A
revolução síria pela qual a juventude daquele país pensara pudesse lograr a
ansiada deposição do repressivo regime dos Assad já se acerca do seu amargo
fim. A tragédia terminal ainda não se consumou, mas o cenário na região não
semelha encontrar do lado das forças que lutam pela hora terrível em que a
sorte será decidida, senão a preponderância do ditador Bashar al-Assad - que conta com o apoio determinante, regiamente pago à Russia de Vladimir Putin, enquanto a aliança por
uma Síria democrática foi abandonada, pelo Não, decerto solerte, mas de pouca
visão, do presidente Barack Obama,
que na hora grave da decisão não trepidou em fazer ouvidos moucos às ponderações da Secretária de
Estado Hillary Clinton, que
liderava proposição unânime das principais chefias de agencias americanas com
presença e responsabilidades no exterior, que julgavam possível a defesa de um
governo na Síria, livre do regime odiento dos al-Assad.
Esse
egoismo de Obama, como todas as decisões em que o oportunismo se veste com os
trajes rotos da mediocridade, trouxe consigo
futuro de miséria e sofrimento para a antiga Terra da Passagem.
Se
Putin tem as suas novas bases, com os portos que lhe asseguram a liberdade de
navegação do Mediterrâneo, livres enfim dos caprichos do Mar Negro, assim como bases
aéreas em terras cedidas pelo vassalo Bashar, que decerto tampouco lamenta que
dele se afaste a visão do Tribunal Penal Internacional, que surgia para a opinião internacional como merecida, diante
das atrocidades cometidas pelo regime dos Assad.
Se é
verdade que o futuro pertence aos deuses, teremos acaso de reviver a memória de
divindades infernais com o desastre humanitário que se prefigura em Idlib,
aonde milhares de infelizes refugiados se descobrem isolados, sob a ameaça de
dois déspotas - Bashar al Assad, que
conta com o apoio da Federação Russa, e a ânsia do tirano Recep Tayyip Erdogan, que pensa alargar,
como os sultões de antanho, os limites dos seus já largos domínios?
Nessa hora tremenda, em que tais forças se defrontam, quem pagará o
preço amargo das injustiças e das barbaridades da guerra é a gente sofrida e
miúda que pensara haver encontrado abrigo que a afastasse das cruéis tropelias
de tais conflitos, em que se confundem e chocam ambições traídas por outros
líderes poderosos, na imprevisibilidade de decisões que, em verdade, custa
pensar que os grandes desse mundo acaso cogitem, com o vagar e a prudência indispensáveis, sobre as desgraças e misérias
que porventura deixem pelo caminho.
( Fontes:
meus blogs
sobre a guerra da Síria e outros conflitos no Oriente Médio; também a cobertura da crise presente pelo Estado de S. Paulo )
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