sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Agora Putin está pronto para a Paz

                        

        Comovente, não? Depois que o Leão Bashar teve todo o tempo para exterminar os infelizes que não puderam fugir de Aleppo, gospodin Putin acha que é hora de discutir a paz...
        Esta paz, no entanto, chegará tarde para as famílias, as mulheres, e as crianças que foram trucidadas pela raiva cruel dos exterminadores do presente na Síria, que castigam aqueles civis, dependentes de civis e filhos de civis que, por sorte madrasta, não puderam escapar do alcance, a um tempo covarde e criminoso, do ditador  sírio, que retornou politicamente, depois de sua quase morte virtual, salvo que foi não pelo rum creosotado, mas pelo atual Chefe de todas as Rússias, Vladimir Vlamirovitch, que só agora, depois que as tropas de al Assad puderam completar, a seu tempo e com todas as crueldades que imaginar-se possa, a ação maldita da vingança primeva, que mata sem vestígios de qualquer piedade os desafortunados que, ou acreditaram na misericórdia do tirano, ou, pela sorte madrasta que persegue a gente pequena,  não tiveram outra opção senão a de expor-se à perversidade e à estulta raiva de quem só pode ocupar-se de gente indefesa e sem outra culpa que a estar do lado supostamente errado da contenda.
        Mas não é hora de queixas nem de lamúrias, pois o Senhor da Rússia pensa agora na paz, que será, por certo, uma paz russa, garantidas as vantagens de sua tão bem direcionada intervenção.
        No passado, as guerras eram lembradas pelos cemitérios. Hoje Aleppo, com as suas ruínas, virou um Campo Santo, um depósito de todos os infelizes que acreditaram na liberdade e em uma existência melhor.
         Termina, por ora, a insurreição síria, e é por certo adequado que o monumento alusivo ao fim inglório de uma tentativa malograda, com o seu saldo nefando de massacres de inocentes  - e de fugas desesperadas para destinos muita vez inóspitos - que tal monumento venha a ser discutido e negociado nas assépticas mesas do Palais de Nations !

          E de que há de servir a paz (com letra minúscula, senhor revisor do futuro!) senão para os lauréis dos vencedores, e dentre essas excelências não vejo nenhuma outra que igualar-se possa àquele a quem mais aproveita esse amargo Triunfo, sem palmas nem troféus, i.e. Vladimir Vladimirovitch Putin!                     

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