sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Em marcha a recontagem

                    
            Nos estados de Michigan, Wisconsin e Pennsylvania,  a pedido da candidata do Partido Verde, Jill Stein, ou está já em processo, ou deve logo começar a recontagem.
       
        A reação do candidato até agora considerado vencedor no Colégio Eleitoral - perdeu, no entanto, por milhões de sufrágios no voto popular - vem provocando reações de surpresa nos democratas. Como alguém que declara não ter dúvidas sobre a legitimidade da respectiva vantagem no cômputo eleitoral, demonstre tanta inquietude e mesmo preocupação quanto à realização da recontagem, desvela   uma  contradição  de uma evidência bastante óbvia.                                                                                                                                                                                                                                                                       .         Em verdade, os delegados republicanos, pelos seus frenéticos esforços de sustar a recontagem, só contribuem para aumentar a suspicácia de que  tanta ansiedade deva ter alguma sólida razão para explicá-la de forma mais convincente de que as genéricas razões atinentes a supostos gastos com desnecessários propósitos.
          Na verdade, a recontagem foi lançada pela candidata Ms. Jill Stein, que empreendeu notável esforço para levantar  milhões de dólares. As suspeitas da candidata presidencial se devem notadamente à circunstância de que os três estados em tela - Wisconsin, Michigan e Pennsylvania - sempre votaram em eleições recentes por candidatos do Partido Democrata. Além disso, o candidato presidencial republicano venceu nesses estados por estreitíssimas margens, o que terá contribuído para aumentar as dúvidas e mesmo suspicácias quanto a possíveis  interferências abusivas.
           Por outro lado, a ansiosa reação do campo republicano levanta ainda mais suspeitas de eventual jogo sujo, além de  não refletir uma postura de confiança no resultado dessa recontagem, o que seria a postura a esperar de um partido que nada tenha feito de que possa envergonhar-se. Com efeito, o que o GOP está querendo é pôr uma pedra em cima dos trabalhos da recontagem das cédulas de votação, o que é oposto da atitude de quem nada fez de errado e, por conseguinte, nada tem a temer...
            Ora, se os republicanos não têm dúvidas sobre o triunfo de Trump nesses três estados, é estranhável a tática empregada de procurar sustar a contagem dos votos. É este o objetivo do Procurador-Geral do estado de Michigan, o republicano Bill Schuette, ao ponto de chegar à ridícula ameaça aos eleitores de que venham a provocar um gasto de milhões de dólares na recontagem, e ainda por cima percam a sua voz no Colégio Eleitoral.
              É difícil encontrar um argumento mais torpe do que este. Se a  recontagem dos votos em Michigan restabelecer a verdade eleitoral, com a vitória de Hillary Clinton, aí sim que o estado teria voz determinante no Colégio Eleitoral, vale dizer, afastada a burla da vontade popular, se restabeleceria a verdade eleitoral. Não seria decerto pouco.


( Fonte: The New York Times )                                                       

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