Em
confissões para a Lava-Jato, o ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo Filho cita o
Presidente Michel Temer e um elenco
de integrantes das cúpulas do governo e do PMDB como beneficiários de doações,
legais ou via caixa dois, em troca de apoio a interesses privados da
empreiteira.
A lista
foi lida por ocasião do Jornal Nacional
de ontem, nove de dezembro. De acordo com a delação de Melo, em 2014, Michel
Temer, então vice-presidente, pediu a Marcelo Odebrecht ajuda para campanhas e
que o então presidente da empresa deu R$ 10 milhões para Skaf em SP e para
Eliseu Padilha, hoje ministro. Assinala-se que parte dessa soma terá sido
entregue no escritório de José Yunes, amigo e assessor de Temer.
Em nota,
o presidente repudiou "com veemência as falsas acusações" e disse que
as doações foram legais.
Ainda
segundo o delator Cláudio Melo Filho, foram repassados R$ 22 milhões ao Senador Romero Jucá. Também
foram citados os presidentes do Senado, Renan Calheiros e da Câmara, Rodrigo
Maia. Além disso, constam da delação petistas como Jaques Wagner.
Por
outro lado, executivos da Odebrecht delataram ainda caixa dois para campanhas
do governador Alckmin e do hoje Ministro José Serra, ambos do PSDB.
Na
delação premiada, feita ao MPF e que ainda depende de homologação do STF, o
referido Cláudio Melo Filho diz que entregou
dinheiro em espécie no escritório do advogado José Yunes, amigo e assessor especial do presidente Temer, durante a
campanha eleitoral de 2014. Segundo se refere, o pagamento faria parte de um
repasse de R$10 milhões, negociado "direta
e pessoalmente" com Marcelo Odebrecht (V. acima), numa reunião no Palácio
do Jaburu, em maio de 2014. A Lava-Jato engatinhava ainda, nascida que fora
dois meses antes.
Em
sua defesa, o Presidente Michel Temer
declara que repudia "com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio
Melo Filho." Ainda segundo a nota de Temer " as doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por
transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa dois, nem entrega
em dinheiro a pedido do presidente", afirma a aludida nota.
Não se diga, porém, que o delator Melo singularizou o PMDB. Também
denunciou à Lava-Jato como destinatários de pagamentos da Odebrecht os
presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ); o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; o Secretário-Executivo do
PPI, Moreira Franco; o líder do Governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o
líder do PMDB no Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE); o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-Governador da Bahia, Jaques Wagner
(PT).
Também estão na Lista de Cláudio Melo, o ex-Ministro Geddel Vieira Lima,
a senadora Katia Abreu (PMDB-TO), o deputado Marco Maia (PT-RS), e Antonio
Palocci, ex-Ministro dos governos Lula e Dilma, entre outros.
Por fim, segundo o delator Melo, a Odebrecht fazia pagamentos em troca
de apoio dos políticos a interesses da empresa. Dentre os principais
'arrecadadores' do partido estavam o referido Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Ainda nesse contexto, o delator sustenta que Michel Temer, em pelo menos uma
oportunidade, também pediu dinheiro. Tal
pedido, segundo o delator Melo, teria acontecido em reunião entre Temer, o
então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Padilha, no Palácio do
Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, em maio de 2014. A
assessoria de Temer confirma a reunião, mas nega qualquer pedido de caixa dois.
A propósito, o local da reunião, um palácio do governo, teria sido escolhido
para realçar (sic) a importância do
pedido de contribuição financeira à maior empreiteira do país. " Michel
Temer solicitou direta e pessoalmente a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para
as campanhas de 2014", disse o delator Cláudio Melo Filho.
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