Segundo notícias
procedentes de Milão, o Norte da Itália
enfrenta uma hora difícil, com o registro de três mortes pelo coronavírus,
assim como mais 150 casos positivos. Dessarte, são dias que surgem cada vez mais atípicos: depois de
um domingo sem futebol ( calcio ), a
semana será sem escolas, museus e todo tipo de reunião coletiva, incluindo missas e bares.
Após a confirmação de que o vírus ora
circula pela península (ocorrida na
noite de quinta,dia vinte) a Itália já é o terceiro país do mundo com o maior
número de casos, ultrapassando o Japão e atrás da Coréia do Sul e da China,
onde o novo coronavirus surgiu, em dezembro último.
As medidas restritivas mais
rigorosas foram anunciadas na tarde deste domingo 23 de fevereiro, pelo governo
da Lombardia, onde vivem cerca de dez
milhões de habitantes (o total da população italiana é de sessenta milhões), e é nesta
região que está concentrada a maior parte dos casos, com mais de cem pessoas
contaminadas.
Estão suspensas as atividades em
todo o sistema de educação, do infantil ao pós-universitário, além de "toda
forma de reunião em lugar público ou privado, inclusive de caráter cultural,
lúdico, esportivo e religioso". O prazo é de sete dias, que pode ser prorrogado
por mais sete.
Capital da Lombardia e centro
financeiro da Itália, Milão já começou a sentir as mudanças. Escolas se
apressaram para avisar as famílias do fechamento a partir desta segunda, dia 24
de fevereiro, assim como centros culturais como a Pinacoteca de Brera, e o Teatro alla Scala anunciaram a
interrupção das próprias atividades. O Duomo,
a grande catedral e um dos principais pontos turísticos da cidade, será
igualmente fechada.
Bares, discotecas, teatros e
cinemas estão proibidos de funcionar após as dezoito horas. Os restaurantes, no
entanto, não foram por enquanto incluídos nas restrições. Quatro partidas de
futebol da série A foram adiadas.além de
várias outras, nas divisões abaixo. Por
sua vez, os serviços e transportes públicos não foram, por ora, incluídos nas
restrições.
Apesar de relatos de filas em
alguns supermercados nesse domingo e da falta de máscaras faciais e de álcool gel
nas farmácias, o clima entre os moradores se alterna entre surpresa e
expectativa pelos próximos acontecimentos.
O coronavirus domina as conversas dentro e fora das redes sociais.
Segundo declaração do
governador Attilio Fontana, "as iniciativas que estamos tomando são
totalmente compatíveis com a situação. Estamos procurando reduzir as possíveis ocasiões que poderiam contribuir para a
difusão do vírus", disse o governador Attilio Fontana.
Diferentemente do Brasil, o
feriado do Carnaval no calendário italiano varia regionalmente e de acordo como
cada escola. Em Milão, v.g., só a sexta-feira 28 era considerada feriado nos
institutos infantis da Prefeitura.
A determinação,
especialmente a suspensão das aulas, foi seguida pelas regiões do Piemonte,
Vêneto, Ligúria e Emilia Romagna. Em Veneza, a tradicional festa do Carnaval
foi cancelada a partir desta segunda-feira, assim como as missas.
Por sua vez, a Áustria
decidiu bloquear o acesso aos trens que vão e que vêm da Itália. Ao mesmo tempo, as onze cidades consideradas
como focos de contaminação, chamadas de "zonas vermelhas",
principiaram a serem fisicamente isoladas, com barreiras vigiadas pela polícia, após
decreto-lei aprovado pelo governo italiano.
São 35 pontos de
controle na Lombardia, na área de Lodigiano, e oito no entorno de Vo' Euganeo,
no Vêneto. Cerca de 500 policiais vão fazer o controle da entrada e saída dos
moradores, que estão proibidos de circular. A medida afeta 54 mil pessoas.
Esses locais registraram
as primeiras mortes pelo corona vírus na Itália, na sexta (21) e no sábado
(22), quando respectivamente morreram um
homem de 78 anos e uma mulher de 77. Neste domingo, foi confirmado o terceiro
óbito relacionado ao covid-19. Uma idosa que fazia tratamento oncológico morreu
em Crema, também na Lombardia.
A Itália é o primeiro
país da Europa a registrar mortes por contaminação interna. Antes, um turista
chinês havia morrido na França.
As autoridades
sanitárias italianas não sabem explicar como o vírus começou a circular no
país. O fato foi confirmado na noite de quinta-feira, 20, quando um italiano de
38 anos, com quadro agravante de gripe, testou positivo em Codogno (a 60 km de Milão).
A primeira
suspeita era de que o contágio havia acontecido após esse paciente ter
encontrado um amigo recém-chegado de Xangai, na China. No entanto, o amigo não
teve resultado positivo nos testes.
"Identificar o
paciente zero faz cada vez menos sentido agora, mas continuamos
investigando", afirmou neste domingo o secretário do Bem-estar da
Lombardia, Giulio Gallera, que voltou a negar
que o país esteja em pandemia.
"O esforço
que estamos colocando em prática nos próximos dias, convidando as pessoas a
ficarem em casa, é para que esse fenômeno seja contido. Um fenômeno que não
conhecemos direito, que não é particularmente agressivo, porém é transmitido
rapidamente", disse Gallera.
Segundo o
Secretário, há evidências médicas de que
50% das pessoas contaminadas se recuperam facilmente. 40% precisam de
medicamentos e 10% vão para terapia intensiva.
A OMS
manifestou preocupação com a situação italiana.
O diretor europeu da organização, Hans Kluge, anunciou que enviaria
equipe ao país para ajudar a esclarecer como os contágios aconteceram. Antes das contaminações internas, a Itália
havia registrado três casos de coronavirus: um casal de turistas chineses e um
pesquisador italiano, todos provenientes de Wuhan, o epicentro dos casos na
China. O italiano está curado, enquanto o casal continua em tratamento em Roma,
no centro do país.
Também na
capital cumprem quarentena 56 italianos que estavam em Wuhan e foram
repatriados, e outras 19 pessoas que viajavam no navio Diamond Princess,
ancorado por dias no Japão com mais de seiscentos casos confirmados de
coronavírus. Eles também vão cumprir quarentena.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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