Flagrados pelo serviço de
fronteiras dos EUA, ao tentarem atravessar a fronteira entre o México e o
território americano, segundo o Estado de
S. Paulo, brasileiros foram maltratados, passaram frio e fome, e ficaram
presos em celas superlotadas.
Na
semana passada, segundo informa o Estado de S. Paulo, 53
brasileiros estavam acolhidos na Casa do Migrante, centro católico em Ciudad
Juárez, no México. Eles constituem os primeiros alvos da "nova política da
Casa Branca" de enviar para o
México aqueles brasileiros detidos ao tentarem entrar ilegalmente nos EUA. Até
janeiro de 2020, esse tratamento era reservado a hondurenhos, salvadorenhos e
guatemaltecos.
Entretanto, o número de brasileiros detidos na fronteira sul dos EUA passou de 1504, em 2018, para 17.893, em 2019. Segundo dados
oficiais, existem atualmente 28.316 brasileiros
com ordem de deportação nos EUA,dos quais 983 já foram condenados. Há ainda 313 sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândega, e com
ordem final de deportação autorizada.
Diante desse problema social, a diretriz do governo brasileiro, expressa pelo Ministro Ernesto Araújo, é "não questionar as ações dos
EUA". Um vôo com pelo menos cem brasileiros deportados deveria chegar
ontem à noite a Belo Horizonte, segundo
noticia o Estado de S. Paulo, em sua
primeira página.
Dentre os brasileiros acolhidos na referida Casa do Migrante, é
generalizada a queixa contra os maus-tratos que lhes foram reservados pelos
guardas americanos. Para Juliana,quem mais sofreu foram as crianças. Quando elas
faziam barulho nas celas (superlotadas) os agentes da Patrulha de Fronteira se
irritavam e puniam a todos, suspendendo a comida. Assim, "em celas para
cinco pessoas, os agentes enfiavam mais de vinte presos" em depoimento de
Valmir Elias, mineiro do Carmo do Paranaíba (MG), um dos poucos que se
identificou.
Como se sabe - e a determinação do Ministro Araújo é inequívoca,
conforme a citação acima - há limites claros no tratamento a ser dispensado àqueles
que, forçados pelas circunstâncias adversas procuram ingressar no país mais
rico do hemisfério. Se eles estão sujeitos aos obstáculos da lei, a autoridade
brasileira não pode calar sobre maus tratos a crianças, que não tem culpa
alguma, e que merecem mais do que atenções especiais, respeito. Nesse contexto,
é inadmissível o silêncio. Afinal, que país é esse, Senhor Ministro ?
( Fonte: O
Estado de São Paulo )
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