Dolar forte é mau sinal?
A última revista Economist que está nas bancas e que é a
porta-voz natural de o que pensa a City de
Londres não traz boas notícias sobre o fortalecimento do dólar. A súbita
pujança do greenback seria mau signo para
a economia mundial.
E
o que se afigura mais contraditório é que a recente (e surpreendente) vitória
de Donald Trump nas eleições americanas, fez com que nas últimas três semanas
que se seguiram a tal infausta data, o dólar
estadunidense registrasse uma de suas maiores alças perante moedas de países
ricos.
Subiu 40% acima dos próprios baixios de
2008. E o yuan, para consternação dos
chineses, está no seu nível mais baixo para com o US$ desde 2008. A rúpia da Índia - que tem problema dela
próprios - caíu ao nível mais baixo de todos os tempos diante dos greenbacks.
No entanto, segundo a revista assinala,
faz anos que o dólar se vem reforçando. Contribui para tanto também a
especulação sobre o que fará o novel presidente americano. A maioria dos
investidores aposta que neste mandato de Trump, o deficit orçamentário
crescerá, seguido por altos juros. Tudo isso por causa da redução de impostos e o dispêndio maior de
Trump para reparar a infraestrutura estadunidense, que carece de urgentes
reparações.
Se o poderio dos Estados Unidos como
potência comercial esteja em aparente declínio (o número de países
para que os EUA é o maior mercado continua em baixa: esse total de
nações caíu de 44 em 1994 para 32,
passadas duas décadas). Sem embargo, a supremacia do dólar como meio de troca e
de entesouramento de valores continua imbatível.
Dessarte, uma zona do dólar de facto, que abrange os Estados Unidos e outros países cujas
divisas oscilam de acordo com a greenback
, compreende cerca de 60% da população mundial e também 60% do seu PNB.
Quando o valor do dólar
estadunidense sobe, também cresce o montante do custo de atender ao serviço das
respectivas dívidas contraidas em greenbacks.
É o caso dos países que tomam emprestado em US$ dólar. A consequência é que, em
muitos países, as condições de crédito tendam a ficar mais apertadas e mais
presas às contingências do dólar americano.
A esse propósito, segundo sublinha o
editorial do Economist, não é surpresa que alguns dos maiores
perdedores no que tange ao dólar estadunidense, se localizam em países como Brasil, Chile e Turquia, já sobrecarregados
pelo ônus de dívidas em dolar estadunidense.
Há também perigos potenciais para um dólar mais forte nos EUA. O déficit
comercial tenderá a crescer por causa desse
dólar que diminui as exportações e que incrementa as importações. Para Trump, o
déficit na balança é consequência de regras desfavoráveis às exportações
americanas, e por isso tencionaria estabelecer pesadas tarifas nas exportações
vindas da RPC e do México. Se o novel presidente seguir os seus instintos
protecionistas, as consequências seriam desastrosas para todos.
Segundo o Economist, se o US dollar continuar forte, poderia ser a pressão
protecionista contornada por ação
coordenada internacional. A revista
lembra o que se fez em 1985, com o Acordo do Plaza (EUA, Japão, Reino Unido,
França e Alemanha Ocidental), mas o editorial da revista o descarta, porque as
condições não semelham favoráveis, eis nenhum deles estaria interessado em
políticas monetárias mais severas.
Diante de tal quadro, a visão da
City se afigura pessimista. Os
mercados de ação nos EUA parecem demasiado confiantes. Ao revés, a economia
global está fraca e a força do dólar irá enfraquecê-la ainda mais. Será ?
A Crise chinesa afeta o Nordeste
Consoante a Folha assinala nesta segunda-feira, o Nordeste, como um todo,
enfrenta uma crise mais aguda nos seus principais indicadores econômicos e
financeiros do que restante do país.
Assim, a conjunção da renda
inferior à média nacional, dependência muito marcada de verbas públicas de
parte dos municípios, assim como falta de reajuste do Bolsa Família em 2015 - consequência por certo do declínio e queda
do governo petista de Dilma Rousseff - levaram no ano passado o desemprego na região a ficar em 14,1%, contra 11,8% no Brasil em geral.
Além disso, a economia nordestina encolheu cerca de 6% no acumulado em
doze meses.
A inflação nas principais capitais
do Nordeste desacelerou menos do que o
observado em outras regiões do Brasil. Nesse sentido, Salvador, Recife e
Fortaleza, com alta superior a 8% em doze meses, registram os piores índices
neste momento.
Essa carestia afetou, como seria
de esperar, as vendas no comércio da região, e a retração no mesmo período foi superior a 10%.
Como se tal não bastasse, a crise
regional se vê agravada pela estiagem, que já dura por um quinqüênio e vem
causando quebras de safras, reduzindo, por conseguinte, o poder de compra no interior rural.
( Fontes: The
Economist (December 3rd); Folha de S. Paulo )
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