O Estado de S. Paulo, na sua
edição hodierna, se reporta à tensão
entre governadores e o presidente Bolsonaro, que viria crescendo nesses últimos
dias.
Dessarte, depois de atritos
causados pela proposta de recriar o Ministério da Segurança Pública, em
fins de janeiro, e a polêmica em torna da cobrança do ICMS, no início de
fevereiro, grupo de vinte governadores veio a público para divulgar carta em
que critica o presidente por declarações a propósito de Adriano Magalhães da
Nóbrega, morto em confronto com a polícia baiana no nove, e acusado de chefiar
uma milícia.
Conforme governadores ouvidos pelo Estado, o presidente estaria destruindo as pontes com as
administrações estaduais. Nesse sentido, a carta de ontem, 17 de fevereiro,
seria um modo de tentar "parar" os ataques.
A reação dos governadores a
Bolsonaro começou a esboçar-se no sábado, diante da assertiva do presidente que
o governador da Bahia, Rui Costa (PT), "mantém fortíssimos laços" com bandidos e que a
"PM da Bahia, do PT" foi a responsável pela morte do miliciano,
conhecido como capitão Adriano. Em longa postagem nas suas redes sociais, Bolsonaro comparou a
morte de Adriano Magalhães ao assassinato
do prefeito petista Celso Daniel, em 2002, e criticou as gestões do PT.
Segundo fontes do Planalto, a decisão de fazer a publicação foi tomada pelo
próprio Bolsonaro.
A
orientação do presidente gerou onda de apoio a Costa no grupo de Whatsapp
mantido pelos Chefes dos Executivos estaduais. Houve governadores que
defenderam uma resposta imediata, alegando que, a qualquer momento, podem virar
alvo de falas do presidente. Nesse contexto, lembraram que o governador do Rio,
Wilson Witzel (PSC), foi responsabilizado pelo vazamento do depoimento de um porteiro
que ligava o nome do presidente à investigação da morte da vereadora Marielle
Franco, e que mesmo aliados foram criticados e perseguidos por grupos de
internet ligados à família Bolsonaro.
Cenário
eleitoral.
Para os governadores, os ataques de Bolsonaro se explicariam porque ele veria
alguns deles como potenciais adversários nas eleições de 2022. Nesse contexto, além de Witzel e de Rui
Costa, o paulista João Dória (PSDB) tem naturalmente o nome associado à
disputa, dado o relevo conferido a São Paulo.
Em conversas no grupo de Whatsapp, quase todos os governadores condenaram
as declarações do Presidente, criando assim uma união da direita à esquerda. Nesse contexto, na mensagem ontem publicada se lê que as
declarações do presidente "não contribuem para a evolução da democracia no
Brasil". A carta também menciona o
episódio em que Bolsonaro desafiou governadores para reduzissem o ICMS, que seria
"imposto vital à sobrevivência dos Estados."
No texto da correspondência dos Governadores, houve a preocupação de que
a carta não fechasse a porta para o diálogo. Apesar de dura, ela termina com um
convite para Bolsonaro participar do Fórum Nacional de Governadores, marcado
para catorze de abril. Nesse contexto, segundo Rui Costa, governador da
Bahia, "o que os governadores
querem é ser chamados para discutir como melhorar a saúde e a educação, e não
ser agredidos de forma regular e permanente pela Presidência da
República", disse Rui Costa ao Estado.
"Esperamos que haja uma mudança radical do presidente da República e que
ele passe a nos respeitar." Nesse
contexto, um dos primeiros apoiadores da carta, João Dória, também pediu diálogo
a Bolsonaro: "Os governadores
querem um entendimento pelo diálogo, que é a forma democrática e correta para
busca das melhores alternativas de políticas públicas. Sem diálogo e sem
entendimento, não há democracia."
A matéria do Estadão assinala, ao cabo, que a ala anti-Bolsonaro tinha perdido
força no início do mês, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, aceitara
discutir do ICMS. Sem embargo, os ataques
a Rui Costa, por conta das declarações do presidente a respeito do miliciano
Adriano Magalhães da Nóbrega, serviram para reenergizar o grupo. Nesse sentido,
o governador do D.F. Ibaneis Rocha (MDB) declarou: "O presidente Bolsonaro
não quer aproximação com o Congresso, não quer aproximação com os governadores.
Mas nós todos fomos eleitos."
( Fonte: O
Estado de S. Paulo )
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