segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A Itália enfrenta o coronavírus


                                            
        Segundo notícias procedentes de Milão, o Norte da Itália  enfrenta uma hora difícil, com o registro de três mortes pelo coronavírus, assim como mais 150 casos positivos. Dessarte, são dias  que surgem cada vez mais atípicos: depois de um domingo sem futebol ( calcio ), a semana será sem escolas, museus e todo tipo de reunião coletiva, incluindo missas e bares.
            Após a confirmação de que o vírus ora circula pela península (ocorrida  na noite de quinta,dia vinte) a Itália já é o terceiro país do mundo com o maior número de casos, ultrapassando o Japão e atrás da Coréia do Sul e da China, onde o novo coronavirus surgiu, em dezembro último.
             As medidas restritivas mais rigorosas foram anunciadas na tarde deste domingo 23 de fevereiro, pelo governo da Lombardia, onde vivem cerca de dez milhões de habitantes (o total da população italiana é de sessenta milhões), e é nesta região que está concentrada a maior parte dos casos, com mais de cem pessoas contaminadas.

             Estão suspensas as atividades em todo o sistema de educação, do infantil ao pós-universitário, além de "toda forma de reunião em lugar público ou privado, inclusive de caráter cultural, lúdico, esportivo e religioso". O prazo é de sete dias, que pode ser prorrogado por mais sete.
             Capital da Lombardia e centro financeiro da Itália, Milão já começou a sentir as mudanças. Escolas se apressaram para avisar as famílias do fechamento a partir desta segunda, dia 24 de fevereiro, assim como centros culturais como a Pinacoteca de Brera, e o Teatro alla Scala anunciaram a interrupção das próprias atividades. O Duomo, a grande catedral e um dos principais pontos turísticos da cidade, será igualmente fechada.
               Bares, discotecas, teatros e cinemas estão proibidos de funcionar após as dezoito horas. Os restaurantes, no entanto, não foram por enquanto incluídos nas restrições. Quatro partidas de futebol da série A foram adiadas.além  de várias outras, nas divisões abaixo.  Por sua vez, os serviços e transportes públicos não foram, por ora, incluídos nas restrições.
                 Apesar de relatos de filas em alguns supermercados nesse domingo e da falta de máscaras faciais e de álcool gel nas farmácias, o clima entre os moradores se alterna entre surpresa e expectativa pelos próximos acontecimentos.  O coronavirus domina as conversas dentro e fora das redes sociais.
                  Segundo declaração do governador Attilio Fontana, "as iniciativas que estamos tomando são totalmente compatíveis com a situação. Estamos procurando  reduzir as possíveis  ocasiões que poderiam contribuir para a difusão do vírus", disse o governador Attilio Fontana.
                    Diferentemente do Brasil, o feriado do Carnaval no calendário italiano varia regionalmente e de acordo como cada escola. Em Milão, v.g., só a sexta-feira 28 era considerada feriado nos institutos infantis da Prefeitura.
                     A determinação, especialmente a suspensão das aulas, foi seguida pelas regiões do Piemonte, Vêneto, Ligúria e Emilia Romagna. Em Veneza, a tradicional festa do Carnaval foi cancelada a partir desta segunda-feira, assim como as missas.
                      Por sua vez, a Áustria decidiu bloquear o acesso aos trens que vão e que vêm da Itália.  Ao mesmo tempo, as onze cidades consideradas como focos de contaminação, chamadas de "zonas vermelhas", principiaram a serem fisicamente isoladas, com  barreiras vigiadas pela polícia, após decreto-lei aprovado pelo governo italiano.
                        São 35 pontos de controle na Lombardia, na área de Lodigiano, e oito no entorno de Vo' Euganeo, no Vêneto. Cerca de 500 policiais vão fazer o controle da entrada e saída dos moradores, que estão proibidos de circular. A medida afeta 54 mil pessoas.
                       Esses locais registraram as primeiras mortes pelo corona vírus na Itália, na sexta (21) e no sábado (22), quando respectivamente morreram  um homem de 78 anos e uma mulher de 77. Neste domingo, foi confirmado o terceiro óbito relacionado ao covid-19. Uma idosa que fazia tratamento oncológico morreu em Crema, também na Lombardia.
                          A Itália é o primeiro país da Europa a registrar mortes por contaminação interna. Antes, um turista chinês havia morrido na França.
                            As autoridades sanitárias italianas não sabem explicar como o vírus começou a circular no país. O fato foi confirmado na noite de quinta-feira, 20, quando um italiano de 38 anos, com quadro agravante de gripe, testou positivo  em Codogno (a 60 km de Milão).
                             A primeira suspeita era de que o contágio havia acontecido após esse paciente ter encontrado um amigo recém-chegado de Xangai, na China. No entanto, o amigo não teve resultado positivo nos testes.
                            "Identificar o paciente zero faz cada vez menos sentido agora, mas continuamos investigando", afirmou neste domingo o secretário do Bem-estar da Lombardia, Giulio Gallera, que voltou a negar  que o país esteja em pandemia.
                               "O esforço que estamos colocando em prática nos próximos dias, convidando as pessoas a ficarem em casa, é para que esse fenômeno seja contido. Um fenômeno que não conhecemos direito, que não é particularmente agressivo, porém é transmitido rapidamente", disse Gallera.
                                 Segundo o Secretário, há evidências médicas de que  50% das pessoas contaminadas se recuperam facilmente. 40% precisam de medicamentos e 10% vão para terapia intensiva.
                                  A OMS manifestou preocupação com a situação italiana.  O diretor europeu da organização, Hans Kluge, anunciou que enviaria equipe ao país para ajudar a esclarecer como os contágios aconteceram.  Antes das contaminações internas, a Itália havia registrado três casos de coronavirus: um casal de turistas chineses e um pesquisador italiano, todos provenientes de Wuhan, o epicentro dos casos na China. O italiano está curado, enquanto o casal continua em tratamento em Roma, no centro do país.
                                   Também na capital cumprem quarentena 56 italianos que estavam em Wuhan e foram repatriados, e outras 19 pessoas que viajavam no navio Diamond Princess, ancorado por dias no Japão com mais de seiscentos casos confirmados de coronavírus. Eles também vão cumprir quarentena.

( Fonte: Folha de S. Paulo  )

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