O Globo de hoje dedica longa e
pesquisada reportagem à morte do
ex-capitão do Bope, Adriano Magalhães da
Nóbrega, abatido à bala na manhã de
ontem, nove de fevereiro, durante troca de tiros com policiais do Batalhão de Operações
Especiais (Bope) da Bahia, que atuou em apoio à inteligência da Polícia Civil
do Rio.
Autor de diversos homicídios, o ex-militar tinha a
cabeça a prêmio, sendo um dos mais procurados do Rio de Janeiro, tendo
inclusive o alerta vermelho da Interpol. De acordo com a Polícia Civil
Fluminense, ele era acusado de ser o chefe de um grupo criminoso formado por
matadores de aluguer, conhecido como Escritório do Crime - e nesse contexto, era investigado por suspeita de
envolvimento no fuzilamento da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu
motorista Anderson Gomes. E não
param por aí as suas 'marcas especiais', pois era também réu na operação Os
Intocáveis, do Ministério Público desse Estado (MPRJ), que tem como alvo a
milícia do Rio das Pedras.
Há cerca de um ano, o ex-capitão Adriano estava
submetido à estreita investigação e monitoração. Nesse contexto, houve a 31 de janeiro último
operação na Costa do Sauípe para prendê-lo, mas uma vez mais ele lograria
escapar, deixando para trás uma identidade falsa. A perseguição incansável acabaria localizando
o fugitivo no município da Esplanada, na área rural da Bahia. De acordo com a Secretaria de Segurança do Estado,
Adriano estava escondido num sítio. Na
casa, havia duas pistolas e duas espingardas. Ao ser surpreendido, atirou com
uma Glock, calibre 9mm. Agentes que participaram da ação relatam que houve
intensa troca de tiros e que o ex-militar chegou a ser socorrido, mas não
resistiu aos ferimentos.
Em nota, a Secretaria de Segurança da Bahia informou
ontem, nove de fevereiro, que no momento do mandado de prisão Adriano
"resistiu com disparos de arma de fogo e terminou ferido."
Dada a sua capacidade de evadir-se da perseguição das forças da Lei, foi
deflagrada em 22 de janeiro de 2019, com base em investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, a operação Intocáveis que revelou comandar
o ex-capitão um esquema de agiotagem, grilagem de terras e construções ilegais, com o
pagamento de propina a agentes públicos, a fim de manter seus negócios
ilícitos, "sempre de forma violenta e por meio de ameaças". Adriano
era o único foragido da Intocáveis. Outros
doze integrantes da milícia de Rio das Pedras estão presos.
Homenagens a Adriano. Quando deputado federal, Jair Bolsonaro fez um discurso em defesa de Adriano, em 2005. O ex-capitão havia sido condenado por
homicídio dias antes do pronunciamento do parlamentar, no plenário da Câmara de
Deputados.
Adriano foi homenageado ainda duas vezes pela Assembleia Legislativa
(Alerj) por serviços prestados à PM, e
mais uma vez, por iniciativa da família Bolsonaro. Assim, em 2003, a pedido do então deputado
estadual Flávio Bolsonaro - hoje senador sem partido - recebeu uma moção de
louvor. Dois anos mais tarde, o mesmo Flávio concederia a ele a Medalha Tiradentes, a mais alta
honraria atribuída pela dita Alerj.
Não param por aí as estreitas relações de Adriano com Flávio
Bolsonaro. A mãe e a ex-mulher do
ex-capitão , Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa,
respectivamente, foram lotadas no
gabinete de Flávio na Alerj, em 2018.
No mês passado, a família do miliciano foi acusada pelo Ministério Público de
participar de um suposto esquema de rachadinha.
Conforme o pedido de busca e apreensão feito pelos promotores, Raimunda e
Danielle teriam transferido R$ 203 mil para Fabrício Queiroz, ex-assessor de
Flávio Bolsonaro.
Procurado,
o Palácio do Planalto disse que não vai se pronunciar. Flávio também não se
manifestou.
Em janeiro de 2019, o MPRJ pediu à Polícia Federal que fosse emitido um
alerta à Interpol para incluir os sete foragidos da
operação Os Intocáveis em sua lista de procurados. O principal nome era o de
Adriano. A caçada à quadrilha teve início em 2019, quando o Gaeco,
com o apoio da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco),
deflagrou a operação para desarticular o grupo paramilitar, considerado um dos
mais perigosos da Cidade.
Na aludida Operação,
promotores e policiais tentaram cumprir 63 mandados de busca e apreensão nas
residências de treze suspeitos e em locais considerados como possiveis esconderijos.
Um dos endereços visitados foi
o da associação de moradores da comunidade, que é, segundo a investigação,
controlada pela quadrilha. Seis pessoas foram presas na época.
( Fonte: O
Globo)
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