O que acaba de
acontecer com o Senado Federal, no que concerne à súbita mudança de orientação por
sua chefia interina, me faz pensar, uma vez mais, na pertinência do pensador do
Alvorada, quando disse para uma
estupefata audiência de dois, que não há nada de seguro no subdesenvolvi-mento.
Posto que
passados muitos anos, forçoso semelha reconhecer que por comportamentos
sucessivos, quem ousaria contrariar tal observação?
Pois a atitude
do petista Jorge Viana, ainda que respeitado Senador pelo estado do Acre,
semelha confirmar esse inquietante presságio, já encanecido por muitas crises e
muitos anos.
A crer as
últimas notícias, se vêem confirmados tais sombrios prognósticos, que sobreleva
ao interesse do Estado aquele do Partido. É o que vemos em decorrência do
afastamento de Renan, por liminar de Ministro do Supremo.
Saudada por
gregos e troianos como o advento de novos tempos, eis que o substituto surge com propósitos
partidários que semeiam suspicácia e sobretudo dúvidas.
Eis que o
sisudo Senador petista não é que pretende suspender votação do teto de gastos,
além de toda pauta de interesse do Governo, inclusive a Lei de Licitações e a
LDO?
Quando as
duas Partes se encaram como adversárias mais do que defensoras de opiniões
porventura discrepantes - mas que não esquecem o interesse que a todos
sobreleva, qual seja o da Nação - um retrocesso preocupante se apossa dos lados
contrapostos da Assembléia, que passam a ver a Outra Parte como inimiga, ao invés de contraparte. Se não reconhecem que há um
interesse maior, que aos demais preside, algo vai muito mal nessa República, a
começar pelo nome, que passa a designar interesses conflitantes e não reunidos
pelo público benefício, que deveriam obedecer ao diálogo e à composição - que
nos países civilizados sói ser o lema da política - e não a bruscas mudanças que custumam seguir
a bandeiras diversas, que, cegas pelo interesse da facção, não buscam compor e
sim contrapor a própria versão à postura anterior.
E a tal
ponto que, por vezes, o ódio da facção adversária esquece a necessidade de que
ambos os lados se componham - como costuma acontecer em plagas ditas
desenvolvidas.
A praga
do subdesenvolvimento está na personalização do poder, em confundi-lo como fim
perene, e não com a necessidade do diálogo que deve presidir em tais grêmios.
Foi por isso que estadista argentino lamentou a queda da monarquia no Brasil,
sobretudo por causa da longa e sábia presença do Imperador, que a outros interesses servia do que àqueles de
partido e de ganho imediato.
A
sofreguidão costuma ser má conselheira, e tende a produzir resultados tão
efêmeros quanto aqueles que ora levantam as hirsutas cabeças por trás das
ameias da anelada vingança. Que em geral costuma ser breve e, sobretudo,
amarga. Para quem, o dirão as Moiras.
( Fontes: Spot de O
Globo, Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário