sábado, 15 de fevereiro de 2020

'Doutrina Trump' se volta agora contra brasileiros


     
          Flagrados pelo serviço de fronteiras dos EUA, ao tentarem atravessar a fronteira entre o México e o território americano, segundo o Estado de S. Paulo, brasileiros foram maltratados, passaram frio e fome, e ficaram presos em celas superlotadas.
              Na semana passada, segundo informa o Estado de S. Paulo,  53 brasileiros estavam acolhidos na Casa do Migrante, centro católico em Ciudad Juárez, no México. Eles constituem os primeiros alvos da "nova política da Casa Branca" de enviar para  o México aqueles brasileiros detidos ao tentarem entrar ilegalmente nos EUA. Até janeiro de 2020, esse tratamento era reservado a hondurenhos, salvadorenhos e guatemaltecos.

               Entretanto, o número de brasileiros detidos na  fronteira sul dos EUA passou de 1504, em 2018, para 17.893, em 2019. Segundo dados oficiais, existem atualmente 28.316 brasileiros com ordem de deportação nos EUA,dos quais 983 já foram condenados. Há ainda 313 sob custódia  do Serviço de Imigração e Alfândega, e com ordem final de deportação autorizada. 
                Diante desse problema social, a diretriz do governo brasileiro,  expressa pelo Ministro Ernesto Araújo, é "não questionar as ações dos EUA". Um vôo com pelo menos cem brasileiros deportados deveria chegar ontem à noite a Belo Horizonte,  segundo noticia  o Estado de S. Paulo, em sua primeira página.

                   Dentre os brasileiros acolhidos na referida Casa do Migrante, é generalizada a queixa contra os maus-tratos que lhes foram reservados pelos guardas americanos.  Para Juliana,quem mais sofreu foram as crianças. Quando elas faziam barulho nas celas (superlotadas) os agentes da Patrulha de Fronteira se irritavam e puniam a todos, suspendendo a comida. Assim, "em celas para cinco pessoas, os agentes enfiavam mais de vinte presos" em depoimento de Valmir Elias, mineiro do Carmo do Paranaíba (MG), um dos poucos que se identificou.              

                   Como se sabe - e a determinação do Ministro Araújo é inequívoca, conforme a citação acima - há limites claros no tratamento a ser dispensado àqueles que, forçados pelas circunstâncias adversas procuram ingressar no país mais rico do hemisfério. Se eles estão sujeitos aos obstáculos da lei, a autoridade brasileira não pode calar sobre maus tratos a crianças, que não tem culpa alguma, e que merecem mais do que atenções especiais, respeito. Nesse contexto, é inadmissível o silêncio.  Afinal, que país é esse, Senhor Ministro ?

( Fonte: O Estado de São Paulo ) 

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