Comovente, não? Depois que o Leão
Bashar teve todo o tempo para exterminar os infelizes que não puderam fugir de
Aleppo, gospodin Putin acha que é
hora de discutir a paz...
Esta paz, no entanto, chegará tarde
para as famílias, as mulheres, e as crianças que foram trucidadas pela raiva
cruel dos exterminadores do presente na Síria, que castigam aqueles civis,
dependentes de civis e filhos de civis que, por sorte madrasta, não puderam
escapar do alcance, a um tempo covarde e criminoso, do ditador sírio, que retornou politicamente, depois de
sua quase morte virtual, salvo que foi não pelo rum creosotado, mas pelo atual
Chefe de todas as Rússias, Vladimir Vlamirovitch, que só agora, depois que as
tropas de al Assad puderam completar, a seu tempo e com todas as crueldades que
imaginar-se possa, a ação maldita da vingança primeva, que mata sem
vestígios de qualquer piedade os desafortunados que, ou acreditaram na
misericórdia do tirano, ou, pela sorte madrasta que persegue a gente
pequena, não tiveram outra opção senão a
de expor-se à perversidade e à estulta raiva de quem só pode ocupar-se de gente
indefesa e sem outra culpa que a estar do lado supostamente errado da contenda.
Mas não é hora de queixas nem de
lamúrias, pois o Senhor da Rússia pensa agora na paz, que será, por certo, uma
paz russa, garantidas as vantagens de sua tão bem direcionada intervenção.
No passado, as guerras eram lembradas
pelos cemitérios. Hoje Aleppo, com as suas ruínas, virou um Campo Santo, um
depósito de todos os infelizes que acreditaram na liberdade e em uma existência
melhor.
Termina, por ora, a insurreição síria,
e é por certo adequado que o monumento alusivo ao fim inglório de uma tentativa
malograda, com o seu saldo nefando de massacres de inocentes - e de fugas desesperadas para destinos muita
vez inóspitos - que tal monumento venha a ser discutido e negociado nas
assépticas mesas do Palais de Nations
!
E de que há de servir a paz (com
letra minúscula, senhor revisor do futuro!) senão para os lauréis dos
vencedores, e dentre essas excelências não vejo nenhuma outra que igualar-se
possa àquele a quem mais aproveita esse amargo Triunfo, sem palmas nem troféus,
i.e. Vladimir Vladimirovitch Putin!
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