sábado, 10 de dezembro de 2016

A mãe das delações?

                    
           
        Em confissões para a Lava-Jato, o ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo Filho cita o Presidente Michel Temer e um elenco de integrantes das cúpulas do governo e do PMDB como beneficiários de doações, legais ou via caixa dois, em troca de apoio a interesses privados da empreiteira.
        A lista foi lida por ocasião do Jornal Nacional de ontem, nove de dezembro. De acordo com a delação de Melo, em 2014, Michel Temer, então vice-presidente, pediu a Marcelo Odebrecht ajuda para campanhas e que o então presidente da empresa deu R$ 10 milhões para Skaf em SP e para Eliseu Padilha, hoje ministro. Assinala-se que parte dessa soma terá sido entregue no escritório de José Yunes, amigo e assessor de Temer.
        Em nota, o presidente repudiou "com veemência as falsas acusações" e disse que as doações foram legais.
        Ainda segundo o delator Cláudio Melo Filho, foram repassados  R$ 22 milhões ao Senador Romero Jucá. Também foram citados os presidentes do Senado, Renan Calheiros e da Câmara, Rodrigo Maia. Além disso, constam da delação petistas como Jaques Wagner.
         Por outro lado, executivos da Odebrecht delataram ainda caixa dois para campanhas do governador Alckmin e do hoje Ministro José Serra, ambos do PSDB.
          Na delação premiada, feita ao MPF e que ainda depende de homologação do STF, o referido Cláudio Melo Filho  diz que entregou dinheiro em espécie no escritório do advogado José Yunes, amigo e assessor  especial do presidente Temer, durante a campanha eleitoral de 2014. Segundo se refere, o pagamento faria parte de um repasse de R$10 milhões, negociado  "direta e pessoalmente" com Marcelo Odebrecht (V. acima), numa reunião no Palácio do Jaburu, em maio de 2014. A Lava-Jato engatinhava ainda, nascida que fora dois meses antes.
           Em sua defesa, o Presidente  Michel Temer declara que repudia "com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho." Ainda segundo a nota de Temer " as doações  feitas pela Construtora  Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", afirma a aludida nota.
              Não se diga, porém, que o delator Melo singularizou o PMDB. Também denunciou à Lava-Jato como destinatários de pagamentos da Odebrecht os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; o Secretário-Executivo do PPI, Moreira Franco; o líder do Governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o líder do PMDB no Senado,  Eunício Oliveira (PMDB-CE); o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)  e o ex-Governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).
               Também estão na Lista de Cláudio Melo, o ex-Ministro Geddel Vieira Lima, a senadora Katia Abreu (PMDB-TO), o deputado Marco Maia (PT-RS), e Antonio Palocci, ex-Ministro dos governos Lula e Dilma, entre outros.
               Por fim, segundo o delator Melo, a Odebrecht fazia pagamentos em troca de apoio dos políticos a interesses da empresa. Dentre os principais 'arrecadadores' do partido estavam o referido Eliseu Padilha e Moreira Franco. Ainda nesse contexto, o delator sustenta que Michel Temer, em pelo menos uma oportunidade, também pediu dinheiro.  Tal pedido, segundo o delator Melo, teria acontecido em reunião entre Temer, o então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Padilha, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, em maio de 2014. A assessoria de Temer confirma a reunião, mas nega qualquer pedido de caixa dois. A propósito, o local da reunião, um palácio do governo, teria sido escolhido para realçar (sic) a importância do pedido de contribuição financeira à maior empreiteira do país. " Michel Temer solicitou direta e pessoalmente a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas de 2014", disse o delator Cláudio Melo Filho.

( Fonte:  O  Globo, cf. reportagem "Delator põe Temer no centro da Lava-Jato")

Nenhum comentário: