sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Das gafes do Ministro Paulo Guedes


                       
          Não é à toa a expressão de que o respeitado Ministro da Economia encontra o seu maior inimigo no seu próprio alter ego. As suas qualidades, e o próprio indiscutível valor profissional podem ser prejudicados se Sua Excelência continuar a persistir nesse estranhíssimo vezo de criar dificuldades a si próprio e às suas proposições econômico-financeiras, cuja qualidade técnico-profissional merece respeito e raramente dá motivo a objeções tanto técnicas, quanto políticas, se omitirmos as respectivas divagações e eventuais imagens demasiado coloridas.  Aí está outra regra de ouro desse mister,que, como todos aqueles que muito têm a ver com segmentos tão dispares quanto sensíveis, é a do silêncio, ou a da sua parente muito próxima, que é a discrição, em que por vezes uma pessoa cuidadosa veste os próprios conceitos com  a necessária reserva. Esta qualidade, estreitamente associada à prudência, pode ser um traço importante, em outro ramo de atividade, em que a falta de contenção pode ter consequências desastrosas, e tanto a política,a diplomacia quanto a economia podem sofrer com eventuais indiscrições, ou até mesmo floreios e liberdades nas respectivas declarações.

             Neste caso, aquela velha expressão do silêncio é de ouro, se Sua Excelência respeitar que esta é uma das vestes da discrição, que constitui uma virtude essencial das altas autoridades do Estado, e, em particular, num terreno tão sensível e tão propenso às nervosas reações do mercado, se a mais alta autoridade no campo das Finanças não lograr ser discreto, vale dizer ter sempre presente aquela velha máxima que encabeça esse parágrafo - o silêncio é de ouro. Nada melhor para aguçar os sentidos de um mestre nas finanças e em todos os seus meandros. Nesta atividade do Estado manda a prudência, muito amiga da reserva e da cautela.


( Fonte: Folha de S. Paulo )

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