Provocou frisson nervoso na mídia americana a
suposta audácia de Donald Trump em telefonar para a atual presidente de Formosa,
Ma Ying-jeou. O jornalão The New York Times chegou a especular
sobre eventual crise com a República Popular da China.
Como se sabe, desde 1979 nenhum
presidente americano - e foram vários, desde Richard Nixon - terá ousado
comunicar-se ostensivamente por telefone com a maior autoridade da China
insular, por deferência a Beijing, cujas relações diplomáticas a Superpotência reatara
por iniciativa da dupla Nixon-Kissinger.
Para surpresa de muitos, o novo líder
chinês Xi Jin-ping evidenciou muito mais bom senso do que a grande
mídia estadunidense.
É difícil por certo encontrarmos
tópicos e situações em que estejamos de acordo com o presidente-eleito Trump (se
as recontagens de Pennsylvania, Michigan e Wisconsin derem chabu), mas depois
de tantos anos, tudo esse cuidado e luvas de pelica me parecem algo fora de
propósito.
Passados cerca de 37 anos do
reconhecimento por Washington da China comunista - e das medidas de proteção ao
governo chinês insular - há óbvio exagero em que o líder da superpotência, seja
ele quem for, continue a apegar-se a postura que tem algo de excessivamente deferente
para com os senhores de Beijing.
O telefonema de Donald Trump quebra ritual
que era marcado pelas luvas de pelica na deferência para com a República
Popular da China. Se contribuir para normalizar situação que desde muito não corresponde à realidade factual, o presidente-eleito americano terá
atuado, consciente ou não, para normalizar estado de coisas que há muitos
anos grita por ser reconhecido.
( Fonte: The New York
Times )
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