terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Governadores agem para barrar ataques do Presidente


              
       O Estado de S. Paulo, na sua edição hodierna,  se reporta à tensão entre governadores e o presidente Bolsonaro, que viria crescendo nesses últimos dias.
          Dessarte, depois de atritos  causados pela proposta de recriar o Ministério da Segurança Pública, em fins de janeiro, e a polêmica em torna da cobrança do ICMS, no início de fevereiro, grupo de vinte governadores veio a público para divulgar carta em que critica o presidente por declarações a propósito de Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em confronto com a polícia baiana no nove, e acusado de chefiar uma milícia.
           Conforme governadores ouvidos pelo Estado, o presidente estaria destruindo as  pontes  com as administrações estaduais. Nesse sentido, a carta de ontem, 17 de fevereiro, seria um modo de tentar "parar" os ataques.

           A  reação dos governadores a Bolsonaro começou a esboçar-se no sábado, diante da assertiva do presidente que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), "mantém  fortíssimos laços" com bandidos e que a "PM da Bahia, do PT" foi a responsável pela morte do miliciano, conhecido como capitão Adriano. Em longa postagem  nas suas redes sociais, Bolsonaro comparou a morte de Adriano Magalhães ao assassinato  do prefeito petista Celso Daniel, em 2002, e criticou as gestões do PT. Segundo fontes do Planalto, a decisão de fazer a publicação foi tomada pelo próprio Bolsonaro.

             A orientação do presidente gerou onda de apoio a Costa no grupo de Whatsapp mantido pelos Chefes dos Executivos estaduais. Houve governadores que defenderam uma resposta imediata, alegando que, a qualquer momento, podem virar alvo de falas do presidente. Nesse contexto, lembraram que o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), foi responsabilizado pelo vazamento do depoimento de um porteiro que ligava o nome do presidente à investigação da morte da vereadora Marielle Franco, e que mesmo aliados foram criticados e perseguidos por grupos de internet ligados à família Bolsonaro.

Cenário eleitoral. Para os governadores, os ataques de Bolsonaro se explicariam porque ele veria alguns deles como potenciais adversários nas eleições de 2022.  Nesse contexto, além de Witzel e de Rui Costa, o paulista João Dória (PSDB) tem naturalmente o nome associado à disputa, dado o relevo conferido a São Paulo.
                    Em conversas no grupo de Whatsapp, quase todos os governadores condenaram as declarações do Presidente, criando assim uma união da direita à esquerda.  Nesse contexto,  na mensagem ontem publicada se lê que as declarações do presidente "não contribuem para a evolução da democracia no Brasil".  A carta também menciona o episódio em que Bolsonaro desafiou governadores para reduzissem o ICMS, que seria "imposto vital à sobrevivência dos Estados."

                   No texto da correspondência dos Governadores, houve a preocupação de que a carta não fechasse a porta para o diálogo. Apesar de dura, ela termina com um convite para Bolsonaro participar do Fórum Nacional de Governadores, marcado para catorze de abril. Nesse contexto, segundo Rui Costa, governador da Bahia,  "o que os governadores querem é ser chamados para discutir como melhorar a saúde e a educação, e não ser agredidos de forma regular e permanente pela Presidência da República", disse Rui Costa ao Estado. "Esperamos que haja uma mudança radical do presidente da República e que ele passe a nos respeitar."  Nesse contexto, um dos primeiros apoiadores da carta, João Dória, também pediu diálogo a Bolsonaro:  "Os governadores querem um entendimento pelo diálogo, que é a forma democrática e correta para busca das melhores alternativas de políticas públicas. Sem diálogo e sem entendimento, não há democracia."

                      A matéria do Estadão assinala, ao cabo, que a ala anti-Bolsonaro tinha perdido força no início do mês, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, aceitara discutir do ICMS.  Sem embargo, os ataques a Rui Costa, por conta das declarações do presidente a respeito do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, serviram para reenergizar o grupo. Nesse sentido, o governador do D.F. Ibaneis Rocha (MDB) declarou: "O presidente Bolsonaro não quer aproximação com o Congresso, não quer aproximação com os governadores. Mas nós todos fomos  eleitos."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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