quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A Tragédia Síria


                                    
      A revolução síria pela qual a juventude daquele país pensara pudesse lograr a ansiada deposição do repressivo regime dos Assad já se acerca do seu amargo fim. A tragédia terminal ainda não se consumou, mas o cenário na região não semelha encontrar do lado das forças que lutam pela hora terrível em que a sorte será decidida, senão a preponderância do ditador Bashar al-Assad - que conta com o apoio determinante,  regiamente pago à Russia de Vladimir Putin, enquanto a aliança por uma Síria democrática foi abandonada, pelo Não, decerto solerte, mas de pouca visão, do presidente Barack Obama, que na hora grave da decisão  não trepidou em fazer ouvidos moucos às ponderações da Secretária de Estado  Hillary Clinton, que liderava proposição unânime das principais chefias de agencias americanas com presença e responsabilidades no exterior, que julgavam possível a defesa de um governo na Síria, livre do regime odiento dos al-Assad.

         Esse egoismo de Obama, como todas as decisões em que o oportunismo se veste com os trajes rotos da mediocridade,  trouxe consigo futuro de miséria e sofrimento para a antiga Terra da Passagem.

        Se Putin tem as suas novas bases, com os portos que lhe asseguram a liberdade de navegação do Mediterrâneo, livres enfim dos caprichos do Mar Negro, assim como bases aéreas em terras cedidas pelo vassalo Bashar, que decerto tampouco lamenta que dele se afaste a visão do Tribunal Penal Internacional, que surgia para  a opinião internacional como merecida, diante das atrocidades cometidas pelo regime dos Assad.

         Se é verdade que o futuro pertence aos deuses, teremos acaso de reviver a memória de divindades infernais com o desastre humanitário que se prefigura em Idlib, aonde milhares de infelizes refugiados se descobrem isolados, sob a ameaça de dois déspotas - Bashar al Assad, que conta com o apoio da Federação Russa, e a ânsia do  tirano  Recep Tayyip Erdogan, que pensa alargar, como os sultões de antanho, os limites dos seus já largos domínios?  

             Nessa hora tremenda, em que tais forças se defrontam, quem pagará o preço amargo das injustiças e das barbaridades da guerra é a gente sofrida e miúda que pensara haver encontrado abrigo que a afastasse das cruéis tropelias de tais conflitos, em que se confundem e chocam ambições traídas por outros líderes poderosos, na imprevisibilidade de decisões que, em verdade, custa pensar que os grandes desse mundo acaso cogitem, com o vagar e a prudência indispensáveis,  sobre as desgraças e misérias que porventura deixem pelo caminho.


( Fontes: meus  blogs sobre a guerra da Síria e outros conflitos no Oriente Médio;  também a cobertura da crise presente pelo Estado de S. Paulo )         

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