terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Subdesenvolvimento político ?

                      
       O que acaba de acontecer com o Senado Federal, no que concerne à súbita mudança de orientação por sua chefia interina, me faz pensar, uma vez mais, na pertinência do pensador do Alvorada, quando disse  para uma estupefata audiência de dois, que não há nada de seguro no subdesenvolvi-mento.
        Posto que passados muitos anos, forçoso semelha reconhecer que por comportamentos sucessivos, quem ousaria contrariar tal observação?
        Pois a atitude do petista Jorge Viana, ainda que respeitado Senador pelo estado do Acre, semelha confirmar esse inquietante presságio, já encanecido por muitas crises e muitos anos. 
        A crer as últimas notícias, se vêem confirmados tais sombrios prognósticos, que sobreleva ao interesse do Estado aquele do Partido. É o que vemos em decorrência do afastamento de Renan, por liminar de Ministro do Supremo.
         Saudada por gregos e troianos como o advento de novos tempos, eis  que o substituto surge com propósitos partidários que semeiam suspicácia e sobretudo dúvidas.
         Eis que o sisudo Senador petista não é que pretende suspender votação do teto de gastos, além de toda pauta de interesse do Governo, inclusive a Lei de Licitações e a LDO?
         Quando as duas Partes se encaram como adversárias mais do que defensoras de opiniões porventura discrepantes - mas que não esquecem o interesse que a todos sobreleva, qual seja o da Nação - um retrocesso preocupante se apossa dos lados contrapostos da Assembléia, que passam a ver a Outra Parte como inimiga, ao invés de contraparte. Se não reconhecem que há um interesse maior, que aos demais preside, algo vai muito mal nessa República, a começar pelo nome, que passa a designar interesses conflitantes e não reunidos pelo público benefício, que deveriam obedecer ao diálogo e à composição - que nos países civilizados sói ser o lema da política  - e não a bruscas mudanças que custumam seguir a bandeiras diversas, que, cegas pelo interesse da facção, não buscam compor e sim contrapor a própria versão à postura anterior.
              E a tal ponto que, por vezes, o ódio da facção adversária esquece a necessidade de que ambos os lados se componham - como costuma acontecer em plagas ditas desenvolvidas.
              A praga do subdesenvolvimento está na personalização do poder, em confundi-lo como fim perene, e não com a necessidade do diálogo que deve presidir em tais grêmios. Foi por isso que estadista argentino lamentou a queda da monarquia no Brasil, sobretudo por causa da longa e sábia presença do Imperador, que a outros interesses servia do que àqueles de partido e de ganho imediato.         
                A sofreguidão costuma ser má conselheira, e tende a produzir resultados tão efêmeros quanto aqueles que ora levantam as hirsutas cabeças por trás das ameias da anelada vingança. Que em geral costuma ser breve e, sobretudo, amarga. Para quem, o dirão as Moiras.


( Fontes:  Spot de O Globo, Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: