dias. Somado a duas epidemias já em andamento, a de influenza e a de dengue - estamos no Brasil, gente! - formará cenário que foi descrito como "tempestade perfeita" pelo secretário de Vigilância em Saúde, do ministério de Jair Bolsonaro, no caso, Wanderson Oliveira.
Depois de tentar apavorar o público (três epidemias!), adiante, Wanderson trata de redimensionar a crise: o "desafio" vai ser trabalhar pelo menos três epidemias simultâneas. Adiante, o floreio do secretário Wanderson é de um certo modo tornado menos assustador, apesar de supostamente trabalhar com três epidemias simultâneas: "temos coronavirus, que é uma novidade; teremos influenza, que é uma rotina, todo ano acontece (sic) e teremos também o pico de dengue."
Já João Gabbardo, secretário-executivo do Ministério da Saúde, um peso mais pesado na hierarquia desse Ministério, declara que não haverá nesse período uma redução na curva de casos confirmados da Covid-19. Por sua linguagem,portanto, o céu se enfarrusca: Não haverá uma redução na curva de casos confirmados da Covid-19.
Compreende-se, no entanto, que Sua Excelência evite divulgar previsões sobre total de doentes e de mortes, recorrendo à formulação "depende da velocidade da transmissão e do número de pessoas testadas". Compreende-se, igualmente que a autoridade evite assustar o Povo brasileiro, dada a atitude do Governo Bolsonaro. Sob o aspecto ético, os profissionais da saúde,em especial os de nomeação política, não devem ter a liberdade cerceada pelos caprichos de Bolsonaro.
Nesse contexto, a capacidade do Ministro Luiz Henrique Mandetta não é decerto objeto de disputa, mas é difícil não concordar com o que diz Ronaldo Caiado (Dem) , governador de Goiás, e que rompeu com Bolsonaro: "Caíu a ficha. Ele jamais poderia ter vulgarizado a gravidade do coronavírus." E Caiado acrescenta: "Bolsonaro deveria dar ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a mesma autonomia que tem o ministro da Economia, Paulo Guedes, e desativar o chamado gabinete do ódio, que o orientou a minimizar a pande-mia do novo coronavírus."
Entrementes, Bolsonaro afirma que o ministro da Saúde, Mandetta, já concordou em alterar o formato da quarentena - de isolamento horizontal para vertical (idosos e pessoas com outras doenças) -, mas acrescentou que o governo ainda estuda como adotar a medida. O presidente voltou a criticar medidas dos governadores e afirmou que não vai mostrar seus dois exames, que afirma terem dado negativo para a doença: "A minha palavra vale mais do que um pedaço de papel", reagiu.
Deve-se ter presente, contudo, que "até o momento, 24 pessoas que estiveram com Bolsonaro na recente viagem para os Estados Unidos foram infectadas." (Cf. O Estado de S. Paulo, de hoje, 27 de março, pag. A10)
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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